BRAGA — Começou por celebrar-se em português e logo em dose dupla, mas rapidamente chegaram cantos do outro lado do Oceano Atlântico a atestarem o carácter de uma prova que trouxe à cidade dos arcebispos o melhor do segundo escalão do ténis mundial e até figuras incontornáveis da elite. O Braga Open já é ponto assente no calendário do ATP Challenger Tour e em 2024 celebra a sexta edição entre os dias 29 de setembro e 6 de outubro com entrada gratuita ao longo de toda a semana no Clube de Ténis de Braga — onde se reúnem quase todos os melhores portugueses da atualidade, um top 100, campeões com pegada portuguesa e nomes conhecidos.
A prata da casa
O Braga Open exibe com orgulho uma galeria de campeões na qual constam dois tenistas portugueses em singulares — logo nas duas primeiras edições — e dois em pares. E como é tradicional volta a abrir as portas às grandes figuras do ténis nacional. Nuno Borges é o único ausente e por razões tão boas quanto possível, afinal está noutro patamar (30.º ATP) e destinado a palcos maiores.
De resto, Jaime Faria (163.º), Henrique Rocha (168.º), Gastão Elias (304.º), Frederico Silva (487.º), Pedro Araújo (516.º) e João Domingues (567.º) estão entre o elenco do quadro principal de singulares e Francisco Cabral (88.º da especialidade) abrilhanta o de pares, que venceu em 2021.
Histórias? Não faltam.
Faria inaugurou o palmarés Challenger com uma semana inesquecível no Jamor durante o mês de maio meras semanas após protagonizar um mês sem precedentes no nível inferior pelo Algarve fora, sendo estas apenas algumas das muitas barreiras que tem vindo a superar ao longo de um ano de estreias, como a primeira participação numa eliminatória da Taça Davis e logo a triplicar.
Rocha tem estado quase sempre um passo à frente do amigo e parceiro de treinos e porque é um ano mais novo ainda persegue um inédito bilhete para o NextGen Finals que vai reunir os melhores do mundo até aos 20 anos na Arábia Saudita em dezembro (está no 10.º lugar de uma tabela que apura os oito primeiros). Campeão em Múrcia e vice-campeão em Bratislava, chega de Lisboa com mais uma vitória sobre um top 100 na bagagem, mas foi em Bekkestua, na Noruega, que duas semanas antes mais brilhou ao surpreender Casper Ruud para se tornar no primeiro português a vencer um top 10 na Taça Davis. Os quartos de final no CIF foram os sétimos no circuito Challenger (todos este ano), mas primeiros em solo nacional e atestam a consistência num nível em que é líder de vitórias entre os portugueses esta época.
Domingues venceu categoricamente uma edição de 2019 em que se fez acompanhar pelo icónico Larri Passos, treinador famoso pelo trabalho desenvolvido com Guga Kuerten, e é o português com mais vitórias na prova: oito até à edição deste ano, durante a qual já juntou mais duas — as primeiras na fase de qualificação — que lhe permitiram aumentar a comitiva lusa no quadro principal, feito que entretanto assegurou a presença de um jogador “da casa” na segunda ronda pois o sorteio colocou-o frente a frente com Elias.
Mais do que o mais velho dos portugueses em atividade (33 anos, menos três do que o recém-retirado Gonçalo Falcão), o tenista da Lourinhã é o recordista luso em títulos (10) e finais (23) no circuito secundário, bem como o que mais títulos deste nível ergueu em Portugal: três, sempre na terra batida do Jamor.
Silva vem de uma vitória na capital que lhe permitiu estancar uma série negativa em provas desta dimensão, mas sobretudo de uma semana quase perfeita na Roménia para continuar a escalar numa hierarquia que conhece até ao top 200. Quem também está numa trajetória ascendente é Araújo, novamente às portas do top 500 depois de dois anos menos conseguidos e agora com dois títulos — os primeiros em singulares — na bagagem a servirem de reforço à confiança. Em comum, o caldense e o lisboeta têm os recomeços com que abordaram a época: o primeiro juntou-se ao Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, o segundo ao novo projeto de Frederico Marques nas Olaias.
Pesos pesados
Dois nomes saltam à vista entre os que compõem o elenco de 2024 pelo que já fizeram no passado. Ambos têm o castelhano como língua materna e até o degrau mais alto que alcançaram, pois quer o espanhol Albert Ramos-Vinolas, quer o chileno Cristian Garín chegaram ao 17.º lugar do ranking (em 2017 e 2021), respetivamente).
Ramos-Vinolas tem 36 anos e ocupa o 133.º lugar na tabela, longe dos tempos áureos que o viram conquistar quatro títulos entre 12 finais ao mais alto nível. Uma das que ganhou foi no Millennium Estoril Open de 2021, uma das que perdeu no ATP Masters 1000 de Monte Carlo em 2017.
Verdadeiro especialista em terra batida, o canhoto natural de Barcelona celebrou 200 das 281 vitórias ao mais alto nível na superfície, número que mais do que duplica quando considerados os triunfos neste piso em provas Challenger (184) e ITF (85).
