Oito anos depois do último encontro, Rafael Nadal e Roger Federer voltaram a encontrar-se na terra batida de Roland Garros. E o desfecho final voltou a ser o mesmo: a vitória do espanhol, por 6-3, 6-4 e 6-2, para chegar pela 12.ª vez na carreira à grande final.
Surpreendente? Nem por isso, mas ainda assim digno de todas as atenções que recebeu.
Apesar de não ser a rivalidade mais repetida da história do circuito, aquela que coloca frente a frente o espanhol e o suíço é a mais celebrada pelo carisma, palmarés e uma certa aura que quer um, quer outro reúnem. E era vista como muito improvável de voltar a acontecer no torneio do Grand Slam parisiense, pelo que a confirmação com o desfecho dos quartos de final entusiasmou — e de que maneira — os apaixonados pelo circuito.
Só que dentro do campo o espetáculo acabou por não ser aquele com que todos sonhavam. Primeiro porque as terríveis condições atmosféricas perturbaram e muito a qualidade de jogo — desde o momento que entraram em campo que tiveram de lidar com rajadas de vento muito fortes — e depois porque bem, em terra batida, já se sabe, o domínio pertence sempre a um deles.
E por isso, tal como em 2005 (meias-finais), 2006 (final), 2007 (final), 2008 (final) e 2011 (final), voltou a ser Rafael Nadal quem venceu. Desta vez, para colocar um ponto final na série de cinco vitórias consecutivas de Roger Federer e voltar a vencer o seu arquirrival mais de cinco anos depois (o último triunfo do espanhol datava das meias-finais do Australian Open 2014).
Antes do encontro começar já se sabia que, não sendo boas para o espetáculo, as condições ventosas poderiam favorecer Nadal. Federer, por sua vez, precisava de um ténis agressivo, bem apoiado nas muitas investidas à rede que tantas alegrias (e descanso) lhe deram nos dias anteriores, mas o suíço não conseguiu replicar o sucesso das rondas anteriores e nem na parte mais avançada do court foi bem sucedido: venceu apenas 48% (17 de 35) desses pontos, pecando muitas vezes pela tomada de decisões que abriram ainda mais espaço a que o tenista espanhol explorasse a sua metade do campo.
Desperdiçar as poucas hipóteses de que se dispõe contra Rafael Nadal em terra batida significa, quase sempre, acabar com o encontro perdido e o segundo set deixou isso bem evidente: ao 4-4, Roger Federer dispôs de um 40-0 no serviço e acabou por perder cinco pontos consecutivos que inverteram por completo o rumo do marcador, dando ao recordista de títulos em Paris a janela de oportunidade perfeita para dilatar a vantagem.
Foi o fim do encontro para o helvético de 37 anos, que mentalmente desligou da batalha e não mais conseguiu fazer frente ao maiorquino, que por sua vez embalou e depois da quebra segurou o jogo de serviço sem perder qualquer ponto para agarrar uma vantagem de dois sets a zero. Pouco depois, Nadal conseguiu o break no arranque da terceira partida, os erros do outro lado do campo continuaram a aumentar e foi uma questão de tempo até conseguir a vitória, a 24.ª em 39 encontros contra Federer. E que vitória, e que performance, sobretudo tendo em conta o vento que os assombrou do primeiro ao último ponto.
Uma dúzia de finais
Pode parecer inacreditável, mas belisque-se porque assim é: ao derrotar Roger Federer, Rafael Nadal garante a presença na final de singulares masculinos de Roland Garros pela 12.ª vez na carreira.
O registo (11-0) do espanhol em decisões no Court Philippe-Chatrier não deixa dúvidas em relação ao favoritismo que levará, por isso, para o duelo decisivo, seja ele contra Novak Djokovic (contra quem venceu as finais de 2012 e 2014, apesar do sérvio ser apenas um dos dois a poder dizer que o derrotou em Roland Garros) ou Dominic Thiem (o adversário que derrotou no encontro decisivo da edição transata).