O dia chegou e Rafael Nadal e Nick Kyrgios mediram forças no tão aguardado encontro da segunda ronda, com o maiorquino a sair por cima para alcançar a terceira eliminatória do torneio de Wimbledon pela 10.ª vez na carreira.
O antecipado embate já tinha dado muito que falar mesmo quando ainda não estava confirmado e ainda mais tinta fez correr nas horas que o antecederam, uma vez que o australiano foi avistado num dos muitos pubs situados nas imediações do All England Club na noite de quarta-feira — a véspera do reencontro, cinco anos depois de ter surpreendido o espanhol.
A primeira pergunta da conferência de imprensa desta quinta-feira foi precisamente sobre a “saída” que o australiano teve e a resposta não poderia ter sido mais clara: Nick Kyrgios acha que não teria jogado melhor se não tivesse ido ao pub e não teve rédea curta para o jornalista. “Estás demasiado entusiasmado enquanto perguntas isso, deves ter uma vida aborrecida.”
Pouco depois, o número 43 do mundo admitiu… Que tentou atingir o adversário de propósito. Numa das subidas à rede, Kyrgios “disparou” uma direita na direção de Nadal e não pediu desculpas ao acertar-lhe (o espanhol ainda foi a tempo de se proteger com a raquete), comportamento que explicou na conferência de imprensa. “Porque é que haveria de pedir desculpa? Não lhe vou pedir desculpas. Sim, queria acertar-lhe mesmo no peito. Ele já venceu quantos torneios do Grand Slam? Tem quanto dinheiro na conta bancária? Acho que pode aguentar levar com uma bola no peito. Não lhe vou pedir desculpa de forma alguma.”
Numa conversa demorada com os jornalistas, o irreverente tenista australiano deixou ainda críticas ao árbitro, que considerou horrível. “Foi terrível. Eu estava a servir, a começar a minha rotina e de repente o Rafa diz para parar e eu fico… Quero dizer, a regra diz que se tem de jogar ao ritmo do servidor. E o árbitro sentiu-se importante na cadeira. A forma como lidou com o encontro foi péssima mas não foi definitivamente por isso que perdi.”
Apesar de se ter desviado de algumas perguntas, Kyrgios ainda acedeu a um pedido de um jornalista e disse saber do que é capaz, revelando ainda não estar muito desiludido. “Sei o nível que consigo produzir, o que consigo jogar. Não treino o suficiente, não tenho um treinador, não vou ao ginásio e mesmo assim consigo entrar no court e competir contra um dos melhores do mundo a um nível com que quase ganho o jogo. Claro que há coisas que posso fazer melhor mas gosto da forma como faço as coisas. Para mim não é assim tão importante ganhar”, concluiu, já depois de ter deixado muitos elogios à forma como Rafael Nadal se exibiu e aos feitos alcançados pelo atual número dois do mundo durante toda a carreira.