Nove anos depois, aí está ele: Juan Martin del Potro liderava por dois sets a zero quando viu Rafael Nadal desistir devido a dores intensas no joelho direito e está de regresso à final do US Open, um torneio que venceu em 2009 depois de passar pelo tenista maiorquino na mesma fase. É o culminar do regresso de um lutador, que esteve perto de abandonar o desporto e percebe melhor do que ninguém a situação vivida pelo adversário.
“Não acredito que vou ter a oportunidade de jogar outra final do Grand Slam aqui, em Nova Iorque, no meu torneio favorito. Vai ser um grande desafio, porque tenho lidado e lutado com muitos, muitos problemas para voltar a viver este momento”, desabafou a “Torre de Tandil” na conferência de imprensa.
A carreira de Juan Martin del Potro tem sido manchada por lesões, problemas físicos esses que teimam em aparecer quando o tenista argentino volta aos grandes resultados e que, de uma forma geral, levaram a um consenso na comunidade do ténis: não fossem elas, “Delpo” seria um jogador com um currículo ainda maior.
Não é, por isso, surpresa que esse tenha sido um dos grandes temas da conversa com os jornalistas depois de selar o regresso à final, com del Potro a confessar que “o pior momento [devido às lesões] foi em 2015, quando estive perto de desistir do ténis porque não conseguia encontrar uma solução para os meus problemas nos pulsos. Tenho sofrido muito, fiquei deprimido durante alguns meses porque não me conseguia sentir bem comigo próprio e passar por tudo outra vez.”
Mas a maré de azar já lá vai. Nos dias de hoje, é não só o número 1 argentino como o terceiro melhor tenista do mundo — a sua melhor classificação de sempre — e em 2018 venceu, finalmente, o seu primeiro torneio de categoria Masters 1000, em Indian Wells. Razões pelas quais agora diz que está “tudo completamente no passado, agora estou a viver um bom presente e entusiasmado com o futuro. Não esperava conseguir ter este tipo de emoções outra vez graças ao ténis. Chegar a finais, conquistar títulos, ter o meu melhor ranking, neste momento é tudo praticamente perfeito.”
Um desafio chamado Djokovic
A separá-lo do seu segundo título do Grand Slam, Juan Martin del Potro tem “The Djoker”. Indiscutivelmente um dos melhores jogadores de sempre, Novak Djokovic qualificou-se com distinção para a sua oitava final em Flushing Meadows — o palco onde tem mais — e quer igualar o registo de Pete Sampras, que tem 14 títulos Major, para ficar na terceira posição.
O sérvio é favorito, pelo currículo, frente a frente (14-4) e também porque vem da vitória em Wimbledon, mas o argentino já provou que o consegue derrotar em grandes momentos — entre os quais dois encontros nos Jogos Olímpicos — e quer repetir a proeza.
Para isso, sabe que “Quando joguei com o Roger [Federer], há nove anos, ele também era o favorito. Vou tentar surpreender outra vez. Vai ser um encontro muito difícil mas tratando-se de uma final tudo pode acontecer.”