Um ano depois, voltou o Maia Open. O torneio do ATP Challenger Tour que é organizado pela Federação Portuguesa de Ténis com o apoio da Câmara Municipal da Maia joga-se no Complexo de Ténis da Maia, onde Luís Faria assinou a primeira e única vitória portuguesa da jornada inaugural.
Convidado pela organização para o qualifying, o jovem jogador do Centro de Alto Rendimento (CAR) da Federação Portuguesa de Ténis estava preparado para defrontar na primeira ronda o primeiro cabeça de série, Geoffrey Blancaneaux (281.º), mas ao acordar apercebeu-se de uma alteração no quadro, tudo mudou e o resultado foi o melhor possível: derrotou o alternate norte-americano Alafia Ayeni (897.º), por 6-2 e 6-1, e assinou a primeira vitória da carreira no ATP Challenger Tour.
“Não é uma situação fácil. Se fosse contra o Blancaneaux a pressão não era tão óbvia para o meu lado, mas como foi com o Ayeni… Temos rankings muito similares, por isso senti mais pressão. Mas é claro que foi melhor jogar contra ele do que contra o Blancaneaux, contra quem ia ter um jogo bastante complicado. Tive alguma sorte”, admitiu o vimaranense de 21 anos, que precisa de mais uma vitória para chegar ao quadro principal.
Menos felizes foram os outros dois portugueses que entraram em ação neste sábado, Tiago Cação e João Monteiro.
O tenista natural de Peniche chegou na noite de sexta-feira à Maia, depois de uma longa viagem de carro desde Benicarló, onde esteve a jogar um torneio ITF, e apesar do curto tempo de adaptação mostrou-se em condições de lutar pela vitória. Mas o turco Altug Celinkbilek conseguiu ser mais feliz nos momentos importantes e acabou por vencer com os parciais de 6-4 e 6-2, num encontro em que o português, que também faz parte do CAR, chegou a ter a vantagem de um break no segundo parcial.
“Foi um jogo equilibrado, decidido com um break em cada set. No primeiro senti-me por cima, senti que estive mais vezes no controlo do ponto e mais próximo de fazer o break. Tive um ao 2-2, outro ao 3-3 e depois ao 4-4, mas nesses momentos mais importantes fui pouco decisivo. Comecei a jogar curto e ele tomou logo conta dos pontos. Foram muito rápidos e não tive oportunidade de os jogar realmente, porque não consegui fazer logo o meu jogo. Depois no segundo set consegui estar um break acima, mas levei o contra-break e fui-me um pouco abaixo em termos de energia depois de ter um 15-40 ao 2-2”, explicou Cação, que apesar da derrota considerou ter feito um bom encontro.
“Ontem fiz 13 horas de viagem de carro. Saímos de Benicarló às 7h da manhã, chegámos à noite e começámos a treinar no court central por volta das 20 horas para tentar ganhar o máximo de sensações. Não acho que tenha sido um fator importante, senti-me a jogar bem e gosto de estar aqui na Maia. Foi um encontro decidido nos pequenos pormenores, mas não senti que fiz uma má adaptação”, concluiu.
Já o portuense João Monteiro foi eliminado pelo checo Michael Vrbensky (309.º), que confirmou o favoritismo e venceu por 6-1 e 6-2 em 72 minutos para marcar encontro com Luís Faria.
Depois de um set de sentido único, Monteiro (que chegou a ser o 237.º do ranking em 2017) conseguiu entrar bem na segunda partida e quebrou o serviço do adversário logo a abrir. Mais confiante, concentrado e determinado a dar outro rumo ao encontro, o campeão nacional absoluto de 2016 e 2018 esteve, inclusive, a apenas um ponto de chegar ao duplo break, mas não aproveitou as oportunidades e Vrbensky acabou por reagir, quebrando-lhe o serviço não por uma, mas três vezes — na segunda ocasião com duas bolas na tela a juntarem-se à equação.
“Em relação ao outro Challenger que joguei, o Lisboa Belém Open, estas condições são muito diferentes e piores para o meu jogo e as minhas características. É muito mais húmido, mais lento e os campos estão com muita terra, o que torna difícil conseguir pôr a bola a andar. No final do primeiro set tentei ser mais agressivo e jogar mais em cima da linha, mas ele também teve alguma sorte nos break points: primeiro fez um segundo serviço em que a bola bateu na linha, depois outro e no jogo seguinte, no meu serviço, teve duas bolas decididas na tela e eu ainda fiz uma dupla falta. Sem saber muito bem como voltou a entrar na discussão do set quando até estava meio cabisbaixo, mas são coisas que acontecem. Foi muito melhor do que eu, está com mais ritmo, mais habituado a este nível neste momento e nestas condições consegue gerar mais potência”, analisou o jogador português de 26 anos.
Para além de Luís Faria, Altug Celinkbilek e Michael Vrbensky, também seguiram para a ronda de acesso ao quadro principal o italiano Riccardo Bonadio, os croatas Nino Serdarusic e Duje Ajdukovic, o espanhol Nikolas Sanchez Izquierdo e o francês Maxime Hamou.
Os primeiros encontros de domingo acontecem a partir das 11 horas, com destaque para o duelo do tenista português a abrir o dia no court central.
A jornada deste sábado também ficou marcada pelo sorteio dos quadros principais de singulares e pares, tarefa a cargo do supervisor da ATP designado para o torneio, o inglês Carl Baldwin.
Pedro Sousa (113.º ATP) é o segundo cabeça de série e terá de aguardar pela conclusão do qualifying para saber com quem joga na primeira ronda, situação semelhante à do wild card Gonçalo Oliveira (285.º). João Domingues (176.º) terá pela frente o espanhol Carlos Taberner, 152.º ATP e oitavo pré-designado, e Frederico Silva (203.º), o outro português que entrou diretamente no quadro principal, vai desafiar o francês Hugo Grenier (252.º). Gastão Elias (número 427 mundial) também foi convidado pela organização e medirá forças com Pavel Kotov, russo que é o 269.º do ranking, enquanto a grande figura da casa, o maiato Nuno Borges (398.º), vai estrear-se no torneio com Bernabe Zapata Miralles (155.º).