Entre distanciamento e (muita) tecnologia, eis o ténis em plena era de pandemia

Na Alemanha, uma localidade com 10.000 habitantes foi o palco escolhido para o regresso do ténis. Nos Estados Unidos da América, um court isolado foi a solução encontrada para juntar quatro jogadores do top 60 mundial. Na Bielorrússia, para além do ténis de alto nível houve algum público. É o regresso — ainda que tímido — de um desporto globalizado, que tem na sua maior característica um novo inimigo.

Com os circuitos internacionais interrompidos desde 12 de março e congelados até, pelo menos, 13 de julho, surgem, pouco a pouco, as primeiras tentativas de regresso que acompanham os diferentes ritmos de retoma da modalidade em vários países, um mais recuperados do que outros da pandemia que colocou o planeta do avesso.

O primeiro torneio da rentrée — o Tennis Channel, que tem assegurado grande parte dos direitos de transmissão, está a chamar-lhe “(Re)Open” — aconteceu na pacata cidade de Hohr-Grenzhausen, a 100km de Frankfurt, na Alemanha, e coroou o ex-top 100 Yannick Hanfmann (atual 143.º) como campeão.

O alemão nem era o principal favorito à vitória no Tennis Point Exhibition Series, que tinha no sempre acrobata Dustin Brown a principal figura de cartaz, mas conseguiu vencer o compatriota por 4-2 e 4-0 na final do primeiro de três eventos. O segundo acontece já este fim de semana e o terceiro e último no seguinte. Um pormenor importante: todos são disputados à melhor de três short sets, ou seja, até aos 4 jogos (e não 6), com um tie-break em caso de igualdade aos 3 e sem vantagens.

Para casa, Hanfmann levou um troféu recheado de humor: uma bola de ténis assinalada com o número “1” e um rolo de papel higiénico.

Numa semana em que foram tomadas variadíssimas precauções para evitar o contágio, com destaque para a ausência de apanha-bolas e juízes de linha, o registo mais partilhado acabou por ser o de Benjamin Hassan (354.º ATP), que muito provavelmente se tornou no primeiro tenista da história a competir com uma máscara.

A pouco mais de 1.600km de distância, em Minsk, na Bielorrússia, uma realidade totalmente diferente: no país em que o futebol não parou e o presidente, Alexander Lukashenko, aconselhou aos cidadãos “100 mililitros de vodka por dia” e “uma sauda duas ou três vezes por semana” para acabar com o coronavírus, algumas das maiores estrelas reuniram-se para uma exibição de luxo que até com público contou.

Na final do torneio feminino, a número 11 mundial Aryna Sabalenka derrotou a Aliaksandra Sasnovich (atual 119.ª, mas top 30 em setembro de 2018) por 4-1, 0-4 e 4-3(5). A final masculina foi ganha por Ivan Liutarevich (882.º) ao já retirado Dzmitry Zhyrmont (ex-201.º), com parciais de 3-4(4), 4-0 e 4-3(11).

Para além da presença de algum público (crianças incluídas) na jornada decisiva, a exibição também se destacou pela presença de juízes de linha, que tal como o árbitro de cadeira estiveram sempre de máscara.

Do outro lado do mundo, começou nos Estados Unidos da América um torneio de exibição que reúne quatro jogadores do top 60 ATP. O UTR Pro Match Series tem como palco um court isolado em West Palm Beach, na Flórida, e conta com o apoio da fundação de Novak Djokovic.

Hubert Hurkacz (29.º), Reilly Opelka (39.º), Miomir Kecmanovic (47.º) e Tommy Paul (57.º) são as estrelas do primeiro evento, que tem apenas um operador de câmara no court (as restantes são controladas remotamente) e um drone a sobrevoar o campo durante todo o encontro para dar novos ângulos à realização.

Na segunda metade do mês (entre 22 e 24 de maio) o mesmo court vai receber um mini-torneio feminino sob o mesmo formato — fase de grupos nos dois primeiros dias e final no terceiro) — com Amanda Anisimova, Danielle Collins, Alison Riske e Ajla Tomljanovic.

Ponto comum às restantes exibições: no final dos encontros, os jogadores substituíram o tradicional cumprimento por um “choque de raquetes”.

 

E este é só o início: para as próximas semanas estão marcados mais eventos de exibição com especial destaque para o continente europeu.

Na Áustria, Dominic Thiem será a grande estrela de um torneio com mais de 150 mil euros em prémios e em França o treinador Patrick Mouratoglou já fez saber que quer reunir várias figuras do circuito mundial na sua academia, perto de Nice.

Em abril, o técnico de Serena WilliamsStefanos Tsitsipas (partilha os “deveres” com o pai do tenista grego) revelou que a ideia era começar o Ultimate Tennis Showdown no fim de semana de 16 e 17 de maio, mas entretanto adiou o começo em quatro semanas. Em contrapartida, juntou ao cartaz — que já incluía David Goffin — os nomes de Lucas PouilleDustin Brown.

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