Jannik Sinner nunca mais vai esquecer o dia 28 de janeiro de 2024.
O tenista italiano deu a volta a Daniil Medvedev na final do Australian Open para vencer por 3-6, 3-6, 6-4, 6-4 e 6-3 e conquistou pela primeira vez um título do Grand Slam.
A viver a melhor fase da carreira, o italiano de 22 anos virou por completo uma final em que o russo surpreendeu ao entrar com um estilo de jogo muito agressivo.
Muito desgastado pelo percurso exigente que teve até à final, Medvedev contrariou o cansaço com a agressividade — um registo menos habitual no seu ténis — e apostou em apanhar a bola cedo e responder sempre muito à frente para deixar Sinner sem soluções.
Só que num encontro à melhor de cinco sets há muito tempo para explorar cenários e possibilidades e o italiano sabia que quanto mais prolongasse a decisão, mais ela decorreria a seu favor. Visivelmente mais fresco, mesmo que a dada altura tenha desabafado estar “morto”, Sinner esteve a perder por 6-3 e 5-1, mas conseguiu uma quebra de serviço fundamental quando Medvedev serviu pela primeira vez para o segundo set.
Apesar de não ter tido importância no desfecho do parcial, o break devolveu a crença ao tenista de San Candido, que partiu para a terceira partida mais confiante (refletiu-se cada vez mais no nível da pancada de serviço) e a obrigar Medvedev a recuar e a movimentar-se com mais frequência.
As trocas de bolas longas costumam ser a praia de Medvedev, mas este sábado o “polvo” estava demasiado cansado para essa estratégia e caiu na sua própria armadilha, não tendo a energia necessária para lutar do fundo do campo frente a um adversário que à medida que os ponteiros do relógio avançaram ficou cada vez mais dominante.
Com a intensidade a descer e a velocidade das pancadas a cair de forma dramática (chegou a ter uma média de direita com mais 20km/h do que Sinner), Medvedev não conseguiu evitar a derrocada.
Foi a segunda vez na carreira que Daniil Medvedev desperdiçou uma vantagem de dois sets a zero na final de um torneio do Grand Slam, um registo inédito. E novamente na Austrália, onde há dois anos esteve muito bem encaminhado para vencer Rafael Nadal na decisão de 2022.
Para Jannik Sinner, a recuperação histórica fez dele o terceiro homem italiano a vencer um torneio do Grand Slam em singulares e o primeiro nos últimos 48 anos, sendo um vencedor inédito entre compatriotas no que diz respeito a este Australian Open.
Dois meses depois de ter sido o herói de uma nação com uma campanha épica na Taça Davis, a história voltou a sorrir-lhe.
