“As coisas alinharam-se para que corresse bastante mal” e Elias sai do Jamor com dúvidas sobre o caminho

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS — As três semanas de Indoor Oeiras Open ficaram longe de levar Gastão Elias aos voos pretendidos e o tenista português terá de procurar noutras paragens os pontos que lhe permitam regressar ao patamar superior, mas os resultados desapontantes não lhe retiraram confiança e crença no trabalho voltou a ser nota dominante na derradeira análise no Jamor.

“Não foi dos melhores encontros que fiz aqui, acho que… as coisas alinharam-se para que corresse bastante mal. Ele é um jogador que me dá muito pouco ritmo, eu não estava propriamente num dos melhores dias e se calhar precisava de mais ritmo para entrar no jogo e começar a sentir-me confortável. Não estava a sentir bem a bola, estava com dificuldades só para meter a bola dentro e havia bolas em que sentia que não tocava na bola e ela fugia quatro metros para fora, havia outras em que eu sentia que batia com intensidade e quase batiam no court antes de ficarem na rede… foi um dia menos bom”, desabafou o mais velho dos tenistas portugueses em atividade (34 anos) depois de uma exibição apagada que resultou na derrota por 6-3 e 6-2 para o qualifier cazaque Beibit Zhukayev (244.º).

Garantindo que “nada mudou” em relação às semanas anteriores, Elias manteve a tónica da conferência de imprensa anterior, então de rescaldo à derrota para o canadiano Alexis Galarneau (198.º): “Sinto-me a jogar muito bem e a treinar muito bem.” 

“Mas é normal isto acontecer algumas vezes durante o ano”, continuou. “Temos de lutar para que não aconteça muito, mas é impossível fazer um ano a jogar bem do início ao fim. Há jogos que são assim e se o Alcaraz, nos quartos de final do Australian Open, pode ter um mau dia, também me pode acontecer a mim a jogar aqui em Oeiras. Há que ser forte mentalmente e perceber que isto é um episódio à parte do resto e que é continuar.”

E então continuará, ainda que nesta altura, por conta do ranking (esta semana está no 372.º lugar, na próxima recuperará duas dúzias de lugares), sejam mais as dúvidas do que as certezas em relação ao que se segue: “O meu próximo torneio vai ser o Challenger de Tenerife, depois vai depender um pouco de como correm as coisas. Há duas semanas lá, mas se não correr bem [o primeiro] tenho de pensar se fico lá à espera para jogar mais um torneio ou se venho jogar alguns torneios do Algarve para ganhar mais ritmo competitivo e ir atrás de mais vitórias. Mas os torneios aqui também vão estar bem duros, há muito bons jogadores nestes torneios e portanto há que analisar bem as coisas, o calendário e ver como estou psicologicamente.”

Questionado, como o amigo Frederico Silva na véspera, acerca da possibilidade de insistir por algumas semanas nos torneios de categoria inferior que vão acontecer na região algarvia (seis consecutivos) para colher pontos que o ajudem a reafirmar-se a nível Challenger, Gastão Elias elaborou o dilema que tem vivido: “Desde muito novo que tentei sempre atirar-me para cima e não para baixo, ou seja, sempre tive a mentalidade de jogar os torneios grandes se entro nesse tipo de torneios. Mas o que a ATP fez no ano passado com os pontos baralhou-nos um bocado as coisas, porque a verdade é que agora quase não faz sentido jogar o qualifying de Challengers, que foi o que fiz no ano passado. Acabei o ano com a sensação de que tinha ganho muitos encontros, com boas vitórias e um bom ritmo de jogo, mas isso não se traduziu no ranking porque os pontos estão uma ‘salganhada’, digamos assim. A verdade é que se agora decidir jogar torneios ITF o ano inteiro provavelmente acabo com muito melhor ranking do que se jogasse Challengers o ano inteiro. Se calhar faz mais sentido agora jogar estes torneios só de 25 pontos e quem sabe fazer com o Jaime [Faria] fez no ano passado, ganhar quatro, [conquistar] 100 pontos e ficar com o ano praticamente garantido. É uma luta interna que tenho há algum tempo e para já eu e a minha equipa técnica temos decidido sempre puxar-me para cima, mas às vezes é preciso dar um passo atrás para depois dar dois em frente.”

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