Pedro Sousa também perde e Portugal fica obrigado a recuperação inédita

Portugal já sabia que teria uma missão difícil pela frente em Astana, mas com os desenvolvimentos da primeira jornada o cenário complicou-se ainda mais: se no início da eliminatória a seleção portuguesa procurava a primeira vitória fora de portas desde setembro de 2013, agora está obrigada a fazer o que nunca conseguiu para assinar uma página histórica na Taça Davis. Ou seja, recuperar de uma desvantagem de 2-0 em piso rápido.

Depois da derrota de João Sousa, que foi surpreendido no encontro que Portugal tinha mais probabilidades de ganhar, foi a vez de Pedro Sousa ser derrotado: o favorito Mikhail Kukushkin (55.º ATP) venceu, por 6-2 e 6-0, para dar ao Cazaquistão o melhor resultado possível após o primeiro dia, que marcou a estreia de Rui Machado como capitão do conjunto luso.

A teoria avisava que este seria o encontro mais difícil da jornada para as cores portuguesas, não só pelo melhor ranking e maior experiência do adversário mas também — e talvez sobretudo — pelas condições em que se jogava: em piso rápido (ainda que não muito rápido e com ressaltos baixos) Kukushkin é mais forte do que Sousa, que apesar das melhorias das últimas semanas continua a sentir-se consideravelmente mais à vontade no pó de tijolo.

Sempre muito consistente, o tenista da casa conseguiu uma quebra de serviço no jogo inaugural e não mais olhou para trás, vencendo rapidamente o primeiro parcial para plena satisfação da grande maioria dos cerca de 2.000 adeptos que preencheram as bancadas do Daulet National Tennis Centre. Do outro lado do court, Pedro Sousa deu sinais de estar magoado no cotovelo direito (foi assistido pelo fisioterapeuta da equipa portuguesa, Carlos Costa, no final do primeiro set) e o reatar do encontro viu a diferença entre ambos aumentar, com Mikhail Kukushkin a aproveitar o dia menos feliz e a falta de oposição do número dois português para caminhar tranquilamente em direção ao 24.º triunfo em encontros de singulares disputados na competição.

Uma missão não impossível mas cada vez mais difícil

Com o resultado negativo do primeiro dia, os comandados de Rui Machado vêem-se agora obrigados a vencer os três encontros da jornada de sábado para ultrapassarem o Cazaquistão e chegarem pela primeira vez na história à fase final da competição.

Os números dizem-nos o que nenhum português quer ler neste momento: das 14 vitórias por 3-2 que compõem o historial da seleção lusa na Taça Davis, apenas uma se deu depois de Portugal perder os dois primeiros singulares: foi em julho de 2005, no Estádio Nacional do Jamor, quando a equipa então comandada por Pedro Cordeiro derrotou a Algéria.

Mas há um outro registo que neste momento caminha contra a armada lusa: essa reviravolta foi operada na terra batida, o que significa que Portugal nunca conseguiu aquilo que está obrigado a fazer este fim de semana — inverter uma desvantagem de 2-0 numa eliminatória em piso rápido.

Para o fazerem, os heróis do mar terão de começar por vencer o encontro de pares: com as novas regras da Taça Davis, o segundo e último dia de ação arranca com o confronto de duplas (João Sousa/Gastão Elias e Timur Khabibulin/Aleksandr Nedovyesov são, para já, as duplas escolhidas, mas quer um quer outro capitão podem proceder a alterações). Pouco depois jogam-se os encontros de singulares e também aí o grupo luso não teria qualquer margem de manobra: João Sousa estaria obrigado a vencer Mikhail Kukushkin para que Pedro Sousa pudesse tentar a reviravolta final frente a Alexander Bublik.

Difícil, mas para já não impossível. E a história está sempre à espreita de “primeiras vezes”…

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