Do “ingrediente secreto” ao final (in)feliz, Gastão Elias em discurso direto na véspera de mais uma final

OEIRAS — Um mês e meio depois, Gastão Elias voltou a qualificar-se para a final de um torneio Challenger no Jamor, desta vez ao beneficiar da desistência de Nuno Borges durante o primeiro encontro do dia. De volta à sala de conferências de imprensa, o tenista português de 30 anos falou de tudo um pouco, desde o “ingrediente secreto” com que abordou o duelo, ao momento que marcou o frente a frente e, claro, o derradeiro adversário no Oeiras Open 4.

“Felizmente estou na final, infelizmente não da forma mais desejada. Nem para mim, nem para os portugueses, nem para os adeptos do ténis. Nunca é positivo quando alguém não consegue terminar o jogo porque está lesionado, mas é algo a que estamos sujeitos em alta competição e também já me aconteceu algumas vezes ter de abandonar encontros a meio por causa de uma lesão. É uma sensação agridoce, mas fico feliz por ter mais uma oportunidade de competir e ir atrás do título”, afirmou na abertura da quarta conversa da semana com os jornalistas.

O duelo deste sábado foi o quinto em torneios internacionais entre Gastão Elias e Nuno Borges e o segundo em 2021, seis semanas depois do maiato ter levado a melhor também numas meias-finais e precisamente neste palco, por isso o mais velho dos dois portugueses sabia que tinha de entrar no court com “algo na manga” para procurar outro resultado.

“Mesmo que tivesse perdido em dois sets ia sair do court mais feliz porque alterei uma coisa ou outra taticamente. Apesar de no último ter perdido em três sets e ter parecido mais equilibrado, hoje descobri umas soluções para futuramente usar contra o Nuno. No primeiro set senti algumas dificuldades e ele foi superior. No segundo começou melhor, mas a meio comecei a sentir-me melhor, mais ativo e mais no controlo porque senti que estava a conseguir contrariar o estilo de jogo dele. Podia não ter ganho o set, mas pelo menos senti que já estava num ascendente e se o levasse a um terceiro set, como acabou por acontecer, tinha grandes possibilidades de sair com a vitória. No geral foi bastante positivo”, explicou.

Sem querer ir ao pormenor, Elias acrescentou que para defrontar o jovem compatriota é preciso “variar o máximo possível porque em jogo reto ele é bastante forte, mas mesmo assim é difícil porque ele não te deixa jogar um jogo típico de terra batida. A esquerda é muito chapada, salta pouco e ele tem todo o mérito, porque há muito pouca gente a conseguir fazer o que ele faz. Sempre achei que quando fossemos jogar em terra batida eu ia ter alguma superioridade por achar que ele não ia conseguir fazer tão bem o que faz em piso rápido, mas a verdade é que tem-se mostrado muito consistente e o meu jogo de variações não o tem afetado muito. [Mas hoje] houve ali uma coisa tática que senti que me ajudou.”

Depois dos elogios ao adversário — pelo meio concordou ter tido pela frente “o melhor servidor da história do ténis português” —, o tenista natural da Lourinhã contou que apesar de ter o Oceano Atlântico a separá-lo do treinador, Guilherme Balboa, faz dois telefonemas por dia (“à noite para preparar o jogo, de manhã para reforçar e discutirmos um bocadinho”) e que confia no técnico brasileiro para fazer o trabalho de casa, isto é, rever encontros dos adversários.

Será, por isso, essa a estratégia na véspera do derradeiro encontro da semana, frente a Holger Rune. O dinamarquês de 18 anos qualificou-se para a primeira final da carreira no circuito Challenger e já é bem conhecido por Gastão Elias, que o venceu na final do ITF de 25.000 dólares de Villena, no início da época, e esta semana já partilhou o court com o ainda número um mundial de juniores para duas sessões de treino.

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