Jornalistas e jogadores esclarecem discurso de Djokovic em Melbourne

Novak Djokovic 7
Novak Djokovic fez-se acompanhar de um advogado de forma a auxiliar a sustentação das medidas que pretende implementar. Fotografia: Ben Solomon/Tennis Australia

Na sequência da polémica notícia avançada no domingo passado pelo DailyMail – e posteriormente relatada no Raquetc – vieram a público uma série de esclarecimentos relativos à situação ocorrida por parte de vários jornalistas e jogadores, dando a conhecer o verdadeiro propósito por trás do discurso que Novak Djokovic levou a cabo durante a reunião anual de jogadores em Melbourne. Estas declarações vêm assim confirmar uma série de imprecisões e omissões presentes na noticia original.

Contextualizando, o referido meio de comunicação britânico abordou o sucedido destacando o seguinte titulo: “Djokovic ganhou 82 milhões de doláres na sua carreira mas espanta os colegas reclamando que merecem mais dinheiro”. Tanto esta frase como o restante corpo da noticia davam a entender uma conotação ingrata e egocêntrica por parte do sérvio. Após a publicação, o assunto foi investigado mais a fundo, concluindo-se que o Daily Mail distorceu as palavras do ex-número 1 mundial e omitiu detalhes cruciais no entendimento da situação.

No âmago da questão, prende-se a proporção entre os prémios atribuidos aos jogadores e as receitas totais obtidas na organização de um Grand Slam. Enquanto no ténis, os majors pagam sensivelmente 7% das receitas (nos restantes torneios sobe para entre 15 e 28), no basquetebol, por exemplo, os números sobem substancialmente para os 50%. Foi neste sentido que o jogador natural de Belgrado, enquanto presidente da associação de jogadores da ATP, apelou à união entre todos, frisando que deve ser criado um sindicato de tenistas – igualitário e independente da ATP – com o propósito de se discutir estas e outras questões associadas ao circuito.

Mais, de acordo com o jornalista sérvio Saša Ozmo, Djokovic terá frisado que esta luta beneficiaria sobretudo os jogadores fora do top 50, referindo que para muitos, os custos relativos a deslocações e staff não compensam, podendo eles inclusivamente correr o risco de terminar a carreira. Reconhece que o dinheiro não é distribuído de forma justa e que os jogadores do top 10 arrecadam a maior parte. Carole Bouchard, jornalista do L’Equipe, corrobora esta versão dos acontecimentos, divulgando uma alegada afirmação proferida pelo campeoníssimo: “Não preciso de fazer isto, já tenho imenso no meu ‘prato’. De qualquer forma estou disposto a fazê-lo se todos estiverem dentro”.

Por fim, as reações estenderam-se aos jogadores. Victor Troicki mostrou-se solidário com o compatriota: “O sindicato de jogadores é uma boa ideia. Apenas unidos temos o poder de realmente atingir algo. Quando olhas para o que os Grand Slam ganham, os pagamentos aos jogadores são ridículos”. Já Kevin Anderson, concorda mas não deixa de compreender o lado dos torneios: “Acho que merecemos mais, mas também percebo a prespetiva oposta. O tour é 50% jogadores e 50% torneios. Há frustrações e desafios mas ao mesmo tempo há equilíbrios e aspetos positivos. Temos de continuar a tentar arranjar soluções”.

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