O amor não tem idades

O amor não tem idades. É por esta máxima que se regem muitos, é por esta máxima que Victor Estrella Burgos acorda todos os dias para pouco depois pegar numa raquete de ténis e ir para o court. Tem trinta e quatro anos. A idade está longe de ser um condicionamento à sua performance e provas disso são os resultados alcançados na presente temporada. Ante-ontem, repito, aos trinta e quatro anos, apurou-se pela primeira vez para a terceira ronda de um torneio Major. Mais do que isso, demonstrou em campo todo o seu amor pelo que faz.

Pisar um campo de ténis pela primeira vez é fácil. A medo, talvez, mas basta entrar, pegar na raquete e arriscar. Não corre bem à primeira, talvez nem à segunda, mas há de acontecer. Ganha-se o gosto e regressa-se com ânimo. Uma e outra vez. Durante um, talvez dois anos, até que os verdadeiros apaixonados continuam. Burgos não é um verdadeiro apaixonado. Burgos, da República Dominicana, é O apaixonado; um exemplo de que a perseverança compensa.

Acordar com o pôr do sol e regressar quando se ganha é fácil; ninguém quer desistir num bom momento de carreira. Mas Estrella Burgos não teve dias brilhantes, em que subiu a palcos para receber grandes troféus e nos quais milhares de fãs o passaram a admirar. Teve sim uma carreira discreta — como a maior parte, aliás.

Profissional há doze anos,  o tenista dominicano precisou de esperar os mesmos doze anos até entrar no top100 mundial — tornando-se mesmo no primeiro atleta do seu país a fazê-lo. Pelo meio, colocou a vida de tenista profissional em suspenso para se dedicar ao ensino aos mais novos. Numa carreira maioritariamente preenchida por Futures (21 títulos) e Challengers (4), foi apenas este ano que conseguiu disputar um quadro principal de um torneio do Grand Slam.

Parou aos pés de Jerzy Janowicz mas não sem lhe ‘roubar’ um set, até que, em Flushing Meadows, contou a sua história de amor ao mundo. Somou vitórias sobre Igor Sijsling e Borna Coric para marcar encontro com o canadiano Milos Raonic. Declarou-se aos Majors. E que melhor reação a uma declaração que a do público após o histórico e tão emocionante apuramento para o round 3?

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