ESTORIL — Nuno Borges (62.º) agarrou-se à fé quando o encontro de estreia no Millennium Estoril Open estava a transfigurar-se um autêntico pesadelo e renasceu das cinzas para dar a volta a oito jogos perdidos de forma consecutiva e silenciar Lucas Pouille (241.º) com uma epopeica reviravolta consumada por 0-6, 7-6(6) e 6-3. Recebido em força na sala de imprensa, o número um do país explicou o que tornou possível girar por completo o cenário.
“Foi um misto de querer muito e ao mesmo tempo não estar a conseguir fazer nada, a não conseguir entrar no jogo. Ele jogou muito com isso e obrigou-me logo a ter de tomar decisões. Estavam condições muito pesadas por causa da chuva e do vento, senti-me talvez um bocadinho mais rápido que ele, mas ele estava-se a sentir muito melhor. De repente tudo muda, ele também não está a conseguir jogar, e depois vou para o 4-2, não consigo concretizar bem… foi uma montanha russa. No terceiro set senti que estava por cima e comecei já a sentir-me mais confortável no campo, com as minhas decisões e as minhas jogadas. Este jogo mentalmente valeu por três e foi mais coração do que ténis”, começou por manifestar o maiato de 27 anos.
Ainda em abordagem ao embate com o antigo número 10 do Mundo, Borges admitiu que não foi fácil reunir as ferramentas necessárias para travar o ímpeto do adversário: “Estava a pensar no que poderia fazer, se responderia atrás ou mais à frente, porque não estava a ganhar os pontos e o que precisava de mudar. Era difícil porque estava a sentir-me bem nos treinos, mas às vezes isso transmite zero aos encontros. Precisava de soluções e as coisas não entraram da melhor maneira, sem dúvida que queria ter uma boa prestação à frente de tanta gente no Estoril. Isso dificultou-me mais a tarefa do que se tivesse sido lá fora.”
E garantiu que, por mais que as soluções tenham aparecido da noite do dia, foram as faculdades mentais que o evitaram que deitasse a toalha por terra: “Tentei que o pensamento não fugisse para as coisas óbvias, mas passou-me de tudo um bocadinho. Poderia ter saído daqui com uma primeira ronda, que seria perfeitamente normal, apesar de ser um torneio que queria mais, mas às vezes é aí que não conseguimos jogar o nosso melhor. Estive sempre à procura de soluções, depois veio a chuva e o vento, e pensei que queria o mais sujo possível para me ajudar a voltar a entrar em jogo.”
Nuno Borges vai defrontar o terceiro cabeça de série Lorenzo Musetti (24.º) na ronda que se segue mas, ainda antes disso, há outro compromisso que passa para primeiro plano: “Estou mais preocupado com o jogo de amanhã de pares, mas é um jogador muito talentoso, confortável na terra batida, mas também a fazer bons jogos em piso rápido. Vou tentar jogar com o facto de eu já ter jogado e ele não, porque hoje senti na pele o que isso é. Com o fator casa, espero estar a jogar melhor ténis do que hoje se quiser ter hipóteses.”