A história de Alex De Minaur contada por uma mãe orgulhosa: “Já sofreu muito e lutou. Vai perseguir o seu sonho custe o que custar”

Alex de Minaur AO
Fotografia: Luke Hemer/Tennis Australia

Alex de Minaur, de 18 anos, ainda há meses pisava os courts lusitanos da Póvoa de Varzim e de Idanha-a-Nova competindo em torneios de categoria Future. Neste momento, e olhando para trás, dificilmente o prodígio australiano voltará tão cedo a tais terras. O sucesso em Portugal apenas serviu de mote para algo bastante maior que ainda estava para vir.

Quem nunca duvidou que o jovem estava destinado a altos voos foi, como não poderia deixar de ser, a sua mãe. Apesar das dificuldades financeiras e várias mudanças entre Alicante e Sydney, nunca abdicou dos treinos que o filho levava a cabo desde os quatro anos de idade. Mais tarde, a qualidade viria a dar os seus frutos, motivando inclusivamente a disputa entre as federações de Espanha e Austrália pelo jovem. São estes e outros detalhes do percurso do seu rebento, que Esther, a sua mãe, relata numa longa crónica que redigiu para o jornal digital El Español.

De Minaur nasceu em Sydney e viveu em terras australianas por alguns anos, até que o contrato de aluguer do restaurante italiano que os pais geriam terminou forçando-os a mudar-se para Espanha, onde iniciaram um negócio de lavagem de carros. Esse que mais tarde, devido à crise, também começou a apresentar problemas.

“Foi em Julho de 2014 que o Alex começou a jogar ténis. Treinou em vários clubes até que assentámos com o Adolfo Gutierrez [atual treinador] no 40-15 [clube de ténis que fundaram com Adolfo]. Esteve lá até que aos 12 anos, com a crise, o negócio começou a correr mal. Mas a realidade era que o rapaz era número 1 de Espanha e tinha de começar a descolar. Pedimos ajuda à federação espanhola mas disseram-nos que era impossível”, começou por contar.

Ainda assim, um vislumbre de esperança revelou-se no horizonte. Todd Woodbrige (ex- tenista australiano) inteirou-se da qualidade que De Minaur começava a apresentar em Espanha, e convidou-o para se deslocar até Roland Garros com a intuito de o ver jogar. “Após dois minutos ele enviou-me um e-mail dizendo que o mandasse para Sydney. Que a federação australiana tratava de tudo: treinos, treinadores, viagens… então acabámos por nos mudar para a Austrália. Eu não queria, mas mudamo-nos”, confessou.

Alex de Minaur Sydney
Alex De Minaur exibe o troféu de vice-campeão do ATP 250 de Sydney. Fotografia: Sydney International

Na Austrália, a visibilidade do “miúdo” aumentou exponencialmente. Esther destaca o enorme e incessável apoio de Lleyton Hewitt, que praticamente apadrinhou De Minaur. Refere também que o filho era o único da sua idade a fazer coisas diferentes, e que isso o tornava mais “apetecível”. É aqui que entra em cena a federação espanhola.

“Miguel Diaz, o atual presidente da federação espanhola falou duas vezes comigo para ver se mudava de opinião. Parece-me uma pessoa encantadora, mas é impossível. Toda a minha família é espanhola e os meus país estavam desesperados que ele jogasse por Espanha. Mas a federação espanhola chegou tarde, muito tarde”, atirou.

Ainda assim, em 2014 sucedeu-se outro contratempo. O restaurante que tinham recuperado entretanto voltou a fechar, tendo como consequência o regresso a Espanha. Os primeiros tempos não foram fáceis. Apesar das ajudas da federação australiana relativamente a treinos e viagens, Esther conta que o filho mudava constantemente de treinador, e que isso lhe trouxe insegurança. Assim sendo tomaram a decisão de assentarem com o primeiro treinador, Adolfo Gutierrez, no tal clube 40-15.

A estabilidade revelou-se produtiva e a partir daqui a história é a que se conhece. O rapaz tornou-se um homem e hoje conta com o estatuto de sensação de inicio da temporada, após as meias finais e final consecutivas nos primeiros torneios do ano. Mais recentemente, encontra-se ainda a digerir a eliminação do Australian Open às mãos do conceituadíssimo Tomas Berdych.

“É um orgulho enorme aquilo que o Alex já conseguiu. Sofreu muito e lutou, teve altos e baixos e outros problemas distintos. Mas vai atrás do seu sonho custe o que custar. A força que tem é impressionante”, terminou.

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