Guia para o melhor Del Monte Lisboa Belém Open de sempre – e logo duplamente grande

Beatriz Ruivo/FPT

LISBOA – O número oito é para muitos um número mágico e a oitava edição do Del Monte lisboa Belém Open é a mais forte de sempre. Este ano elevado à categoria 100 do ATP Challenger Tour, a antepenúltima mais forte do circuito intermédio do ténis profissional masculino, e ao nível 75 do ITF World Tour, o segundo patamar mais relevante, o torneio combinado mais antigo e o Challenger português há mais anos no ativo promete trazer espetáculo ao Club Internacional de Foot-Ball.

Para abrilhantar os courts de terra batida do CIF estão a maioria dos melhores portugueses – Henrique RochaJaime FariaFrancisca JorgeGastão EliasFrederico SilvaDuarte ValeMatilde Jorge e até Francisco Cabral, habitual ausente das provas nacionais -, bem como um lote de tenistas internacionais de outras andanças. Eis os grandes motivos para aparecerem num dos recintos tenísticos mais históricos do país.

Portugueses em forma e com história

Nuno Borges falha a edição mais forte de sempre do Del Monte Lisboa Belém Open e pelas melhores razões possíveis: o número um nacional (30.º) está noutro patamar e durante a semana seguirá viagem até ao ATP Masters 1000 de Xangai, reservado aos melhores de mundo. De resto, os melhores portugueses da atualidade concentram-se no CIF, onde são vários os motivos de interesse para os ver de perto.

Henrique Rocha regressa “a casa” embalado pela melhor vitória da carreira e uma das mais douradas da história do ténis português: a primeira contra um top 10 na Taça Davis, competição em que surpreendeu Casper Ruud durante a deslocação à Noruega.

Jaime Faria também viajou desde Bekkestua, nos arredores de Oslo, onde vestiu pela primeira vez as cores da seleção nacional e logo com o estatuto de número um da equipa na sequência da lesão que impediu Nuno Borges de ir a jogo.

Ao contrário dos dois jovens compatriotas, que recentemente atingiram as melhores classificações das respetivas carreiras (Rocha é 168.º e na semana anterior foi 158.º, Faria 163.º depois de já ter sido 155.º), Gastão Elias não vive o melhor momento de forma, mas o currículo — recordista luso de títulos (10) e finais (23) no ATP Challenger Tour — faz do jogador da Lourinhã um permanente candidato a brilhar a este nível e ainda para mais no CIF, que trata como casa.

Frederico Silva foi o que chegou mais tarde a Lisboa, mas por boas razões: o caldense foi até à Roménia e terminou como vice-campeão de um ITF M25 em Satu Mare, onde jogou pela segunda vez esta época uma final. E Duarte Vale volta a ter uma preciosa oportunidade de ir a jogo depois de ter sido forçado a desistir da CT Porto Cup por causa de um vírus.

No torneio feminino, Francisca Jorge foi a única portuguesa a obter entrada direta num quadro principal a que chega depois de brilhar nas Caldas da Rainha, onde jogou pela segunda vez as meias-finais de singulares de um ITF W100 e discutiu até ao fim a presença na final. A irmã mais nova, Matilde Jorge, foi a única a vencer no qualifying e esta segunda-feira cumpre a estreia no top 400 que consagra o melhor mês da carreira, com destaque para o primeiro título de singulares da carreira em Leiria e umas meias-finais em Santarém na semana seguinte.

100, a marca de elite

Não é muito comum, mas há três tenistas atualmente dentro do top 100 ATP e duas jogadoras do restrito grupo WTA a atuar em Lisboa esta semana. E até podiam ser mais não fossem as lesões de Thiago MonteiroPetra Martic ou até mesmo de Laslo Djere, que apesar de estar no posto 113 já foi top 30 (27.º) e detém dois títulos no circuito principal em cinco finais. 

O sérvio optou por abdicar da prova por motivos médicos, o número um do Brasil, antigo vencedor do Braga Open e atual 75.º ATP, ainda treinou no CIF, mas o ombro esquerdo deu indicações de descanso e a croata Petra Martic (antiga 14.ª) desistiu por lesão nas meias-finais das Caldas da Rainha e prescindiu imediatamente da prova seguinte. 

Já diz o dito popular que só os que estão fazem falta, não é assim? Ora vejam bem a qualidade que, ainda assim, ambos os torneios ostentam.

Três, a conta certa

Daniel Altmaier lidera a lista do torneio depois da desistência de Thiago Monteiro. O alemão da esquerda a uma mão, um dos oito com a pancada em vias de extinção dentro do top 100, é um especialista do pó de tijolo e chega ao CIF como 84.º, ainda longe do melhor já atingido (47.º).

Thiago Wild (87.º) vem logo depois e, ao contrário de Altmaier, até já possui um troféu no circuito principal (Santiago 2020). Este ano, em maio, chegou ao 58.º posto da tabela masculina e traz sempre na bagagem um grande serviço e uma direita muitas vezes comparada à de Roger Federer. O número dois brasileiro estreia-se frente a Henrique Rocha.

Por fim, outro Thiago, mas argentino e de apelido Tirante também chega com legítimas aspirações ao título. O recente membro da elite (97.º, ex-90.º) é há muito uma das maiores promessas do ténis das pampas e até mesmo a nível mundial na superfície, não fosse ele um antigo líder mundial de sub 18.

