Francisca Jorge, Maria Inês Fonte, Cláudia Cianci e Ana Filipa Santos. São estas as quatro eleitas da capitã Neuza Silva para o “ataque” ao Grupo 2 da Zona Euro-Africana da Fed Cup que se vai jogar no Luxemburgo, entre 6 e 9 de fevereiro.
Com duas estreantes e apenas uma jogadora com encontros disputados com as quinas ao peito, esta é a seleção menos experiente desde 1991, quando Tânia Couto e Sofia Prazeres (que entretanto se tornou na recordista de vitórias, com um registo de 30-19) viajaram para Nottingham, no Reino Unido, sem qualquer experiência na competição.
Ausentes? Na verdade, há poucas. Inês Murta é a grande baixa, por motivos de força maior: está lesionada. De resto, Michelle Larcher de Brito e Maria João Koehler — as duas melhores jogadoras portuguesas de todos os tempos (e que tanto contribuíram para a equipa nacional) — terminaram as respetivas carreiras em fases diferentes de 2018, já depois do ténis português ter perdido nomes como Bárbara Luz, Rita Vilaça e Margarida Moura, todas elas jogadoras da Fed Cup em anos recentes.
O ténis feminino nacional atravessa uma fase de renovação que aliás se reflete e muito nesta convocatória (a quarta de Neuza Silva no comando da equipa), resultando numa média de idades de 19,5 — a sétima mais baixa desde o ano de 2000.
Francisca Jorge, a bicampeã nacional absoluta
Natural de: Guimarães
Data de nascimento: 21 de abril de 2000 (18 anos)
Mão dominante: Direita (esquerda a duas mãos)
Aprendeu a jogar ténis no Clube de Ténis de Guimarães e só deixou a cidade berço para integrar a equipa residente do Centro de Alto Rendimento, onde treina com Neuza Silva, Rui Machado, Gonçalo Nicau e Hugo Anão.
Se nos tempos que antecederam a mudança para o Jamor, em Oeiras, era vista como uma grande promessa do ténis português, desde aí afirmou-se: nos últimos dois anos venceu o Campeonato Nacional Absoluto quer em singulares, quer em pares (juntando esses aos títulos de campeã nos escalões de sub 12, 14, 16 e 18) e também levantou os primeiros troféus de campeã no circuito profissional, graças a duas semanas invictas no Lousada Ténis Atlântico.
Foi nesse palco que iniciou aquela que é a maior série de vitórias da carreira, aumentada para 18 este fim de semana graças à conquista do Masters Seniores FPT.
Tem como melhor ranking alcançado no circuito profissional o 549.º posto, mas devido às novas regras é atualmente a 647.ª.
Na Fed Cup: a participação de 2019 será a terceira da ainda curta mas já bem promissora carreira. Se a primeira convocatória se fez de três encontros de pares, a segunda viu-a participar em cinco encontros e obter a primeira vitória, ainda assim insuficiente para Portugal conseguir a manutenção.
Maria Inês Fonte, a jovem a manter debaixo de olho
Natural de: Maia
Data de nascimento: 1 de fevereiro de 2002 (16 anos)
Mão dominante: Direita (esquerda a duas mãos)
A Escola de Ténis da Maia foi e continuará a ser a sua casa, como aliás comprovou ao desempenhar um papel fundamental na conquista do primeiro título nacional de equipas da 1.ª divisão da história do clube, em dezembro.
Também ela viajou muito cedo para integrar a equipa do Centro de Alto Rendimento e apesar da tenra idade — e de ainda conciliar o ténis com o ensino secundário — já se afirmou como uma das melhores jogadoras nacionais, tendo inclusive disputado a final de singulares da última edição do Campeonato Nacional Absoluto, que só perdeu para aquela que um ano antes tinha sido a sua parceira de pares numa campanha que só terminou com o troféu mais importante nas mãos.
Aspetos técnicos como a movimentação e o serviço e a garra que apresenta em court impressionaram o conceituado Frederico Marques quando o treinador a observou pela primeira vez na edição de 2017 da prova rainha do ténis português.
No final da última época foi a 1077.ª da tabela classificativa, mas perdeu a classificação quando as novas regras foram implementadas. é a líder da classificação nacional.
Na Fed Cup: a primeira chamada à Fed Cup aconteceu em 2018, mas não chegou a entrar em campo. Se o tivesse feito, teria sido a segunda mais jovem de sempre a jogar com as cores portuguesas, só atrás de Maria João Koehler (que o fez aos 15 anos e 3 meses de idade).
Cláudia Cianci, a portuguesa com sangue italiano e treinos espanhóis
Natural de: Milão (Itália)
Data de nascimento: 7 de junho de 1996 (22 anos)
Mão dominante: Direita (esquerda a uma mão)
Nasceu em Itália mas não demorou a vir para Portugal, fruto da vontade dos pais de sairem do país de origem. Uma vez instalada começou a dar os primeiros passos do ténis e refere o treinador Sérgio Moura (com quem trabalhou durante 10 anos) como o que mais a formou como jogadora e pessoa.
Depois, fez do Clube Escola de Ténis de Oeiras e da Cunha e Silva Tennis Academy sua casa durante quatro anos, quando já competia no circuito internacional. Até que, em janeiro de 2018, viajou até ao país vizinho para integrar a Pancho Alvariño Tennis Academy, em Valência, onde trabalha com a ex-top 200 Beatriz Garcia-Vidagany, responsável pelo grupo feminino senior.
Em novembro de 2018 alcançou as meias-finais de singulares do Campeonato Nacional Absoluto, só perdendo para a futura bicampeã (e agora colega de equipa) Francisca Jorge, e começou a nova época com a sua melhor classificação de sempre: o 846.º posto. Foi vice-campeã nacional de pares mistos em 2017 e 2018, em ambos os casos ao lado de Gonçalo Pereira.
Na Fed Cup: Cláudia Cianci é, aos 22 anos, uma das duas estreantes na competição. Em declarações ao Raquetc, a tenista portuguesa revelou ter ficado surpreendida com a convocatória e já apresentou um discurso de jogadora da seleção nacional.
Ana Filipa Santos, a licenciada
Natural de: Santiago do Cacém
Data de nascimento: 12 de fevereiro de 1996 (22 anos)
Mão dominante: Direita (esquerda a uma mão)
Os primeiros passos foram dados no Clube de Ténis de Montemor-o-Novo e desde aí já passou por vários courts. Nos dias de hoje joga pelo Clube de Ténis Paço do Lumiar mas é com a equipa da LX Team que treina — e em especial com os treinadores Ricardo Tomé e Vasco Martins.
Concilia o ténis com os estudos e já é licenciada em Engenharia de Micro e Nanotecnologias pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa. Mas não se quis ficar por aqui e por isso está quase a terminar o mestrado. Depois disso, e com o “Plano B” conquistado, quer dedicar-se a 100% àquilo que mais gosta de fazer .
É o quarto nome da equipa portuguesa e o quarto nome das meias-finais da última edição do Campeonato Nacional Absoluto, onde ofereceu muita resistência antes de cair perante Maria Inês Fonte. Tal como ela, também perdeu o ranking no último dia do ano de 2018 (o 1038.º lugar alcançado em outubro foi a sua melhor classificação).
Na Fed Cup: completa a metade da equipa que se vai estrear este ano com a camisola da seleção nacional, feito que em declarações ao Raquetc descreveu como o “concretizar de um dos maiores sonhos” que a deixou “eufórica”.