PORTO — Não foi há muito tempo que Jaime Faria fez as malas com um destino além de Portugal pela primeira vez em mais de oito meses, uma tarefa que entretanto se multiplicou e que fez com que o lisboeta passasse várias semanas lá fora, a somar experiências e a inspirar-se com o que viu ser feito, até regressar a casa para disputar o Eupago Porto Open.
A estreia não podia ter sido melhor e em apenas 54 minutos resolveu o embate com Zsombor Piros por incontestáveis 6-1 e 6-2, pelo que no final houve tempo para meter a conversa em dia e, mais do que falar sobre um encontro sem história (o húngaro estava com problemas físicos e o português esteve irrepreensível), conversar sobre aprendizagem — um tema recorrente nos últimos meses.
O mesmo Jaime Faria que há quatro meses nunca tinha participado num torneio ATP acaba de chegar de uma quinzena passada a jogar duas provas do circuito principal além fronteiras, primeiro em Bastad, onde chegou ao quadro principal, e depois em Umag, onde não foi feliz no qualifying. No primeiro desses desafios acompanhou de perto os primeiros passos do amigo Nuno Borges a caminho do histórico título, que pelos vistos teve uma certa influência sua: “Fui eu que fiz o sorteio, portanto o Nuno deve-me um jantar”, atirou, em jeito de brincadeira.
Mais a sério, o jovem de 20 anos que ainda em março competia regularmente no circuito ITF (nesse mês, aliás, fez história ao conquistar quatro torneios seguidos no Algarve) reconheceu que “estes dois torneios ATP foram experiências bastante enriquecedoras e é ali que eu quero estar durante largos anos, portanto deram-me muita motivação para trabalhar bem.”
“Foram experiências boas. São muitas primeiras experiências [em pouco tempo] e isso por vezes cansa psicologicamente porque é exigente, são novas aventuras em que eu não sei o que esperar ou o que vou encontrar, por isso é uma grande aprendizagem”, acrescentou Faria antes de acrescentar que “foi bonito” fazer parte da semana em Bastad, onde para além de Borges também estiveram Henrique Rocha (perdeu com o maiato na segunda ronda) e Francisco Cabral.
Uma invasão portuguesa, portanto, que mais tarde, já numa conversa em inglês, salientou ser “um motivo de orgulho”, tal como o triunfo dos amigos Borges e Cabral na véspera desta conferência de imprensa, em plenos Jogos Olímpicos de Paris. “Foi muito especial e também é motivador porque são dois amigos e vi-os a vencer num palco como os Jogos Olímpicos em Roland-Garros. Deve estar a ser uma experiência inacreditável e é algo que me faz trabalhar ainda mais para estar em Los Angeles 2028. É um bom objetivo, neste momento faço parte do programa de esperanças olímpicas e um dia espero ser um atleta olímpico.”
Exemplos e motivação não lhe faltam e têm dado resultado: há um ano, durante este mesmo Eupago Porto Open, estava no 541.º lugar do ranking, bem diferente do 169.º que ocupa esta segunda-feira e que o faz ter as malas quase prontas para Nova Iorque, onde dentro de um mês jogará o qualifying do US Open — o terceiro torneio do Grand Slam em que participa.