Nuno Borges foi o primeiro tenista português a entrar em ação no quadro principal da segunda edição do Maia Open e apesar da boa réplica não conseguiu passar por um dos jogadores mais cotados entre os inscritos. Foi o fim de linha e de época para o maiato no que à variante de singulares diz respeito, porque ainda tem os pares para disputar neste torneio organizado pela Federação Portuguesa de Ténis com o apoio da Câmara Municipal da Maia.
Convidado pela organização, o tenista maiato de 23 anos — que este ano deu cara à imagem do torneio — cedeu pelos parciais de 7-5 e 6-1 para Bernabe Zapata Miralles, espanhol que é o 155.º do ranking mundial.
Com uma tarefa difícil pela frente, Borges começou por dar luta: no primeiro parcial e revelou-se capaz de superar as dificuldades iniciais: salvou dois break points logo no primeiro jogo de serviço e reagiu de imediato à quebra de serviço sofrida no jogo seguinte, ao “disparar” um winner de esquerda ao longo da linha para recuperar o terreno perdido e restabelecer a igualdade no serviço, chegando ao 3-3. Os jogos seguintes foram mais relaxados para ambos os jogadores e o português esteve bem encaminhado para chegar ao 6-6, mas não conseguiu segurar o 30-0 e, obrigado a enfrentar um set point no segundo serviço (no primeiro tentou o ás aberto), colocou uma esquerda cruzada na rede.
O desfecho do primeiro set acabou por ditar o rumo do encontro, com Zapata Miralles a puxar da experiência para aproveitar o embalo ganho e partir para um parcial mais folgado, que lhe permitiu assinar a vitória em 79 minutos.
“Senti que não consegui manter o nível do primeiro set e depois não tive pernas e ténis para o acompanhar”, lamentou o tenista natural da Maia após a derrota para o espanhol, que conhece desde os tempos de sub-18. “Na reta final do primeiro set um ou dois pontos fizeram a diferença, a história do encontro podia ter sido outra. Ele tem uma rodagem superior nestes torneios apesar de ter a minha idade. Já deve ter jogado mais Challengers do que eu Futures, e isso a longo prazo ajuda no encontro. Preciso de manter o nível para na próxima vez conseguir estar taco a taco mesmo depois de perder um set duro”.
Sem esconder a desilusão com a derrota, Nuno Borges admitiu que “perder na Maia dói mais, sobretudo porque é o último torneio do ano. Gostava de ter saído daqui melhor, mas também não posso estar à espera de ganhar os encontros todos.”
O tenista espanhol, que já este ano conquistou o primeiro título da carreira em provas Challenger, não hesitou em classificar o primeiro parcial como decisivo: “Foi muito duro, ele jogou a um nível muito alto e tornou difícil responder às pancadas. Felizmente consegui vencer e foi a chave do encontro. Foi uma vitória importante, que me deixa contente, porque ele é muito perigoso a jogar em casa e conhecia bem o court e o torneio”, considerou, antes de deixar elogios ao adversário: “É um jogador mais de piso rápido. Os anos que passou no EUA fizeram-no melhorar muito o nível de jogo, serve bem, tem uma boa direita e está a jogar rápido.”
A derrota de Nuno Borges deixa a representação portuguesa na variante de singulares do segundo Maia Open a cargo de cinco compatriotas: Pedro Sousa, número 113 ATP e segundo cabeça de série, João Domingues (176.º), Frederico Silva (que esta segunda-feira subiu a 183.º como consequência da excelente semana em São Paulo, no Brasil, onde no domingo jogou a primeira final da carreira no ATP Challenger Tour) e os wild cards Gonçalo Oliveira (287.º) e Gastão Elias (429.º).
Sousa, Domingues, Oliveira e Elias vão a jogo já na terça-feira e fizeram uma antevisão aos primeiros encontros, enquanto Silva ainda está a caminho de Portugal.
Pedro Sousa: “O torneio ainda nem começou, vou focar-me na primeira ronda. Estou a sentir-me bem e a jogar bem, espero que corra pelo melhor”.
João Domingues: “Não tenho expectativas quanto a resultados. Estou melhor da minha lesão, ainda que não a 100% mas bastante melhor em relação aos últimos torneios que disputei. Espero conseguir jogar a um bom nível e não estar limitado. Tenho boas memórias da primeira edição, o ano passado estava também a passar um mau momento mas acabei bem a temporada. É sempre bom jogar em Portugal e há que dar os parabéns à Federação Portuguesa de Ténis pelo esforço na realização de torneios desde o recomeço.”
Gonçalo Oliveira: “Sinto-me bem, sobretudo por estar a jogar em casa. Sabe bem voltar [vive actualmente no Algarve]. No ano passado fiquei triste por não jogar e só é pena não haver público.”
Gastão Elias: “Estou bastante confiante e a jogar bem. A semana passada não correu tão bem, mas mesmo saindo de cena na primeira ronda, estou a jogar a um bom nível e sinto-me confiante e motivado para esta semana. A partir do momento em que estou bem fisicamente consigo concentrar-me no torneio e ter como objetivo sair como campeão. Acho que tenho jogo, tenho qualidade para isso. Acredito sempre que posso vencer um torneio como este, como já fiz várias vezes. Obviamente que ia ficar muito feliz com uma meia-final, uns quartos, neste momento qualquer coisa seria positivo, mas o meu objetivo principal é sempre ganhar um torneio”.
A primeira jornada relativa aos quadros principais ficou concluída com uma das batalhas mais longas do ano neste circuito: com 38 anos, Paolo Lorenzi (144.º do ranking mundial) recuperou da desvantagem de um set e superou o qualifier checo Michael Vrbensky (de 20 anos e 310 ATP) por 5-7, 7-6(7) e 6-2.
O triunfo desta segunda-feira foi o 418.º da carreira de Lorenzi no ATP Challenger Tour e permite-lhe ficar a apenas cinco do recorde absoluto (423) do espanhol Ruben Ramirez Hidalgo, já retirado.
Para a segunda ronda do Maia Open seguiram ainda Henri Laaksonen (quarto cabeça de série), Marco Trungellitti, Duje Ajdukovic, Arthur Rinderknech, Quentin Hays e Kimmer Coppejans.