FUNCHAL — Ao segundo dia de ténis na Quinta Magnólia ficaram a ser conhecidos os nomes dos oito jogadores que se vão juntar a 16 compatriotas no quadro principal de singulares do Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto.
O primeiro jogador a seguir em frente foi Valentin Carvalho, do Clube de Ténis de Viana, que curiosamente foi, também, o que menos trabalho teve: aplicou uma “bicicleta” (6-0 e 6-0) ao madeirense Pedro Quintal, do CD Nacional.
Poucos minutos depois juntou-se a ele Pedro Alves, do Tennis Lovers Boavista, que com os parciais de 6-2 e 6-2 passou por outro jogador “da casa”, Paulo Silva (CD Nacional).
Numa jornada em que todos os encontros foram resolvidos em dois sets, o duelo mais equilibrado foi o que colocou frente a frente João Graça (Clube de Ténis de Tavira) e Rodrigo Carvalho (Clube de Ténis do Estoril), com o algarvio a precisar de 2h20 para sobreviver a um duelo extremamente bem disputado de parte a parte, e sempre pautado pelo equilíbrio. 7-6(3) e 7-6(2) foram os parciais do duelo, que só contou com dois breaks (ambos no primeiro set).
João Graça vs. Rodrigo Carvalho, 2R qualifying Campeonato Nacional Absoluto:
Publicado por Raquetc em Domingo, 15 de setembro de 2019
A jogar pela primeira vez a prova mais importante do calendário nacional, João Graça não escondeu a ansiedade natural. “Estava um bocadinho nervoso porque queria e quero jogar bem mas acho que foi um bom jogo contra um adversário difícil. Dos que me podiam ter calhado no sorteio era um dos mais difíceis mas estava muito motivado e consegui entrar bem. Estivemos sempre taco a taco, depois tive de salvar dois set points no meu serviço e quando chegámos ao tie-break estive sempre por cima”, começou por analisar. “Depois o segundo set foi muito parecido, outra vez com muito equilíbrio até que eu abri logo o 3-0 no tie-break e consegui gerir a vantagem.”
Com o ensino secundário concluído, o jovem algarvio fez a candidatura ao ensino superior — nas áreas de economia e gestão — e diz-se “cada vez mais motivado” para continuar a construir a carreira. “As semanas que tenho feito nos torneios do circuito ITF têm ajudado, são uma motivação extra e fazem-me chegar aqui com mais ritmo. Tenho treinado com o Fred Gil e o Fábio Coelho e é muito bom tê-los a motivar-me, ajuda-me a sentir-me a melhorar a cada semana que passa.”
Se para João Graça esta se trata da primeira aventura da carreira no Campeonato Nacional Absoluto, do outro lado do court esteve um adversário que viveu a experiência pela primeira vez há exatamente 10 anos.
Entretanto, muito mudou e Rodrigo Carvalho é, agora, piloto. “Cheguei de São Francisco, que são 13 horas de voo e oito horas de diferença horária, às 13h30 de quarta-feira e às 15h estava no Estoril a treinar para vir para aqui. Treinei quarta, quinta e sexta-feira e à última hora decidi viajar, nem me tinha inscrito no torneio por isso vim cá assinar para jogar o qualifying”.
A chave para conciliar uma profissão tão exigente com tempo para pisar o court? “Muita paixão pelas raquetes” e força de vontade — as mesmas que aos 17 anos o fizeram recuperar de uma hérnia discal, voltar 18 meses depois e conseguir “os melhores resultados que acabei por ter enquanto miúdo.”
Nos tempos de júnior, Rodrigo Carvalho integrou as seleções nacionais (já o tinha feito no escalão de sub 16) e conseguiu ser vice-campeão nacional de singulares, chegar à final de singulares do torneio internacional de Vila do Conde e ganhar a competição de pares na Foz (ao lado de Francisco Dias), entre outros resultados que o fizeram sonhar com uma carreira de profissional.
Só que ao ténis juntou-se a faculdade e a vida levou-o a mudar de rumo, primeiro com a candidatura ao curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e depois com o curso de aviação que se transformou na profissão — sem surpresas, ou não viesse ele de uma família de aviadores e não a tivesse como uma grande paixão.
Sobre o jogo, fez uma análise semelhante à do adversário. “O João entrou melhor, está mais rodado do que eu, eu ainda consegui ter dois set points no serviço dele mas não os consegui aproveitar e a partir daí o jogo mudou, ele fez o que lhe competia e foi claramente mais forte quando chegámos ao tie-break. Conseguiu ter mais iniciativa, jogar melhor e no segundo, já com muito calor e algum cansaço, as bolas muito desgastadas e sendo mais difícil de as controlar, o jogo foi muito dominado pelos serviços. Não houve break points e ele voltou a assumir e entrar melhor no tie-break é fundamental, portanto não tremendo acabou por ganhar.”
Quanto às vitórias madeirenses, chegaram já na segunda parte do dia e em dois encontros entre jogadores do arquipélago: no primeiro, Nuno Bernardino (Ferraz TC) impôs-se perante Hector Teixeira (CD Nacional) com 6-2 e 6-3; no segundo, João Henrique Câmara (Ferraz TC) superou Hugo Gouveia (Ludens CM), por 6-2 e 7-5.
E porque o sorteio dos quadros principais de singulares aconteceu no início da tarde os jogadores não tiveram de esperar muito para conhecerem os primeiros adversários na nova “aventura”, que tem início marcado para as 11h desta segunda-feira.
Na competição masculina, Frederico Gil é o primeiro cabeça de série (está isento da eliminatória inaugural) e até pode começar logo por defrontar um qualifier, caso Miguel Gomes ultrapasse o wild card Daniel Batista. O segundo favorito é Tiago Cação e ele sim, já tem confirmado duelo com um jogador proveniente da fase qualificatória, uma vez que fica à espera do vencedor do duelo entre João Graça e Gustavo Pelixo. Curiosamente, e ainda nessa secção do quadro, há mais um duelo entre dois tenistas nessa condição — Fernando Gouveia contra Nuno Bernardino.
No quadro feminino, onde não houve necessidade de se jogar o qualifying, o destaque vai para a possibilidade de Francisca Jorge e Maria Inês Fonte (as finalistas da edição transata) se poderem defrontar numa das meias-finais. Matilde Jorge (quarta cabeça de série) e Inês Murta (segunda) são as jogadoras mais cotadas na metade inferior da grelha.