OEIRAS — Passo a passo, degrau a degrau, Nuno Borges continua a subir no ranking e apenas dois dias depois de ter entrado pela primeira vez no top 300 confirmou uma nova ascensão que o coloca cada vez mais perto de atingir um dos principais objetivos a curto prazo: disputar pela primeira vez o qualifying de um torneio do Grand Slam. E se ainda não pensa em Wimbledon, já os tem na mira — até porque são cada vez mais uma realidade.
“Se entrar em Wimbledon claro que vou, mas não penso nisso”, respondeu esta quarta-feira, depois de somar a terceira vitória sobre um top 100 em poucas semanas para adicionar 25 pontos ATP à “carteira” e subir provisoriamente à 275.ª posição do ranking virtual. Sem querer olhar para lá do que está ao seu alcance, Nuno Borges mantém-se tímido na abordagem aos quatro maiores torneios do calendário, mas se durante os dois ATP Challenger 50 que a Federação Portuguesa de Ténis organizou ainda falava do Australian Open, agora já pisca (discretamente) o olho aos dois últimos da atual temporada.
Pouco depois insistiu, já entre sorrisos, que não está preparado para ir até Londres, até porque não tem equipamentos que cumpram os requisitos apertados do All England Club. “[Brancos] só tenho os calções e mesmo assim têm aqui uma parte prateada que se calhar já está para lá dos limites. A dos juniores é uma história engraçada… Na altura a HEAD não me conseguiu fornecer roupa branca e os pólos que tinha não eram suficientemente brancos, por isso fui a uma Sports Direct dois dias antes e comprei dois pólos de golfe da Dunlop. Até usei a tinta das cordas para pintar os pontos pretos que tinha, mas não me deixaram usá-las e tive de ir às compras.”
Num registo mais sério, Nuno Borges revelou ter ficado “muito feliz” com a vitória em dois sets frente a Pedro Martínez, número 99 mundial. “Já o conhecia desde os tempos dos Campeonatos da Europa e por isso tinha uma ideia de como jogar contra ele. Ontem também vi um bocadinho do encontro contra o João Domingues e estou muito feliz porque consegui fazer um bom jogo e manter-me positivo do início ao fim. Entrar a ganhar por 4-0 ajudou, sem dúvida que ajudou, mas depois estava à espera que ele subisse o nível a um certo ponto, como se fosse um desespero final, e consegui manter-me agressivo para fazer as minhas pancadas e felizmente correu bem.”
Apurado para os quartos de final de um torneio desta dimensão pela primeira vez na carreira, o jogador da Maia vai ter pela frente mais um adversário responsável pela eliminação de um português: Facundo Bagnis, que esta quarta-feira recuperou da desvantagem de um set para superar Frederico Silva e que em 2019 foi finalista dos Challengers de Braga e Lisboa. “Já o vi por aí e hoje vi um pouco do encontro dele. Sei que vai ser um encontro muito duro e vou pôr-me à prova mais uma vez.”