Com a escala encurtada, Faria e Rocha seguem viagem com algum jetlag e novos voos no horizonte

Millennium Estoril Open

Jaime Faria e Henrique Rocha só vieram ao Clube de Ténis do Porto porque a passagem por Flushing Meadows foi mais curta do que o desejado, mas a campanha na invicta também não teve os contornos desejados e revelou, até, o desgaste de quem tem tido tantas novas experiências e adaptações. Só que o ténis pouco pára, já se sabe, e por isso mais do que extensa a recuperação terá de ser eficaz, até porque um dos próximos destinos carrega o peso de uma nação.

Rocha foi o primeiro a perder na jornada desta quinta-feira e o primeiro a passar pela sala de conferências de imprensa. Com um título Challenger e outra final esta época, o portuense ainda não encontrou as mesmas sensações “em casa” (tem apenas quatro vitórias em quadros principais deste circuito em solo nacional) e durante a derrota para Daniel Masur não conseguiu esconder nem a apatia, nem a falta de alguma energia.

“Uma das minhas maiores lacunas é que às vezes, para fazer um break, tenho de esforçar-me imenso e andar quatro ou cinco pontos a jogar o meu melhor ténis, enquanto [no serviço] eu faço uma dupla falta ou falho uma direita e de repente está 0-30 para eles. É isso que tenho de melhorar ao máximo para o resto do ano porque parece que de repente o resultado se transforma completamente”, desabafou.

Faria também esteve irreconhecível durante várias partes do encontro com Enrico Dalla Valle, mas ainda recuperou de 1-6 e 1-3 para levar a decisão até ao tie-break do terceiro set, durante o qual teve oportunidades para sair do court como vencedor apesar de ter andado sempre atrás no marcador. “Nestas últimas semanas tive uma quebra, sobretudo mental, e não me sinto tão fresco nem tão disponível em campo. Hoje claramente senti-me perdido no primeiro set, depois houve uma altura em que me meti no jogo, ele também me deu uma margenzinha para voltar e agarrei-me bem, mas as coisas estão a custar-me mais. É mais fácil quando ganhamos encontros e temos mais confiança. Agora tenho de ir à procura dela e de recuperar a minha sanidade mental para estar disponível para os treinos e o resto da época, pois tenho muitas oportunidades de continuar a evoluir e de continuar a ganhar pontos e a subir no ranking.”

Depois, deu uma verdadeira lição de relativização na despedida ao Clube de Ténis do Porto: “Por vezes [é importante] não fazer do problema tão grande quando não há assim tantos problemas. Sou um privilegiado, tenho uma vida boa, ando a viajar pelo mundo e a fazer aquilo de que gosto, encontrei um propósito, portanto tenho de olhar para as coisas positivas. Às vezes metemos muitos macaquinhos na cabeça quando não é preciso.”

A viver uma época de novos voos, quer Rocha (49 encontros) quer Faria (61) têm já muito nas pernas desde o início do ano, sobretudo pela exigência e dimensão dos desafios que têm enfrentado, mas o desporto que escolheram dá-lhes pouco tempo para respirar. Por isso, mesmo estando no Porto ainda à procura de um regresso à normalidade na sequência de duas viagens transatlânticas e de uma adaptação de piso, terão de reencontrar o “flow” em plena escala, pois na próxima semana já jogam em Cassis e na seguinte estarão ao serviço da seleção nacional na Taça Davis.

O portuense já foi chamado numa ocasião (e até se estreou com uma vitória ao vencer o dead rubber), mas para o lisboeta esta será a primeira viagem com a equipa portuguesa. E que viagem, pois a nomeação para o segundo singular — o primeiro será sempre de Nuno Borges — também pode passar por eles, dois amigos que ainda menores de idade entraram juntos no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis e que agora batalham de forma saudável por feitos e páginas de história.

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