MAIA – A sétima edição do Maia Open encerra este domingo e os grandes protagonistas são Damir Dzumhur e Francesco Passaro. Ambos vieram a Portugal com Melbourne na mente. O primeiro já cumpriu o propósito da semana e agora quer mais, o outro precisa do troféu para passar à lista dos 100 melhores do mundo pela primeira vez. O princípio do fim de 2024 tem hora marcada para as 11 horas no Complexo Municipal de Ténis da Maia e a entrada é livre.
Os objetivos são comuns, mas os caminhos são distintos, o palmarés diametralmente oposto e o mais cotado até parte mais leve por ter o destino australiano traçado. Com as quatro vitórias maiatas, Damir Dzumhur selou a sexta final de 2024 (tem cinco títulos) e 24.ª da carreira no ATP Challenger Tour, circuito no qual soma um impressionante registo de 13 títulos. “Quem pensa que é fácil ganhar um Challenger está enganado. Não é nada fácil”.
Falou quem sabe e o certo é que o triunfo sobre Frederico Silva foi do mais difícil possível. Depois, o melhor jogador da Bósnia e Herzegovina abriu o livro e bateu cotados terráqueos em Albert Ramos-Vinolas e Federico Coria com a maior naturalidade possível. “Estou a jogar bom ténis novamente. Só dá para vencer este tipo de jogadores em terra quando me sinto bem e nestes últimos dois dias senti-me bem em. Espero continuar assim na final para ganhar”.
Mesmo que ceda pela primeira vez numa final na presente temporada, Damir Dzumhur sabe que não vai necessitar de jogar o qualifying do primeiro Major de 2025. “Claro que vou estar mais relaxado, mas uma final é sempre uma final. Não quero estar demasiado relaxado porque não é bom”. Para isso, convém ir ao baú das memórias aprender com o que já foi (mal) feito anteriormente.
“Em 2019 estive numa situação parecida. Estava a jogar para terminar o ano no top 100 numa das últimas semanas e soube que com a meia-final ou final já estava garantido. Quando cheguei à final estava tão feliz que entrei demasiado relaxado na final e só ganhei três ou quatro jogos. Não quero repetir, já tive essa experiência e quero mudá-la”, sublinhou.
Do outro lado tudo é diferente. Em jogo não estará só o terceiro título do ano (quarto da carreira Challenger) na terceira final como um provável bilhete para o quadro principal do Australian Open e, até mais do que isso, uma entrada inédita no top 100. Mais pressão? Talvez, Dzumhur não dúvida, mas Francesco Passaro até acha que pode ganhar com isso.
“Depende dele”, começou por explicar. “Talvez possa já estar satisfeito com o seu trabalho cumprido. Mas também pode jogar melhor ao ter menos pressão. Depende de como ele vir as coisas. Da minha parte vou dar o meu melhor, sei que tenho nível”.
A conferência de imprensa do transalpino de Perugia foi mesmo marcada pela auto-confiança. “Tudo isto é um processo e sinto-me melhor encontro após encontro. Sei que o meu nível pertence ao top 100, por isso não quero pensar nos pontos e tudo mais. Só quero focar-me no que tenho de fazer para derrotar quem está do outro lado e melhorar o meu ténis, melhorar a parte mental. Isso é o mais importante. Se o top 100 não vier amanhã, virá depois. Tenho pressão, mas tenho a certeza que vou entrar no top 100 e vou jogar muitos quadros principais em Grand Slam. Isto é apenas o início de uma nova parte da minha carreira”.
O mais velho (32 anos para Dzumhur, mais nove do que Passaro) quer explorar os “altos e baixos” do futuro opositor, quem sabe devido à pressão inerente ao momento. Ambos deverão estar no mesmo patamar físico, o mano a mano até traz um sucesso para cada lado, ainda que o italiano tenha vencido o único confronto no pó de tijolo.
Se Passaro sabe que mais dia menos dia, ou mais hora menos hora, vai estar na primeira elite a que todos os tenistas desejam pertencer, Dzumhur, que até já foi ainda mais de elite (23.º e vencedor de três troféus no circuito principal em quatro decisões), não uúvida que justificou há muito terminar dentro dos 100 melhores pela sexta vez na carreira. Numa decalcada conversa onde salientou a falência da nova distribuição de pontos no ATP Challenger Tour, o jogador de Sarajevo foi claro: “Com seis finais e cinco delas ganhas até agora, mereço estar no top 100″.
“Fiz uma grande temporada, a melhor em muitos anos. Mas ganhei cinco Challengers e ainda não era top 100. Além de três ou quatro meias-finais. Foi difícil aceitar. Às vezes sou demasiado crítico comigo próprio, mas neste caso mereci acabar onde vou acabar. Lutei até ao último torneio, nunca desisti. Que mais tenho de fazer para terminar no top 100? Se não tivessem mudado os pontos já lá estava antes deste torneio. Tenho menos 40 pontos por causa disso”, analisou.
Contas à parte, os dois merecem mesmo chegar ao derradeiro dia do Maia Open e da temporada ATP. Sem segredos e o mais desvendável está à vista de todos: Dzumhur é conhecido por usar a abusar dos amorties e até o próprio insere o seu drop shot “um dos três ou quatro melhores”.
“Quero ser humilde, mas acho que tenho boa mão. E muitos jogadores dizem-me que os jogo como se pegasse na bola e a colocásse do outro lado. É uma pancada que me traz bom sucesso”. E se de um lado está um especialista no amortie, do outro está alguém “obviamente” pronto para correr constantemente até à rede.
Ready? Play. Nós merecemos.