Desigualdades e mudanças nas regras dão origem a descontentamento dos jogadores

Depois de vários elogios pelos cuidados apresentados na chegada a Melbourne, várias dezenas de jogadores foram informados de que teriam de ficar numa quarentena total ao longo dos próximos 15 dias devido a três casos positivos de covid-19 e o caos instalou-se. Com recurso às redes sociais, foram várias as estrelas da modalidade que, nas horas seguintes, tecerem críticas à organização.

Na generalidade, e colocando de parte a desilusão que é natural ao conhecer uma decisão como a que está em causa, a maioria dos jogadores diz compreender a necessidade de ficar em quarentena após ser detetado um caso positivo de covid-19. O que os tenistas repugnam é uma alegada “alteração nas regras”, bem como a mais fácil de confirmar desigualdade no tratamento aos jogadores.

“Tomámos a decisão de vir aqui com base nas regras que nos foram enviadas. Depois chegámos e recebemos um livro de informações com mais e novas regras que desconhecíamos”, explicou a número 12 mundial, Belinda Bencic, no seu perfil no Twitter. Como ela, são cada vez mais as jogadoras e jogadores que apontam uma alteração nas regras, alegando que lhes tinha sido dito que os aviões seriam divididos em secções e que no caso de haver um teste positivo só seria isolada a secção correspondente.

“Não estamos a reclamar por ficar de quarentena. Estamos a reclamar em relação às condições diferentes antes de torneios bastante importantes”, acrescentou a tenista suíça sobre as “permissões especiais” a que os melhores dos melhores têm acesso numa outra cidade, Adelaide, para a qual puderam viajar com mais elementos da equipa técnica (e até familiares) e onde têm acesso ao ginásio durante 24 horas por dia, em vez dos 90 minutos a que os jogadores estão autorizados em Melbourne.

No Twitter, Bencic também partilhou duas mensagens publicadas por Sorana Cirstea: Não tenho quaisquer problemas em ficar 14 dias no quarto a ver Netflix. Acreditem que é um sonho tornado realidade, são umas férias [pagas]. O que não podemoa fazer é competir depois de ficarmos 14 dias no sofá. Este é o problema, não a regra da quarentena”, escreveu a romena, que aproveitou para recordar uma declaração de Craig Tiley, diretor do Australian Open, de outubro. “Se um jogador tiver de fazer quarentena e ficar preso no quarto de hotel durante duas semanas antes de começar a época, não vai acontecer. Não podemos pedir aos jogadores que fiquem de quarentena durante duas semanas e depois estejam prontos a jogar um Grand Slam.”

As vozes de Bencic e Cirstea são apenas duas das que nas últimas horas se têm feito ouvir desde Melbourne, com a ucraniana Marta Kostyuk a recorrer a um direto na rede social Instagram com a espanhola Paula Badosa para expor o seu desagrado com a situação e a belga Kirsten Flipkens a manifestar solidariedade com as companheiras de profissão. A tenista de 35 anos diz que, pelo menos por agora (ainda não conhece o resultado do teste), não faz parte de um dos “voos infetados”. Contudo, recorreu à rede social para afirmar que “duas semanas num quarto de hotel sem qualquer treino é de loucos para esses jogadores. Ou todos deviam fazer quarentena por duas semanas, ou o Australian Open devia ser atrasado por uma semana.”

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