Ex-campeões e sempre candidatos

Dos restantes, há vários destaques a ter em conta. Daniel Galan e Tomas Vera já passaram pelo top 100 (56.º e 93.º, respetivamente), bem como Jozef Kovalik (ex-80.º), campeã da primeira edição do Maia Open. E por falar em titulares de provas em solo nacional, o Del Monte Lisboa Belém Open conta nas fileiras com Oriol Roca Batalla, atual campeão do Braga Open (abre frente a Jaime Faria) e Zsombor Piros, vencedor do Oeiras Open 125 de 2023.

Martin Klizan, 311.º ATP, mas antigo 24.º e com seis títulos ATP no palmarés, engrandeceu o quadro principal ao superar a fase de qualifcação. É claramente o tenista com melhor currículo dos 32 presentes.

Rus e Danilovic liderar o W75

A quarta edição da competição feminina é a mais forte no que à categoria diz respeito e isso reflete-se no quadro. Arantxa Rus aparece como a mais cotada da prova, fruto do 82.º posto WTA. Mais do que isso, a neerlandesa de 33 anos é uma verdadeira ‘papa-títulos’: o palmarés apresenta um troféu no circuito principal (Hamburgo 2023), dois títulos de 125 em seis finais e uns impressionantes 33 em 47 decisões de nível ITF. Especialista de terra batida, a ex-top 50 (41.ª) é a grande favorita a vencer o derradeiro encontro do torneio a par da sérvia Olga Danilovic.

97.ª da tabela feminina, a também esquerdina Danilovic chegou à segunda semana de Roland-Garros em 2024 e também ela já venceu um WTA anteriormente, no caso em Moscovo, 2018, além da final quatro anos depois em Lausanne. 

Só para se entender a raridade que é ter uma top 100 no quadro, o forte Full Protein Caldas da Rainha Ladies Open encerrado no passado domingo, um W100 e, portanto, de nível acima, contou com um quadro de luxo, mas sem tenistas atuais na elite. Oito já por lá tinham passado, muitas mesmo nos elevados patamares da tabela, mas nesse particular aspeto o torneio do CIF fica a ganhar, e logo a dobrar.

Concorrência à altura

Chloe Paquet (110.ª, ex-96.ª), Maja Chwalisnka (vencedora do Eupago Porto Open W75), Anastasia Zakharova (campeã na Figueira da Foz e finalista nas Caldas da Rainha no domingo, ambas provas de nível 100) e Marina Bassols surgem como as maiores adversárias de Rus e Danilovic. 

Há ainda a ter em conta Harmony Tan (ex-90.ª) e Carole Monnet, a única ex-campeã em competição. 

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

Ela, sempre ela 

Já não é novidade, mas é sempre motivo de interesse e orgulho contar com Kristina Mladenovic num torneio em Portugal. Ainda que esteja a ser frequente, sobretudo desde 2023, a francesa é claramente a detentora do maior palmarés a atuar no CIF, entre homens e mulheres.

Ex-top 10, quartofinalista de dois torneios do Grand Slam, vencedora de uma prova WTA em oito finais e, essencialmente, uma das melhores jogadores de pares deste milénio (seis Grand Slam em pares femininos em 11 finais, três em pares mistos em cinco decisões), a tenista de 31anos adora jogar em Portugal e em 2024 já atingiu a final no Figueira da Foz Ladies Open e do Oeiras Ladies Open 125 em pares. É um privilégio tê-la por cá novamente, mesmo que numa fase bem diferente da carreira. 

Beatriz Ruivo/FPT

Apareçam pelo Club Internacional de Foot-Ball. A entrada é grátis toda a semana. Os torneios terminam no domingo, dia 29 de setembro.

Local: Club Internacional de Foot-Ball
Superfície: Terra batida ao ar livre
Bolas: Wilson Roland-Garros All Court

Pontos e prize-money torneio masculino

QR2QR2Qualifier1R2RQFSFF🏆
Pontos02407142550100
Prize-money€300€600€1.200€1.960€3.340€5.740€9.705€16.550

Pontos e prize-money torneio feminino

QR2QR2Qualifier1R2RQFSFF🏆
Pontos0351916294975
Prize-money$141,75$228,75$557$935$1.543$2.683$4.886$9.142

Programa

Domingo (10h): 12 encontros do qualifying masculino e 16 do qualifying feminino
Segunda-feira (10h): 6 encontros do qualifying masculino, 4 de quadro principal e 8 do qualifying feminino
Terça-feira (10h): Quadro principal de singulares (primeira ronda) e de pares (primeira ronda)
Quarta-feira (10h): Quadro principal de singulares (primeira ronda) e de pares (primeira ronda)
Quinta-feira (10h): Quadro principal de singulares (segunda ronda) e de pares (quartos de final)
Sexta-feira (10h): Quadro principal de singulares (quartos de final) e de pares (meias-finais)
Sábado (hora a confirmar): Meias-finais de singulares e final de pares
Domingo (hora a confirmar): Finais de singulares

Transmissões televisivas

O Del Monte Lisboa Belém Open será transmitido em direto nos canais Sport TV entre os dias 24 e 29 de setembro, ou seja, todos aqueles que são inteiramente dedicados ao quadro principal.

De terça-feira (primeira ronda) a sexta-feira (quartos de final) serão transmitidos em direto dois encontros de singulares a partir das 15 horas. No sábado, a estação televisiva entrará em direto do CIF para transmitir as meias-finais a partir das 14h30 e no domingo a final começará às 16h.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Total
0
Share