Entre o delírio e a adaptação, Jaime Faria voltou a casa a meio gás

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS — O grau de exigência era elevadíssimo e Jaime Faria acabou por não conseguir pintar a cores o regresso a Portugal depois do brilharete em Melbourne, tarefa quase hercúlea que ficou ainda mais difícil por causa de uma mazela física. Agora que já voltou à terra segue-se a outra, a batida, com novos voos à espera.

“Não foi um encontro muito bem conseguido. Ele também teve muito mérito pela maneira como serviu e se manteve sempre distante no resultado. Conseguiu sempre fazer o break nas fases inicias e foi-se distanciando com o serviço, tem muita qualidade e para ser sincero eu não tive muitas hipóteses na resposta”, reconheceu o jovem português de 21 anos no seguimento da derrota para o suíço Marc-Andrea Huesler (163.º), campeão de um torneio ATP em 2022, no primeiro encontro depois de defrontar Novak Djokovic na Rod Laver Arena.

“Não estive a 100%, dói-me o joelho esquerdo e no serviço custou-me um bocadinho. Não consegui ter boas percentagens, estava a forçar um bocado a coisa, mas decidi ir até ao fim do jogo. Não sei se foi a melhor decisão, mas ele teve o seu mérito”, revelou o número dois nacional, que apesar do pouco tempo de adaptação — e sobretudo digestão — não quis abdicar do Indoor Oeiras Open 3 porque “um torneio em casa com 100 pontos em jogo é demasiado bom para não se jogar.”

As dificuldades sentidas no joelho vêm de Melbourne e devem-se a “um tendão inflamado” que surge na sequência da “sobrecarga, com muitos encontros, muitas horas em campo e algo a que eu não estava habituado, que são encontros com mais de três sets e toda a pressão acumulada.”

A atravessar a melhor fase da carreira, Faria viveu “duas semanas muito intensas” que resultaram em mais atenção e mais requisitos do que aqueles a que estava habituado, consequência natural de quem brilhou e fez história num dos maiores palcos do mundo.

Agora, há que deixar para trás tudo isso e abraçar o pó de tijolo — primeiro ao serviço da seleção nacional na deslocação ao Mónaco, depois para competir no circuito ATP, assunto que abordou com uma histórica curiosa à mistura: “O [Andy] Murray até ficou um bocado impressionado com essa decisão. Estávamos a falar no refeitório depois do encontro, ele perguntou-me onde é que eu ia jogar assim e eu respondi-lhe ‘terra batida na América do Sul’. Ele ficou impressionado, mas eu expliquei-lhe que me sinto melhor em terra, no ano passado tive mais jogos em terra e foi uma decisão tomada antes do Australian Open. Acho que são torneios espetaculares e mais experiências que vou acumular.”

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