OEIRAS – Matilde Jorge e Ana Filipa Santos são duas das quatro portuguesas do Oeiras Ladies Open, o primeiro torneio do circuito WTA em Portugal desde 2014. São também duas wild cards, duas conhecidas e, mais do que isso, horas antes estavam a celebrar em conjunto a permanência da seleção nacional da Billie Jean King Cup by Gainbridge. Mas neste desporto num estalar de dedos colegas passam a rivais e foi isso mesmo que aconteceu às duas lusas.
Ainda por cima rivais no torneio mais importante das respetivas carreiras. “Nunca é fácil jogar contra uma amiga e, ainda por cima, eu e a Pipa estivemos muito unidas a semana passada. Mas assim que soube do sorteio encarei-a como uma adversária”, apontou Matilde Jorge depois do triunfo por 6-2 e 7-5. A Adversidade foi partilhada pela mais velha: “É difícil jogar contra portuguesas, especialmente em casa”.
Ana Filipa Santos chegou mesmo a referir no rescaldo ao encontro que preferia ter medido forças contra uma das mais cotadas da prova ao invés da compatriota. “Não tenho nada a perder nesses casos. Contra a Matilde também não tenho, mas na minha cabeça há uma barreira que eu tenho de enfrentar, um dia vou conseguir”.
O certo é que a tensão se sentiu desde o instante inicial. “Entrei bastante nervosa. Não sei se é verdade, mas senti que ela também não estava muito fina”. A “responsabilidade” por ter melhor ranking e, por isso, ser “teoricamente a que tinha mais chances de vencer” também mexeu com Jorge, que ainda assim diz ter tentado não pensar em tudo o que estava em jogo – pontos, ranking, primeiro torneio WTA – porque “são tudo extras que desfocam e não ajuda pensar nos “ses”. Nesse aspeto, para a vimaranense, a dimensão do torneio foi mitigada por defrontar uma portuguesa. “Tentei imaginar que estava num nacional e não estava para ganhar 15 pontos”.
Correu pior para alentejana de Santiago do Cacém. Um arranque de encontro “preso”, sem “jogar da maneira que quero, sem ser positiva” refletiu-se no primeiro parcial. No segundo, desperdiçou quatro set points a servir a 5-4, já bastante limitada fisicamente do joelho esquerdo, sequelas da grave lesão que a afastou dos courts quase um ano. Algo que já aprendeu a lidar e já aceitou passar a ser norma, até porque as mazelas são também consequência de vários encontros consecutivos, como os que disputou numa gíria de oito semanas na América do Sul.
Fica a experiência da primeira competição num torneio WTA, nível a que quer pertencer. “O meu objetivo vai ser chegar aqui todos os anos. É para isso que vou trabalhar, vou trabalhar para estar melhor a cada torneio e no próximo ano vou estar aqui e vou ser melhor”.
Antes de 2025 há o quadro de pares para disputar ao lado de outra colega de seleção, Maria Garcia. A jovem de 17 anos pode ser, precisamente, outra compatriota no caminho de Matilde Jorge, caso ultrapasse Harriet Dart, uma das principais favoritas ao título. “Sou underdog neste torneio, não tenho pressão de ganhar porque elas é que são as melhor ranqueadas. Já fiz bons encontros contra jogadoras deste nível e só tenho de procurar fazê-lo outra vez e durante o máximo tempo possível”.