Rivais desde sempre, amigos há muito, Dominic Thiem e Alexander Zverev vão partilhar o momento mais importante das respetivas carreiras quando entrarem no Artur Ashe Stadium na noite de domingo. Para o austríaco será a quarta final em torneios do Grand Slam, para o alemão a primeira e em ambos os casos a oportunidade única de inscreverem o nome na primeira página de um novo capítulo. Faltam menos de 48 horas para se conhecer o primeiro campeão masculino nascido nos anos 90 e a discussão coloca frente a frente os primeiros (e mais titulados) NextGen a explodirem em plena hegemonia dos Big Four.
Com 27 anos celebrados este mês, Dominic Thiem já não é novo nestas andanças. Depois de duas meias-finais (2016 e 2017) na terra batida de Roland Garros, o austríaco atingiu as duas finais seguintes: perdeu a primeira em três sets para Rafael Nadal e a segunda em quatro, deixando no ar uma cada vez mais realista passagem de testemunho — há quem fale nele como o herdeiro do trono… — para 2020, edição entretanto adiada de junho para outubro. Mas a prestação mais relevante chegou já esta época, quando reagiu de forma exemplar ao primeiro set e recuperou para agarrar uma liderança de dois sets a um contra Novak Djokovic no Australian Open.
Em Melbourne, a vitória voltou a escapar-lhe, mas foi a primeira vez que liderou uma final de um torneio do Grand Slam e deixou claro que está pronto para ter uma palavra a dizer.
Na última madrugada, afastou o vice-campeão de 2019, Daniil Medvedev, por 6-2, 7-6(7) e 7-6(5), para ganhar direito a mais uma oportunidade — e que oportunidade: 15 dias após entrar na bolha de Flushing Meadows como um dos grandes favoritos a aproveitar as ausências de Nadal e Roger Federer, e seis dias após concentrar no seu nome concordância quase absoluta em relação ao maior candidato à vitória depois da desqualificação de Djokovic, a hora de Thiem chegou.
Mais novo, Alexander Zverev precisou de esperar pelo estranho ano de 2020 para encontrar nos Grand Slams o sucesso que desde cedo conseguiu nos grandes palcos que lhes seguem: até janeiro nunca tinha chegado às meias-finais de um Grand Slam e os dois quartos de final em Paris (2018 e 2019) surgiam como únicas campanhas de destaque nas maiores provas do mundo.
Agora, o detentor de três títulos Masters 1000 (e outras três finais) e de um surpreendente troféu de campeão conquistado no Nitto ATP Finals de 2018 está finalmente a colocar o nome nas fases finais dos torneios que todos querem vencer e a primeira final foi garantida com a primeira reviravolta da carreira depois de estar a perder por dois sets a zero: 3-6, 2-6, 6-3, 6-4 e 6-3 frente a Pablo Carreño Busta numa meia-final dececionante, demasiado pautada pelos muitos erros de parte a parte e sobretudo pela performance do germânico, que estendeu o tapete ao espanhol durante a primeira metade do encontro (não é um exagero: cometeu 14 erros não forçados no primeiro parcial e 22 no segundo.
Ultrapassado um dia que foi de quase contraste total com o anterior, em que as meias-finais femininas cativaram espetadores e recolheram elogios pelos quatro cantos do mundo, chegou a hora de todas as decisões.
Dominic Thiem ou Alexander Zverev, um deles vai ser o campeão do US Open 2020.
Dominic Thiem ou Alexander Zverev, um deles vai ser o primeiro tenista masculino nascido nos anos 90 a vencer um Grand Slam.
Dominic Thiem ou Alexander Zverev, um deles vai ser o primeiro campeão da época pós-Big Three (que, não tendo ainda chegado ao fim, para lá caminha invariavelmente).
Dominic Thiem ou Alexander Zverev, um deles.
Quando? Domingo, 13 de setembro, a partir das 16h de Nova Iorque (21h em Portugal Continental).