Um ano depois de uma primeira edição de sucesso, o Maia Open regressa ao calendário do ATP Challenger Tour na última semana da temporada, entre os dias 28 de novembro e 6 de dezembro, com o melhor elenco de sempre a prometer uma semana ao mais alto nível no Complexo Municipal de Ténis da Maia.
Organizado pela Federação Portuguesa de Ténis com o apoio da Câmara Municipal da Maia, volta a integrar a categoria “Challenger 80” e está dotado de 44.820 euros em prémios monetários. É o maior torneio de ténis a acontecer no Norte do país em 2020 e, devido à situação pandémica, será realizado sem a presença de público nas bancadas.
Na lista de inscritos, conhecida esta semana, estão três jogadores do top 100 que trilharam caminhos louváveis para chegarem à elite do circuito masculino. O mais cotado de todos é Pedro Martínez, espanhol de 23 anos que está a realizar a melhor temporada da carreira e ocupa o 85.º lugar no ranking ATP (foi 82.º no início do mês).
Se no arranque da época chegou à segunda ronda do Australian Open (só perdeu para o número 4 Daniil Medvedev), às segundas rondas dos ATP 250 de Córdoba e Buenos Aires (onde venceu João Domingues) e aos quartos de final do ATP 500 do Rio de Janeiro, na retoma do circuito ultrapassou o qualifying do Masters 1000 de Roma e só foi travado na segunda eliminatória pelo canadiano Denis Shapovalov (14.º mundial), alcançando o melhor resultado em torneios do Grand Slam na semana seguinte, ao passar as três rondas de qualificação e duas no quadro principal de Roland-Garros. Embalado por uma campanha memorável em Paris, regressou ao ATP Challenger Tour e mostrou que está pronto para o nível seguinte, ao chegar à final em Alicante (só foi travado pelo compatriota-sensação Carlos Alcaraz) e conquistar o título em Marbella frente ao também espanhol Jaume Munar, campeão do Lisboa Belém Open duas semanas antes.
A Pedro Martínez segue-se o alemão Yannick Hanfmann, número 98 do mundo que em 2020 disputou a primeira final da carreira no circuito ATP: foi em Kitzbuhel, na Áustria, onde começou no qualifying e derrotou quatro jogadores do top 100 (entre eles o número 24, Dusan Lajovic) a caminho da discussão do título, em que foi travado pelo talentoso Miomir Kecmanovic (47.º). Nos meses anteriores disputou duas das oito finais Challenger que constam no seu currículo: em fevereiro perdeu em Burnie, na Austrália, e em agosto conquistou Todi, em Itália, onde ergueu o sexto título da carreira neste circuito.
O terceiro membro do top 100 inscrito no Maia Open é Gianluca Mager. A poucas semanas de celebrar o 26.º aniversário, o italiano também vive a melhor temporada da carreira e, apesar de atualmente ser o 99.º do ranking, chegou a ser 77.º no mês de fevereiro, como consequência da fantástica semana que protagonizou no ATP 500 do Rio de Janeiro: depois de passar o qualifying, derrotou Casper Ruud (que na semana anterior venceu o ATP 250 de Buenos Aires), o português João Domingues, o húngaro Attila Balazs e, pelo meio, assinou uma das grandes surpresas do ano ao vencer o então número quatro mundial Dominic Thiem (duas vezes finalista de Roland-Garros e que meses depois venceria o US Open), só sendo travado na final — e depois de oferecer muita resistência — pelo chileno Cristian Garin.
Fora do top 100, mas com experiência entre esse grupo, surgem dois dos tenistas mais cotados entre os inscritos: o bósnio Damir Dzumhur (118.º), que chegou a ser o 23.º classificado e conta com três títulos ATP e sete Challengers no currículo, para além de ter alcançado em três ocasiões a terceira ronda de torneios do Grand Slam; e o italiano Paolo Lorenzi, que aos 38 anos ocupa o 144.º posto, mas foi 33.º em 2017 e conquistou um torneio ATP, sendo um verdadeiro “papa títulos” e caça recordes no ATP Challenger Tour: os 21 troféus de campeão só ficam atrás dos 23 de Dudi Sela e dos 29 de Yen-Hsun Lu, estando bem encaminhado para se tornar no tenista com mais vitórias de sempre neste circuito (tem 417, cada vez mais perto das 423 do recordista já retirado Ruben Ramirez Hidalgo).
