Francisca Jorge lamenta: “Tive as minhas oportunidades e não consegui ser feliz”

Sara Falcão/FPT

OEIRAS — A número um portuguesa, Francisca Jorge (464.ª do ranking WTA), esteve perto de um apuramento inédito para a terceira ronda de um torneio de 60.000 dólares no Oeiras Ladies Open, mas permitiu a reviravolta da mais cotada opositora Daria Snigur (214.ª). No final, a vimaranense passou pela sala de conferências de imprensa do torneio para fazer o rescaldo não só do embate como também da participação no evento, onde conquistou a primeira vitória da carreira na categoria.

“Foi um jogo duro, ela é uma adversária bastante competitiva, mas senti que tive as minhas oportunidades e não consegui ser feliz. Mérito dela, se calhar também não fui tão determinante em pontos que me podiam dar mais vantagem, especialmente no segundo set. Entrei nervosa, ela a jogar tranquila, a fazer as suas coisas e eu a não conseguir produzir tanto, mas agarrei-me ao resultado, estava presente, não me deixei levar pelo marcador e não desisti, agarrei-me ao momento e consegui até dar a volta no primeiro e tive oportunidade para ganhar vantagem no segundo parcial. Não fui tão feliz e isso se calhar tirou-me um bocadinho de ânimo e deu-lhe margem para ganhar vantagem no segundo e ali no terceiro sets”, lamentou a jovem vimaranense de 20 anos.

“Já estava a sentir um bocado de dores desde o início, até mesmo antes de entrar para o campo, mas claro o jogo torna-se mais duro, eu começo a ficar mais cansada, a sentir mais a respiração e na zona do abdominal comecei a sentir, agarrei-me às dores, é normal, o resultado começou a fugir e se calhar comecei a sentir mais as dores. Também deixei de acreditar que era possível e depois foi mérito dela, que jogou bem no terceiro set“, acrescentou a tenista de 20 anos, que foi assistida durante o último parcial, ainda que tenha garantido que a lesão não é grave e que não influenciou o resultado final.

Daria Snigur, campeã júnior em título em Wimbledon (venceu a edição de 2019 e a de 2020 não se realizou), é uma jogadora que gosta de cadência, pelo que Francisca Jorge optou por algumas variações no ressaltado de bola, sobretudo na partida inaugural: “Senti que ela era agressiva e que conseguia impor bastante ritmo principalmente de bola baixa e senti que não era de bola batida com ela que ia tirar vantagem, então tentei variar mais, puxá-la mais para trás, bola mais alta para tirar ritmo e poder pegar eu quando conseguisse. Mas, lá está, se calhar essa versatilidade não é tão positiva porque depois agarro-me demasiado a essas opções e quando tenho de ser mais agressiva, se calhar porque não estou tão confiante, já não vou tão determinada. Acho que pequei um pouco por isso, podia ter sido mais agressiva e determinada nalguns pontos, mas é mais uma aprendizagem. Estou no caminho certo. Jogar na terra batida não era um sítio em que eu tivesse muito à vontade e acho que estou a conseguir jogar melhor. Tenho de apoiar-me nisso e tirar mais prazer do que estou a conseguir nos próximos torneios”.

“Senti que hoje era possível”, lamentou a tenista do CAR, que ainda joga pares nesta competição ao lado de Inês Murta. Nos singulares, o foco é ambicioso para os tempos que se avizinham. “Gostava de tentar ameaçar ali o top 300, top 250. Acho que já é um ranking que me permite jogar melhores torneios e se eventualmente conseguir é sinal de que estou a ganhar nível, a crescer e posso jogar melhores torneios, que também vão permitir ganhar mais pontos e atacar os Grand Slams, isso é que era o sonho, o objetivo digamos. Este ano não acredito que seja possível, mas para o ano já gostava de atacar Roland-Garros”.

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