Ana Catarina Nogueira, a melhor jogadora de padel da história do país, criticou, este sábado, a decisão tomada pela Federação Portuguesa de Padel (FPP) de renunciar à participação no Campeonato da Europa e no Campeonato do Mundo da presente temporada.
Nas redes sociais, a portuense de 42 anos admitiu ser “difícil ficar indiferente” à situação e salientou que “por um diferendo alheio aos jogadores, a Federação Portuguesa de Padel não inscreveu as suas seleções nacionais no Campeonato da Europa e do Mundo”, uma “decisão infeliz que prejudica as seleções nacionais, todos os jogadores, o presente e futuro do padel português.”
Na mensagem, que foi a primeira de um profissional de padel em relação à decisão da FPP, Ana Catarina Nogueira acrescentou que “para mim e penso que para a maioria dos jogadores da seleção nacional é triste e frustrante não podermos representar o nosso país e revoltante por não compreendermos esta situação“, antes de afirmar que “há jogadores que nada dizem por receio e eu própria hesitei muito em escrever este texto, mas há momentos em que a consciência fala mais alto e uma vida dedicada ao desporto ensinou-me que há valores dos quais nunca devemos prescindir, entre os quais integridade, respeito, honestidade, trabalho, dedicação.”
Na segunda metade da publicação, a atual número 26 do ranking mundial (que chegou a ocupar o sexto posto) disse ser “inegável o trabalho que a FPP fez pelo padel em Portugal” e recordou que a camisola que utiliza em competição “tem o logótipo da Team FPP, simboliza um plano de apoio aos atletas de alta competição que a Federação desenvolveu com o imprescindível apoio do IPDJ [e] é um logo que simboliza um país e uma instituição que represento com o máximo orgulho”, mas concluiu afirmando que “não participar nas maiores competições europeias e mundiais é abdicar de anos de trabalho, é apagar horas e horas de treino, é desistir de um dos principais objectivos da época sem poder fazer nada, é retirar a possibilidade de competirmos com os melhores, é eliminar a tentativa de alcançarmos o pódio e de elevar o nome de Portugal num desporto onde somos bons, é tirar o sonho a qualquer atleta…”
Nas primeiras horas após ser publicada, a referida publicação recebeu centenas de reações e mensagens de apoio nas duas plataformas (Instagram e Facebook), entre as quais várias assinadas por colegas de profissão de Ana Catarina Nogueira.
Recentemente, numa entrevista ao jornal Público, o o presidente da Federação Portuguesa de Padel, Ricardo Oliveira, explicou que a ausência de Portugal do Campeonato da Europa resultou da preferência pelo Europeu organizado pela FEPA, uma associação que não é reconhecida pela Federação Internacional de Padel (FIP) e que no final de 2019 organizou em Lisboa a primeira edição do “seu” Campeonato da Europa. Em relação ao Campeonato do Mundo, marcado para o Qatar em novembro, o responsável federativo explicou ao mesmo jornal que a decisão foi tomada “por não querer colocar as jogadoras em perigo” num país em que “batem nas mulheres até à morte.”