Entre os ex-membros do top 100 confirmados no Maia Open estão também o campeão em título Jozef Kovalik (que chegou a 80.º há dois anos e para além do evento português venceu outros quatro deste nível), Gregoire Barrere (80.º, que já atingiu a segunda ronda nos quatro torneios do Grand Slam e venceu três Challengers), Ilya Ivashka (foi 80.º e tem três Challengers no portfólio), Henri Laaksonen (chegou a 93.º e tem cinco títulos), Andrej Martin (ex-93.º e campeão de 12 Challengers), Kimmer Coppejans (que chegou a 97.º e conquistou cinco títulos) e o português Pedro Sousa.
Atual número 112 do mundo, o lisboeta de 32 anos chegou ao 99.º posto do ranking ATP no arranque de 2019, mas foi nas primeiras semanas de 2020 que alcançou o melhor resultado da carreira, ao ser finalista do ATP 250 de Buenos Aires, na Argentina. Desde aí, participou noutras duas finais, mas do ATP Challenger Tour (uma das quais no Lisboa Belém Open). Com um total de sete títulos em 16 finais, é o mais credenciado dos três portugueses que já estão confirmados no Maia Open e continua a perseguir a marca do seu treinador, Rui Machado, que se tornou no tenista luso com mais títulos neste circuito (oito).
A Pedro Sousa juntam-se ainda João Domingues (173.º) e Frederico Silva (201.º). O oliveirense foi o melhor dos portugueses que foram a jogo na primeira edição do Maia Open, ao chegar às meias-finais, e já em 2020 alcançou o melhor ranking da carreira (150.º) depois de alcançar a segunda ronda do ATP 500 do Rio de Janeiro, um resultado que só fica atrás dos quartos de final que atingiu no Millennium Estoril Open de 2019, travado in extremis por Stefanos Tsitsipas, que acabaria por conquistar o torneio. No currículo, Domingues já conta com dois títulos Challenger, um deles em Portugal (foi na segunda edição do Braga Open, em 2019).
Já o caldense, é o único dos confirmados no quadro principal do Maia Open que ainda não conta com um título Challenger no currículo, mas este ano já triunfou perante os ex-top 50 Viktor Troicki, Martin Klizan, Sergiy Stakhovsky e Teymuraz Gabashvili e em Roland-Garros ficou à porta do primeiro quadro principal da carreira em torneios do Grand Slam. O melhor ranking da carreira foi alcançado na reta final de 2019 (chegou a 174.º) e desde aí tem dado passos largos em direção a novos feitos.
Os três portugueses já confirmados — e os que a eles se venham a juntar por intermédio de wild cards (há três à disposição da organização para o quadro principal e três para o qualifying) — tentarão inscrever pela primeira vez o nome de um jogador da casa na galeria de campeões de um torneio do ATP Challenger Tour na Maia, cidade que recebeu provas deste circuito em 1998 (Younes El Aynaoui foi o campeão), 1999 (Juan Carlos Ferrero, que chegaria a número 1 do mundo), 2000 (Andrea Gaudenzi, o atual presidente da ATP), 2001 (Jarkko Nieminen) e 2002 (Victor Hanescu).
Confirmado no Maia Open está, também, o “maratonista” Lorenzo Giustino (148.º), que chegou a Roland-Garros com apenas 4h13 passadas a competir em terra batida no circuito ATP durante toda a carreira (e zero vitórias em quadros principais ao mais alto nível) e fez história ao derrotar o francês Corentin Moutet por 0-6, 7-6(7), 7-6(3), 2-6 e 18-16 ao fim de 6h05, no segundo encontro mais longo de sempre no torneio francês e oitavo mais longo de toda a história do ténis.
