Gastão Elias: “A partir do momento em que deixar de acreditar não jogarei mais”

A celebração após derrotar o francês Gael Monfils (então número 7 do mundo) no ATP 250 de Estocolmo

Enquanto acreditar que consegue superar o que já fez, Gastão Elias vai continuar a jogar. Foi essa uma das mensagens que partilhou na tarde deste sábado, quando respondeu a perguntas dos seguidores durante uma transmissão em direto na rede social Instagram.

Em “completo isolamento” em Caiobá, no litoral do Paraná, devido ao coronavírus, o português de anos explicou que ainda tem “algumas metas por alcançar” enquanto tenista profissional. “O meu melhor ranking [57.º em outubro de 2016] ainda pode ser superado e a partir do momento em que deixar de acreditar nisso não jogarei mais.”

Confiante de que “não falta muito em termos de nível” para regressar à elite dos 100 primeiros do ranking, Gastão Elias acredita que é totalmente possível regressar a esse grupo. “O que falta neste momento é consistência em termos físicos e acho que se estiver bem fisicamente e puder competir o ano todo mais cedo ou mais tarde vou lá voltar.

Depois de “uma combinação difícil de lesões” no ombro, na perna, no cotovelo e na zona lombar que afetaram os últimos dois anos de competição, o atual número sete nacional acredita que a partir de agora as coisas vão correr bem e esperava regressar aos 200 primeiros ainda este ano, mas… “Se houver torneios acredito que sim, mas agora vamos lá ver por quanto tempo é que isto dura.”

Os circuitos mundiais estão, recorde-se, suspensos até pelo menos ao dia 7 de junho.

Ciente de que “com o meu ranking atual vou ter de apostar mais nos torneios ITF”, Gastão Elias diz que “faz parte e acredito que o nível está lá, portanto é só uma questão de poder competir week in, week out, como se diz.”

Na mesma conversa com os seguidores, o jogador português falou sobre a forma como vai combater a quarentena necessária para superar o Covid-19 e deixou vários conselhos aos seguidores, mas também abordou a importância do trabalho mental no ténis profissional.

“O trabalho mental é sem dúvida muito importante. Sem força mental não se chega a lado nenhum. Em percentagens é muito difícil de dizer mas acho que estar bem preparado fisicamente vai ajudar muito um atleta em termos mentais e vice-versa. Complementam-se uma à outra e para ter sucesso num desporto profissional, e no ténis neste caso, tens de as ter muito bem alinhadas. Vendo os jogadores que andam no circuito e o sucesso que têm, acho que a parte técnica está cada vez a ser menos importante. Ainda acredito que é muito importante trabalhá-la mas depois vemos um jogador do top 20 e ficamos de boca aberta a pensar como é que este jogador chegou tão longe com esta técnica, por exemplo o Medvedev que arrasa com todo o mundo e deixa o pessoal a pensar novamente sobre o que é certo e errado, bom e mau.”

E até o futuro foi motivo de conversa: “Desligar do ténis nunca vou. Ser treinador é uma hipótese. Acho um bocadinho injusto levar comigo e não partilhar com ninguém os conhecimentos que tenho de tantos anos a jogar ténis, porque já lá vão quase 30 anos. Está tudo em aberto”.

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