Um ranking divide-se em dois, centenas de jogadores perdem a classificação e o ténis sofre uma revolução como há muito não via. As mudanças acordadas entre a ITF, a ATP e a WTA entram em efeito no último dia do ano e afetam a maioria dos tenistas portugueses.
A 31 de dezembro, o ténis como o conhecemos deixará de ser o mesmo. Entre torneios, pontos e rankings, as mudanças vão ser muitas. Algumas fáceis de interiorizar, outras nem por isso e continuam a dar muito que falar.
Ponto base: no circuito feminino, os torneios de 15.000 dólares deixarão de oferecer pontos WTA; no circuito masculino, não só os torneios de 15.000 dólares como os de 25.000 dólares (até às finais) e os de 25.000 dólares + hospitalidade (excluindo as meias-finais e finais) deixarão de dar pontos ATP. Em 2020, os jogadores só conseguirão mesmo pontuar para o ranking ATP em torneios de categoria Challenger ou superiores.
A “revolução” surge do acordo entre a Federação Internacional de Ténis (ITF), a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) e a Associação de Ténis Feminino (WTA). “As pesquisas efetuadas demonstram que há mais de 14.000 jogadores a competir anualmente em torneios profissionais mas apenas 350 homens e 250 mulheres conseguem alcançar um equilíbrio financeiro não considerando os custos dos treinadores.”
Nesse sentido, as três entidades querem garantir que mais tenistas conseguem ganhar a vida com o ténis. E para isso vão fazer ajustes significativos.
Como: no dia 31 de dezembro, todos os pontos ATP ganhos em Futures de 15.000 e 25.000 dólares (à exceção das finais e, no caso dos 25.000 dólares + hospitalidade, meias-finais e finais) serão convertidos e adicionados ao ITF World Tennis Ranking. No circuito feminino, o mesmo procedimento mas apenas com os pontos ganhos em torneios de 15.000 dólares.
Na prática, isto significa que no último dia de 2018 cerca de 1.250 homens e 500 mulheres vão desaparecer dos rankings.
Entre eles, 23 jogadores portugueses (de um total de 40) deixarão de ter classificação ATP e WTA [tabelas disponíveis mais abaixo].
Mas os jogadores e jogadoras não serão totalmente excluídos: apesar de deixarem os rankings ATP e WTA, serão adicionados ao ITF World Tennis Ranking — o tal novo ranking da Federação Internacional de Ténis, que para os melhores classificados será uma nova forma de acederem a torneios de categoria superiores, como Challengers.
Confuso? É natural. Se nesta altura ainda tem dúvidas, faça uma pausa, releia e prepare-se para o resto, porque as mudanças não se ficam por aqui: se muitos dos jogadores passarão a ter apenas ITF World Tennis Ranking, muitos serão aqueles que terão quer uma classificação ITF quer uma classificação ATP/WTA.
44. João Sousa, 1.107 pontos 44. (0) João Sousa, 1.107 pontos 13. Frederico Silva, 823 pontos |
556. Francisca Jorge, 51 pontos 618. (+85) Inês Murta, 23 pontos 80. Francisca Jorge, 244 pontos |
Todas estas mudanças têm influência na forma como os tenistas passarão a aceder aos quadros principais dos torneios de categorias inferiores.
Torneios M15 e W15:
- 13 entradas diretas para jogadores/as com ranking ATP/WTA
- 4 entradas diretas para jogadores/as com ITF World Tennis Ranking
- 5 lugares reservados para juniores
- 4 wild cards
- 6 qualifiers (qualifying reduzido a 24 jogadores/as: 22 com ITF World Tennis Ranking e 2 com ranking nacional;
Torneios M25 e W25:
- 17 entradas diretas para jogadores/as com ranking ATP/WTA
- 5 lugares reservados para jogadores/as com ITF World Tennis Ranking
- 4 wild cards
- 6 qualifiers (qualifying composto por jogadores/as com ranking ATP/WTA e 4 wild-cards)
Nova distribuição dos pontos no circuito masculino:
Nova distribuição dos pontos ITF (nos torneios superiores os pontos WTA não sofrem alterações):
E não, as mudanças não se ficam por aqui: em coordenação com a ITF, a ATP também vai proceder a alterações nos torneios Challenger. Pode recordá-las aqui ou seguir a explicação:
À semelhança do que acontece no ATP World Tour, também no ATP Challenger Tour os torneios serão designados de acordo com a categoria a que pertencem (e pontos que oferecem ao vencedor): ATP Challenger 70, 80, 95, 110 ou 125.
Em termos práticos, há três alterações significativas:
- Os quadros principais vão aumentar de 32 para 48 jogadores (ou seja, serão quadros de 64 com 16 byes na primeira ronda), dos quais quatro serão jogadores com ITF World Tennis Ranking.
- As fases de qualificação serão reduzidas a quatro jogadores (três com ITF World Tennis Ranking);
- Os torneios vão ser reduzidos a 7 dias, ou seja, vão jogar-se apenas de segunda-feira a domingo (qualifying incluído).