Ainda com terra nas malas, Gastão Elias ganhou uma motivação extra no Eupago Porto Open

Murilo Augusto

PORTO — Gastão Elias não teve a preparação ideal para o Eupago Porto Open, mas viajou para o Complexo Desportivo do Monte Aventino motivado com o regresso à competição, mesmo se acompanhado de algumas dúvidas, e na manhã do primeiro desafio ganhou uma motivação extra que aumentou o nervosismo.

O tenista português de 33 anos viajou no domingo à noite da Alemanha para Portugal, trazendo no equipamento pedaços da terra batida em que competiu no lucrativo campeonato de interclubes daquele país. Tudo isso reduziu ao mínimo a adaptação aos hard courts da cidade invicta, porque apesar de não competir na superfície há quase cinco meses a experiência recente assim o aconselhou: “Podia ter treinado em piso rápido durante a semana toda e ir à Alemanha já fazer um jogo em terra e voltar a piso rápido, mas na última vez em que fiz isso tive uma rotura na perna, portanto fiquei preocupado e optei por treinar só em terra batida”, explicou já depois de ter superado o primeiro desafio no Porto, curiosamente contra um jogador — o alemão Sebastian Fanselow — que durante o fim de semana fez o mesmo que ele.

“Tive alguma sorte no que disse respeito a ele também vir da terra batida e por conta disso houve alguns erros no início do encontro, estávamos os dois a tentar adaptar-nos às novas condições”, acrescentou, explicando que a passagem pela Alemanha, onde competiu nos últimos dois finais de semana, foi, para além de lucrativa, “uma maneira de testar o braço” depois das dores que sentiu no cotovelo há um mês.

“Não é nada de grave, mas há cerca de um mês joguei o Challenger de Poznan, onde passei o qualifying e cheguei aos quartos de final. No dia da segunda ronda choveu, portanto tive de jogar três sets de manhã e à tarde joguei mais três sets no encontro dos quartos de final. Passados dois ou três dias joguei o qualifying de Milão e aconteceu o mesmo, portanto em três ou quatro dias joguei muitos sets e o cotovelo inflamou com a sobrecarga“, continuou.

Sem muito a fazer a não ser esperar que “a inflamação diminua”, o tenista da Lourinhã viajou para o Porto com poucas expetativas por causa das circunstâncias, mas quando soube da desistência do francês Lucas Pouille, o ex-top 10 com quem poderia medir forças na segunda ronda, não evitou um sorriso: “A desistência dele abriu um bocadinho [o quadro], portanto eu sabia que tinha aqui uma oportunidade boa e tudo isso fez com que eu estivesse um bocadinho mais nervoso no encontro de hoje. É uma sensação que está sempre presente, por muito que tentes não pensar nisso, porque pode ser uma boa oportunidade e eu tenho jogado muitos qualifyings de torneios Challenger para ganhar cinco ou seis pontos e é uma loucura em termos físicos. Então chegar aqui e sentir que tenho esta oportunidade não é algo que aconteça todos os dias.”

O primeiro desafio foi cumprido e o segundo, sem Pouille no caminho, será então Vadym Ursu (338.º), o lucky loser que entrou para o lugar do francês e que no arranque da jornada de terça-feira derrotou Francisco Rocha.

A noite terá sido passada a estudar um adversário que revelou não conhecer bem, para esta quarta-feira voltar ao court e tentar alcançar os quintos e mais importantes quartos de final da temporada.

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