No grupo dos oito cabeças de série provisórios (estão todos dentro dos 115 melhores do ranking) surge ainda aquele que tem sido um dos jogadores em maior destaque no ATP Challenger Tour desde que o circuito regressou: Aslan Karatsev (111.º), russo que no primeiro torneio derrotou os top 100 Jiri Vesely e Pierre-Hugues Herbert rumo à final de Praga, onde só perdeu para Stan Wawrinka, e que nas duas semanas seguintes conquistou dois títulos — um no segundo torneio de Praga e outro em Ostrava.
Com essas campanhas, Karatsev partiu para novos voos e nas semanas seguintes chegou à terceira ronda do qualifying de Roland-Garros (travado pelo futuro oitavo-finalista Sebastian Korda), à segunda ronda do ATP 500 de São Petersburgo (venceu o top 50 Tennys Sandgren), ao quadro principal do ATP 250 de Nur-Sultan e à segunda ronda do ATP 250 de Sófia.
Cabeças de série de acordo com a lista de inscritos: 1. Pedro Martínez (Espanha), 85.º ATP; Yannick Hanfmann (Alemanha), 98.º; Gianluca Mager (Itália), 99.º; Andrej Martin (Eslováquia), 105.º; Gregoire Barrere (França), 107.º; Aslan Karatsev (Rússia), 111º; Pedro Sousa (Portugal), 112.º; Ilya Ivashka (Bielorrússia), 113.º;
O quadro principal ficará completo com a atribuição dos wild cards, o desenrolar do qualifying (do qual se apuram quatro jogadores) e dois lugares destinados a special exempts — tenistas que alcancem pelo menos as meias-finais na semana anterior. Se não forem utilizadas, as duas vagas darão lugar a tenistas que compõem uma lista de alternates muito interessante.
O jogador em melhor posição para aceder ao quadro principal do Maia Open é o francês Alexandre Muller (211.º), seguido de dois espanhóis que já deram muitas cartas no circuito mundial e em Portugal em particular. Guillermo Garcia-Lopez (220.º) chegou a ocupar o 23.º lugar, conquistou cinco torneios ATP (em nove finais) e no nosso país alcançou meias-finais em três ocasiões, as duas primeiras no Jamor (perdeu para Gaston Gaudio em 2005 e para Frederico Gil em 2010) e a mais recente no Clube de Ténis do Estoril (travado pelo futuro campeão Richard Gasquet em 2015); e Tommy Robredo (224.º) foi número 5 do mundo e venceu 12 das 23 finais que disputou ao mais alto nível. No palmarés ainda conta com sete títulos Challenger — um deles conquistado em 2018 em Lisboa, onde interrompeu um jejum de cinco anos sem conquistas.
Aos dois tenistas do país vizinho segue-se Constant Lestienne, tenista que guarda boas recordações da Maia: na primeira edição, o francês (que tem na magia outra das suas paixões) superou João Domingues para chegar à grande final de singulares. Agora, como número 225 do mundo, ocupa o quarto lugar na lista de alternates, pelo que tem boas hipóteses de voltar ao evento.
É ainda de destacar o nome do argentino Marco Trungelliti (251.º e nono alternate), que em 2018 foi falado em todo o mundo ao fazer uma viagem de 10 horas de carro na companhia da mulher, o irmão e a avó de Barcelona até Paris, onde à última hora assinou como lucky loser (no qualifying derrotou Pedro Sousa antes de cair na ronda de acesso) e não só o fez como alcançou, pelo terceiro ano consecutivo, a segunda ronda do quadro principal, igualando o melhor resultado da carreira em torneios do Grand Slam. No ATP Challenger Tour tem sete finais disputadas e entre elas dois títulos, o mais recente (Florença 2019) à custa de Pedro Sousa.