LISBOA – Laura Gulbe tem 21 anos e está a dar os primeiros passos enquanto tenista profissional. Ernests Gulbis tem 28 e já esteve no top-10 mundial. Os dois são irmãos e têm uma relação “muito divertida”, mas o entusiasmo pára quando a conversa chega… Ao ténis. Em Lisboa a disputar o torneio ITF organizado pelo Lisboa Racket Centre, a irmã do ex-número 10 mundial esteve à conversa com o Ténis Portugal.
Respiram e vivem ténis, mas quando a hora da conversa chega partem automaticamente para outros assuntos. Não por falta de informações para trocar, porque estando Laura no circuito universitário norte-americano e Ernests no circuito profissional muitas seriam as impressões a surgir, mas por opção. Uma opção que é respeitada quase à risca e arranca sorrisos de parte a parte, como contou a jovem promessa letã.
“Ser irmã do Gulbis é muito divertido. Gosto muito dele e falamos muito um com o outro, mas raramente sobre ténis. Não gostamos nada de o fazer.” E quando diz “nada”, Laura Gulbe quer mesmo dizer… Nada. Nem quando a conversa é tida em vésperas de um encontro e poderia servir como troca de conselhos: “Na quinta-feira pedi-lhe conselhos sobre como jogar ao vento [antes do encontro dos quartos de final] mas ele não me disse grande coisa.”
O desporto que ambos praticam é mesmo o único (quase) tabu das conversas dos irmãos, ambos filhos de Ainars Gulbis — um multimilionário que é constantemente apontado como um dos homens mais ricos da Letónia e não vindo o ténis à baila “temos um ambiente excelente numa família de desportistas, mesmo passando vários meses longe.”
Depois de mais um (o segundo) ano dedicado à universidade — treina em Pepperdine, na Califórnia, e em 2014/2015 foi distinguida com o título de “Freshman of the Year” –, Laura aterrou em Portugal para dois torneios e de cá sai com nove vitórias: quatro em Amarante, onde ultrapassou o qualy rumo à segunda ronda do quadro, e cinco em Lisboa, onde repetiu e melhorou a proeza para chegar aos quartos de final. Mas a passagem pelo país já não é nova para Laura Gulbe, que em 2010 se tinha sagrado vice-campeã de singulares do Grade 4 do Porto (a Taça Diogo Nápoles) e, em 2011, do G4 de Leiria.
Por agora, vai continuar concentrada nos estudos e o circuito universitário, onde é acompanhada por “uma equipa muito completa, que nos acompanha a toda a hora.” E quando diz “a toda a hora”, Laura quer mesmo dizê-lo: “Aqui em Portugal jogava às 4h de lá (Estados Unidos) e mesmo assim o meu treinador acordava para seguir os meus jogos e depois falava sempre comigo.”
Em Portugal ou nos Estados Unidos da América, terá sempre o Skype ligado à espera de uma chamada da família. E será uma conversa onde se falará de tudo… Menos ténis.