Longe vão os tempos em que adolescentes de 14 anos conquistavam títulos em torneios do Grand Slam, mas os mais novos continuam a dar que falar e se nos dias de hoje há nome que salta à vista há já um par de anos é o de Cori Gauff — uma das novas coqueluches do ténis nos Estados Unidos da América que prefere a alcunha “Coco”.
Nascida em Atlanta a 13 de março de 2004 — estava o Campeonato Europeu de Futebol realizado em Portugal quase a arrancar… —, a jovem norte-americana já está debaixo dos radares dos mais atentos há modalidade há algum tempo, mas foi esta semana que se apresentou ao “resto do mundo”.
A razão? Passou mais um teste com distinção. E não, não falamos de um teste de ciências a que teve de responder com recurso à internet entre encontros, mas sim das três vitórias na fase de qualificação de Wimbledon que fazem dela a mulher mais nova a qualificar-se para o Grand Slam britânico desde que a Era Open começou, em 1968.
Antes de prosseguirmos, fazemos uma curta pausa para reforçar a informação: aos 15 anos, Cori Gauff está no quadro principal do torneio de ténis mais importante do planeta por mérito próprio, respondendo da melhor forma ao wild card que a organização lhe entrou para o qualifying.
O carimbo foi feito graças a uma esclarecedora vitória por 6-1 e 6-1 em apenas 55 minutos frente a Greet Minnen, depois de ter realizado um teste à distância em que se mostra confiante de conseguir “pelo menos um B” — nos EUA a nota mais alta é um A — e de já ter vencido Valentuna Ivakhnenko (parciais de 6-2 e 6-3) e Aliona Bolsova, a primeira cabeça de série do qualifying e que ainda há um mês atingiu os oitavos de final em Roland Garros (por 6-3 e 6-4 ).
Com sangue de desportista — o pai jogou basquetebol e a mãe praticou atletismo —, Cori “Coco” Gauff está, na verdade, mais do que habituada a destacar-se pelos feitos que alcança apesar da tenra idade: dezembro de 2016, sagrou-se campeã do prestigiado Orange Bowl júnior sem ceder qualquer set nos sete encontros que disputou, isto numa altura em que tinha nada mais, nada menos do que… 12 anos.
Semana após semana, o sucesso da jovem norte-americana começou a ganhar novos patamares e uma rápida passagem pelo currículo no circuito juvenil termina com todas as dúvidas: depois de ter sido vice-campeã do US Open em 2017, venceu Roland Garros no último ano e logo a seguir o prestigiado torneio organizado em Roehampton, nos mesmos courts onde agora voltou a brilhar para garantir o ingresso para o quadro principal. Sem surpresas, tornou-se na número um júnior mais jovem de toda a história.
Porque os resultados chamam cada vez mais à atenção, Cori Gauff já tem, inclusive, contratos milionários: só nos últimos meses, assinou acordos com marcas como a New Balance (que venceu uma guerra intensa com a Nike), a Head e a Barrilla (a mesma produtora de massas que patrocina Roger Federer) que lhe asseguram um milhão de euros em ganhos fora dos courts ao longo da atual temporada. Tem, repetimos, apenas 15 anos.
A ajudá-la nas prestações longe das linhas tem Alessandro Barel Di Sant Albano, o italiano que faz parte da TEAM8, a empresa de gestão de carreiras criadas por Roger Federer e o seu agente desde sempre, Tony Godsick.
Com o mundo do ténis a seus pés, Cori Gauff tem agora os holofotes apontados ao seu nome. Mas independentemente da história que consiga escrever em Wimbledon ao longo das próximas duas semanas terá um percurso limitado — tudo por causa da regra de elegibilidade relacionada com a idade das jogadoras.
A regra limita o número de torneios profissionais que as jogadoras jovens podem disputar para evitar um burn-out. Foi implementada em 1995, como reação a vários casos semelhantes e em particular o de Jennifer Capriati, que se tornou profissional (e, logo a seguir, uma estrela e milionária) aos 13 anos e teve muitas dificuldades em reagir à ascensão supersónica, e tem os seguintes contornos:
- Até aos 13 anos, é proibida a participação em quaisquer eventos dos circuitos WTA e ITF (profissional), bem como em encontros da Fed Cup e Jogos Olímpicos;
- Aos 14 anos, as jogadoras podem disputar um máximo de oito torneios profissionais por ano, bem como um máximo de 18 torneios juniores;
- Aos 15 anos, são permitidas 10 participações em torneios WTA e a disputa de encontros na Fed Cup;
- Aos 16 anos, o número de torneios aumenta para 13;
- Aos 17, as jogadoras já podem participar em 17 torneios;
- E a partir dos 18 são livres de disputarem quantos eventos quiserem.
