Número um colombiano pela primeira vez em 2009, Santiago Giraldo é actualmente o 34º colocado no ranking mundial ATP e conta já com duas finais disputadas no circuito profissional. Considera-se um jogador versátil, capaz de jogar bem em qualquer superfície, e na última semana atingiu pela segunda vez na carreira a 3ª ronda num torneio do Grand Slam, jogando com Roger Federer no Centre Court de Wimbledon.
Hoje, é o grande entrevistado do Ténis Portugal. A não perder:
ENTREVISTA
- Ténis Portugal: Começaste a época a disputar dois torneios ao lado do ‘nosso’ João Sousa. Podes falar-nos um pouco sobre ele? Como surgiu a ideia da parceria?
Santiago Giraldo: O João é um bom amigo no circuito, um jogador com potencial e em boa forma física. Em Paris-Bercy, no último ano, combinámos alinhar juntos nos primeiros torneios desta época mas infelizmente não nos correram muito bem. Oxalá tenhamos uma nova oportunidade para fazer melhor.
- Ténis Portugal: Já jogaste algumas vezes com tenistas portugueses (Leonardo Tavares, Rui Machado, Frederico Gil, João Sousa). Recordas-te de alguma coisa desses encontros ou dos adversários em questão?
Santiago Giraldo: Sempre tive uma boa relação com todos os jogadores portugueses. Recordo-me de encontros equilibrados e disputados com todos e sei que há também uma nova geração de jogadores com um bom nível de ténis.
- Ténis Portugal: Este ano alcançaste resultados notáveis em terra batida (meias-finais em Viña Del Mar, Houston, Final em Barcelona e Quartos em Madrid). Quais as características do teu jogo que consideras mais importantes para a adaptação e sucesso neste piso?
Santiago Giraldo: Na terra, sinto que tenho de ganhar os pontos a jogar na linha de fundo, não me podem ganhar só a servir e confio na minha solidez desde o fundo do court e na minha condição física. Paradoxalmente, sinto-me um pouco mais confortável em campos rápidos, mas os meus melhores resultados têm sido em terra e sinto que sou um jogador versátil que consegue jogar em todas as superfícies.
- Ténis Portugal: Derrotaste dois tenistas espanhóis para chegares pela segunda vez na carreira à terceira ronda de um torneio do Grand Slam. Em duelos entre jogadores mais confortáveis na terra batida, que aspectos foram fundamentais?
Santiago Giraldo: Em relva jogo de forma mais ofensiva e com menos efeito. O Gimeno é um jogador melhor em terra mas o Marcel joga muito bem em relva pois tem um bom serviço, sobre para volear e faz muitas variações; Sinto que sou um jogador que se pode adaptar muito bem [à relva].
- Ténis Portugal: Podes descrever-nos a sensação de jogar no Centre Court de Wimbledon frente àquele que é, muito provavelmente, o melhor jogador de todos os tempos em relva?
Santiago Giraldo: É um court muito especial e que vejo desde pequeno. Foi um dos momentos em que disse “foi para isto que trabalhei tanto.”
- Ténis Portugal: Esta temporada marca, também, o começo de uma parceria com o Fernando Gonzalez. Que motivos te levaram a contactá-lo? O que pensas poder aprender com ele?
Santiago Giraldo: Tenho uma grande equipa por trás de mim. O Fernando deu-nos experiência e viu coisas que nos ajudaram a evoluir para um grande grupo com o meu treinador principal, Felipe, o meu preparador, Niels, e todos os restantes.
- Ténis Portugal: Esta tua opção acaba por seguir de certa forma os passos de jogadores como Andy Murray, Novak Djokovic e Roger Federer. Dado o avanço do circuito, sentes ser cada vez mais importante contar com a experiência de um ex-jogador? Quais são os aspectos mais fundamentais?
Santiago Giraldo: Sim, acho que é muito importante ter uma figura que foi top na nossa equipa. O ténis é um desporto com muitas variações e eles de certa forma podem transmitir pequenos detalhes que fazem grandes diferenças.
