Desde que a Era Open arrancou, em 1968, foram poucas as vezes em que as organizações dos torneios do Grand Slam se defrontaram com a pesada tarefa de desqualificar um jogador, mas o cenário, ainda que raro, acontece. O caso de Novak Djokovic foi o quinto no que diz respeito à variante de singulares — e o primeiro no US Open.
A primeira desqualificação de que há registo na Era Open data de 1990 — e era a mais famosa de todas até ao episódio da última noite, que promete oferecer concorrência em termos de mediatismo.
A 21 de janeiro de 1990, John McEnroe foi desqualificado do Australian Open. O carismático, irreverente e sempre imprevisível tenista norte-americano já tinha recebido duas violações do código de conduta (primeiro por intimidar uma juíz de linha, depois por partir uma raquete — o que lhe valeu a perda de um ponto) quando foi punido por abuso verbal em direção aos supervisores do torneio, que foram chamados ao court na sequência da segunda advertência.
Na altura, o antigo número um do mundo alegou não estar a par do novo código de conduta, que tinha sido introduzido semanas antes do começo do torneio e no qual estava escrito que uma terceira violação resultaria na desqualificação imediata e não na penalização de um jogo. Foi-lhe aplicada uma multa de 6.500 dólares.
O segundo episódio aconteceu cinco anos mais tarde, em Roland Garros. Depois de perder o segundo set, Carsten Arriens atirou a raquete para a rede, em frustração, e recebeu um aviso do árbitro de cadeira. Num segundo momento, o francês repetiu o gesto na sua cadeira e a raquete acabou por atingir a perna de um juíz de linha, o que resultou na sua desqualificação automática.
Poucos meses depois, Jeff Tarango desentendeu-se com o árbitro de cadeira durante um encontro em Wimbledon e, depois de receber uma violação do código por dizer aos espetadores para se calarem, exigiu ao supervisor do torneio que retirasse o árbitro de cadeira do encontro. O pedido foi, logicamente, negado e o norte-americano reagiu, acusando o árbitro de ser “um dos mais corruptos”. O comportamento valeu-lhe mais uma violação do código de conduta e como reação o tenista pegou nas malas e abandonou o court, tornando-se no primeiro jogador a desqualificar-se a si próprio.
Curiosamente, o mesmo Tarango tinha beneficiado de uma desqualificação dias antes, quando Tin Henman (que jogava ao lado de Jeremy Bates) acertou inadvertidamente numa apanha-bolas durante um encontro de pares.
Cinco anos mais tarde, mais uma situação relacionada com um apanha-bolas: em pleno Roland Garros, Stefan Koubek — que até já tinha recebido três avisos por violação do código… — atirou a raquete e acertou num apanha-bolas, um gesto que significou a desqualificação automática. Foi a primeira de três desqualificações da carreira para o austríaco, que em Metz 2007 utilizou linguagem abusiva numa troca de palavras com o supervisor do torneio e em 2010 foi desqualificado de um encontro na liga austríaca por agarrar o adversário, Daniel Kollerer, pela garganta.
20 anos depois, o quinto episódio relativo a encontros de singulares em torneios do Grand Slam. E um que provavelmente manchará para sempre a carreira de Novak Djokovic, como o próprio John McEnroe afirmou na sequência do ocorrido no US Open.