MARBELLA – De Lisboa a Marbella são cerca de 700km e foi essa a distância que esta quinta-feira fizemos tendo o Club de Tenis Puente Romano como destino. Em causa está a primeira ronda do Grupo Mundial da Taça Davis, onde Espanha e Grã-Bretanha medem forças.
Mas para os jogadores tratou-se de uma viagem muito maior — na maioria dos casos, desde Melbourne, talvez com um ou outro “pit stop” pelo meio. Agora, chegou a hora de defenderem as cores dos seus países e brilharem. Literalmente. Porque sem dois dos elementos dos Big Four presentes, terão o fim de semana todo para se mostrarem.
É que com Rafael Nadal (há muito o melhor tenista espanhol) e Andy Murray (o mesmo em relação à Grã-Bretanha) de fora dos baralhos, esta torna-se numa eliminatória de primeira com a atenção a recair nas “segundas linhas” das duas equipas — e que segundas linhas. Passamos a explicar.
O primeiro dia de ténis no elegante clube instalado num dos vários resorts de luxo em Marbella, que promete acolher 8.000 espetadores por jornada (antes de iniciarmos viagem os bilhetes estavam praticamente todos vendidos — e engane-se quem pensar que os preços eram super “apelativos”), não vai contar com nenhum dos melhores jogadores convocados.
Do lado espanhol, Pablo Carreño-Busta (o campeão do “nosso” Millennium Estoril Open) fica de fora por opção conjunta com o capitão Sergi Bruguera, enquanto do britânico a grande estrela de serviço, Kyle Edmund, também não irá a jogo. Vindo das primeiras meias-finais em torneios do Grand Slam, o ex-parceiro de Frederico Silva (juntos conquistaram dois títulos em júniores) ainda não recuperou totalmente das mazelas sentidas na anca e não pode entrar nos planos do capitão Leon Smith para o primeiro dia.
Assim, serão as segundas linhas a entrar em jogo na jornada desta sexta-feira, que tem início marcado para as 11h (-1 em Portugal Continental). Em vantagem ainda antes da bola saltar? A Espanha, claro. Se em condições normais a equipa da casa já seria favorita — por isso mesmo, pela superfície que escolheu (a terra batida) e, claro, pelo elenco, com todas estas ausências o “país vizinho” fica ainda mais favorito.
Senão vejamos: no primeiro dia, Bruguera lançará para o campo Albert Ramos e Roberto Bautista Agut, dois jogadores mais do que habituados a jogar no pó de tijolo e que são, respetivamente, 21.º e 23.º classificados do ranking. Nada mau para uma “segunda linha”, não é? Mas e então… Os britânicos: bem, a jogo nesta sexta-feira irão Liam Broady (165.º) e Cameron Norrie (114.º), jogadores que no acumulado somam zero encontros na Taça Davis. Sim, leu bem, zero encontros — será dia de estreia para os dois.
Ao já referido Pablo Carreño-Busta, que provavelmente só será chamado a singulares em caso de extrema necessidade, juntam-se ainda os bem experientes Feliciano Lopez (que deverá ir a jogo com ele em pares, no sábado) e um “senhor Taça Davis”: David Ferrer que aos 35 aos é o 39.º do ranking, já foi nomeado por 22 vezes e disputou 19 eliminatórias, somando 27 vitórias contra apenas 4 desaires em singulares. Os números Os números são ainda mais impressionantes se consideradas apenas as características desta eliminatória, isto é, terra batida ao ar livre — 16 vitórias, 0 derrotas.
Do outro lado, se Kyle Edmund vai a jogo ou não ainda não se sabe, mas o britânico nascido na África do Sul é a grande esperança da equipa visitante, que sem ele vê a sua tarefa complicar-se ainda mais. Mas, como tanto se diz, a esperança é a última a morrer, e quem sabe a inexperiência não se transforme em surpresa. Se assim fosse, os comandados de Leon Smith partiriam cheios de moral para o encontro de pares, onde têm os seus maiores trunfos: Jamie Murray (que já foi número 1) e Dominic Inglot, dois especialistas.
O sol já se pôs e a noite está a começar. São as últimas horas de descanso (tanto para eles, como para nós) antes do começo de uma eliminatória que vale um lugar nos quartos de final, frente à Alemanha ou Austrália. Ready? Play!