Garín está com 28 anos e figura no 119.º posto, ele que até tem mais títulos (cinco) apesar de menos finais (só perdeu uma), inclusive um na categoria ATP 500. Foi em 2021 no Rio de Janeiro, três anos depois de ter disputado pela primeira vez uma final perante falantes da língua portuguesa, no Del Monte Lisboa Belém Open.
A nível Challenger, Ramos-Vinolas venceu sete e perdeu seis finais (a última, em San Benedetto 2015, sorriu-lhe), Garin quatro em sete (a mais recente em Lima 2018, com Pedro Sousa do outro lado da rede).
Aos dois ex-top 20 juntam-se ainda nomes como os do argentino Thiago Agustin Tirante (97.º), único top 100 do elenco), do italiano Francesco Passaro (106.º), segundo cabeça de série, do colombiano Daniel Elahi Galan (127.º, mas ex-56.º) e do chileno Tomas Barrios Vera (159.º que já este ano foi 93.º).
Pegada portuguesa, com certeza
Não faltam motivos de interesse a este Braga Open e se nesta apresentação já foram referidos os três portugueses que conhecem a sensação de vencer um Challenger em Portugal, faltam mencionar os dois visitantes que também o fizeram. Um alerta: ambos festejaram no Norte do país.
Jozef Kovalik (123.º) venceu a edição inaugural do Maia Open em 2019, um ano após ter chegado ao top 80, Adrian Andreev (215.ª) celebrou no início deste mês ao inaugurar o palmarés Challenger na primeira edição da CT Porto Cup.
Entre os inscritos contam-se outros cinco com historiais de finalistas no nosso país: Carlos Taberner (198.º e ex-95.º) perdeu as finais do Maia Open em 2020 e da CT Porto Cup em 2024, Raphael Collignon (191.º) chega a Braga com o troféu de vice-campeão do Del Monte Lisboa Belém Open na bagagem, três anos depois de Andrea Pellegrino (209.º) ter alcançado o mesmo resultado, Filip Cristian Jianu (237.º) foi finalista do Indoor Oeiras Open I em 2023.
O futuro é agora…
… e a cidade dos arcebispos é, desde 2018, a cidade das promessas. Nessa edição inaugural estiveram jovens estrelas como Casper Ruud (foi travado pela prata da casa em plena final), Alex de Minaur e Félix Auger-Aliassime, atuais 9.º, 11.º e 21.º do ranking mundial que à data eram 174.º, 109.º e 189.º classificados, respetivamente.
E em 2024 atuam por cá várias figuras da nova geração, nenhum em estreia em Portugal. Matej Dodig, Elmer Moller (semifinalista do Del Monte Lisboa Belém Open no passado sábado), Filip Jianu (antigo número cinco mundial de sub 18 e finalista do Indoor Oeiras Open em 2023) e Emílio Nava, também semifinalista no CIF, são alguns dos tenistas mais promissores em competição.
E por falar em jovens e de jogadores a ir longe no Challenger anterior, Raphael Collignon, orientado pelo ex-top 40 Steve Darcis, é um dos tenistas a ter em conta em Braga, sobretudo após ter atingido a final em Lisboa.
Local: Clube de Ténis de Braga
Superfície: Terra batida ao ar livre
Bolas: Wilson Roland-Garros clay
Entrada livre durante toda a semana
Pontos e prize-money
QR2 | QR2 | Qualifier | 1R | 2R | QF | SF | F | 🏆 | |
Pontos | 0 | 2 | 4 | 0 | 6 | 12 | 22 | 44 | 75 |
Prize-money | €190 | €370 | — | €745 | €1.200 | €2.070 | €3.565 | €6.015 | €10.200 |
Programa
Domingo (10h): 9 encontros do qualifying
Segunda-feira (10h): 6 encontros do qualifying + 4 do quadro principal de singulares (primeira ronda)
Terça-feira (10h): Quadro principal de singulares (primeira ronda) e de pares (primeira ronda)
Quarta-feira (10h): Quadro principal de singulares (primeira ronda) e de pares (primeira ronda)
Quinta-feira (10h): Quadro principal de singulares (segunda ronda) e de pares (quartos de final)
Sexta-feira (10h): Quadro principal de singulares (quartos de final) e de pares (meias-finais)
Sábado (11h): Quadro principal de singulares (meias-finais) e final de pares
Domingo (11h): Final de singulares
Transmissões televisivas
O Braga Open será transmitido em direto na Sport TV entre os dias 1 e 6 de outubro, ou seja, todos aqueles que são inteiramente dedicados ao quadro principal.
De terça-feira (primeira ronda) a sexta-feira (quartos de final) serão transmitidos em direto dois encontros de singulares a partir das 13 horas. No fim de semana (meias-finais no sábado, final no domingo), a estação televisiva entrará novamente em direto do Clube de Ténis de Braga, mas logo às 11 horas.