Fred Gil on Tour #1 | O regresso dos Futures portugueses, a evolução e o que ainda pode ser feito

Fred Gil on Tour

Nota da redação: O mês de março marca o regresso da rubrica Fred Gil on Tour, inicialmente lançada no Ténis Portugal e agora continuada no Raquetc. Na primeira edição da “segunda temporada”, o tenista sintrense fala do regresso ao circuito Future em solo português, da evolução que se tem verificado e do que ainda pode ser feito para continuar a melhor este tipo de provas.


Aqui nos Futures o ambiente é muito parecido ao dos outros anos, embora se sinta uma maior organização e profissionalismo das pessoas envolventes e das organizações dos torneios, com a Federação mais profissional por trás, o que ajuda o ténis português e as provas nacionais e internacionais em Portugal.

Isso motiva. Motiva a estar em Portugal, a jogar mais torneios aqui, a querer subir no ranking. Acho que a Federação e os torneios em Portugal estão de parabéns. Creio que este investimento quer dos patrocinadores na Federação, quer da Federação nos torneios e nos árbitros e nos jogadores é muito importante. É fundamental para o crescimento da modalidade e eu gosto imenso de jogar em Portugal, sinto-me confortável. Obviamente que o circuito ATP é outra coisa, outro nível, mas este circuito Future acaba por ser um circuito porreiro de jogar.

É difícil, por vezes, com as condições, com o facto dos árbitros estarem sozinhos. Acaba por ser difícil, acho que já dei esta opinião de que pelo menos deveriam estar em campo dois árbitros, um na cadeira e um juiz de linha na linha mais distante da cadeira do árbitro para em conjunto tomarem melhores decisões, porque nos Futures os árbitros fazem muitos jogos seguidos, há jogadores mais “manhosos” que tentam fazer bad calls, aldrabices, isso também não ajuda. Acho que meter a troca de bolas aos 9 e aos 11 jogos em vez de ser aos 11 e aos 13 jogos também poderia ajudar bastante para o jogo ficar um bocadinho mais rápido, porque se nota muito a diferença jogando os ATP para estes torneios Future.

E aqui ou ali darem também mais condições de hospitalidade, ou seja, que haja hotel também envolvido, não só prize money mas existir também um hotel pago, ou refeições pagas, seria uma ajuda para o jogador. Mas tudo bem, o facto de já existirem é um grande passo em frente.

Quanto a mim, tem sido um regresso difícil aqui aos ITF Futures. Não é fácil ganhar estes torneios, ganhar e sair deste patamar. Já o tinha feito em 2006 e a verdade é que estou com alguma dificuldade em subir no ranking. Nos pares tenho estado sempre ali a ganhar a final, semis, sempre muito bem e nos singulares tem sido mais difícil. Estou a trabalhar no sentido de evoluir, crescer e subir no ranking para ver se consigo voltar a nível Challenger e mais tarde nível ATP, que é o meu objetivo principal. Gostava muito de terminar a minha carreira no topo porque sinto que mereço, porque acredito e sinto que é o meu nível, por todos os esforços que eu, a minha família, treinadores, amigos e pessoas que me apoiaram até à data têm feito e fizeram. Merecemos mais e eu vou dar a cara por isso tudo.

Pouco a pouco somos cada vez mais profissionais e cada vez temos mais pessoas dedicadas à modalidade. Creio que a base e os treinadores de iniciação deviam ser melhor formados e ainda melhores. Não estou a dizer que não são, porque conheço alguns muito bons, mas digo isto porque a base técnica, tática e mental é fundamental e se for bem trabalhada logo nas idades mais jovens ficaríamos com jogadores melhor formados, tal como ficam a França e a Bélgica. Muitas vezes não é por falta de vontade nem de talento, é por má educação a nível técnico, físico ou mental e por falta de dinheiro. Acho que devíamos focar o investimento e energias aí para no futuro virmos a ter um ténis nacional melhor e um nível maior.

Quanto a mim, o circuito é duro, tento comer o mais saudável possível mas às vezes não é fácil, aproveito para descansar, faço vida de pares também, falo de tática, treino com os meus parceiros e tento investir na minha equipa técnico-tática e mental para manter um bom trabalho, em forma, em constante evolução. Porque se ao longo do tempo achamos que já sabemos tudo, paramos. Devemos manter sempre uma atividade constante no sentido de aprendizagem, que nos faça ter vontade de acordar e ir para o treino; de pegar no carro ou no avião e ir jogar torneios. Acho que isso é fundamental e eu, com 32 anos, quase 33, estou a conseguir ter essa vontade e esse espírito. Isso deixa-me contente porque é aquilo que eu mais gosto de fazer.

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