- Ténis Portugal: Com os resultados chegam as melhorias no ranking e estás agora no top40. Isto faz-te ficar muito próximo de ser cabeça de série no US Open e evitar assim adversários teoricamente mais fortes nas rondas inaugurais. Sentes que isso poderá ajudar a melhorar a tua prestação nos torneios do Grand Slam, o que contribuirá para que o ranking suba ainda mais?
Santiago Giraldo: A primeira meta a curto prazo era claramente estar entre os trinta e dois melhores. Estive a uma posição em Roland Garros e a duas em Wimbledon… Da forma como estou a jogar confio plenamente que isso acontecerá no US Open e que poderei terminar entre os 25 melhores.
- Ténis Portugal: És, há já umas semanas, o número um colombiano. Isso traz-te alguma pressão? Sentes o ‘peso’ da posição que ocupas quando entras em campo?
Santiago Giraldo: Desde 2009, que foi a primeira vez que cumpri um dos meus objectivos (ser número um do país) até agora fui quase todo o tempo o número um, com algumas excepções em semanas pontuais. De qualquer das formas, agora temos três jogadores no top70 e completamo-nos e ajudamo-nos muito bem. Cada um encarrega de se motivar e ser o número um é, mais do que um peso nos ombros, um grande orgulho e uma enorme motivação.
- Ténis Portugal: Em relação ao ténis colombiano, vive um grande momento: tu, o Alejandro Falla e o Alejandro Gonzalez estão no top100 e, em pares, o Cabal e Farah têm estado em destaque. Como vês o ténis colombiano nos dias de hoje? Até onde pensas poderem chegar?
Santiago Giraldo: O ténis colombiano está no seu melhor momento dos últimos tempos. Termos jogadores no top 35, 55 e 75 é bom, especialmente por ainda sermos jovens e termos margem de manobra, com dois tenistas no top 10 da corrida ao Masters em pares e mais perto do top100 e uma jogadora top100.
Lutamos sempre pelo grupo mundial e temos torneios ATP, WTa, Challengers, torneios de exibição e mais para vir no futuro. Os adeptos são cada vez mais, há que continuar a trabalhar para que o bom momento se mantenha e melhore.
- Ténis Portugal: Em Eastbourne, fizeste uma homenagem a Quintana [primeiro colombiano a vencer o Giro] e jogaste o torneio com um equipamento cor-de-rosa. Como são vistos os desportos para além do futebol na Colômbia? Têm muita visibilidade? E tu, quais costumas acompanhar de perto?
Santiago Giraldo: Temos muito talento nos atletas dos mais variados desportos no meu país e cada vez mais as pessoas e a impressa o valoriza. O gesto para com o Nairo [Quintana] foi uma pequena homenagem a um grande desportista que elevou o nosso país num momento tão importante da carreira.
O futebol, o ciclismo, o ténis e o atletismo têm tido um crescimento muito importante e eu sigo todos os desportos em que estão em acção colegas meus e compatriotas.
- Ténis Portugal: Inevitavelmente, temos de perguntar… Como vês a prestação da Colômbia no Mundial? E em relação aos jogadores, muitos deles (o lesionado Falcão, James Rodríguez, Guarín, Jackson, Quintero) já jogaram ou jogam em Portugal. Conheces o ‘nosso’ futebol?
Santiago Giraldo: Esta selecção é espectacular. São jogadores muito talentosos e humildes. Conheço pessoalmente alguns jogadores da equipa e membros da equipa técnica e foram brilhantes no Campeonato do Mundo, o que está para vir é encorajador. A Liga Portuguesa parece ser uma grande receptora de alguns dos nossos melhores jogadores e serviu-lhes de trampolim [para o mundo].
Créditos fotografia:
- Photographer – Stephan Ach
- Art Direction – Olaf Heckenback
- Stylist – Jose Herrera
- Hair & Make Up – Emma Ramos
- Production Company – European Productions S.L