O “abraço mais especial” selou o guião ideal de Francisco Rocha

MAIA — Em casa, perante os olhares atentos de amigos e familiares e contra um adversário a mais de 800 lugares de distância no ranking. Foi assim que Francisco Rocha viveu um dia inesquecível ao celebrar a primeira vitória da carreira no ATP Challenger Tour. Logo num quadro principal, logo no “seu” Maia Open — e com direito a um abraço muito especial do irmão mais novo, Henrique Rocha, que o fez emocionar-se na conferência de imprensa.

“Ainda estou a tentar encontrar as palavras certas, mas estou muito feliz.” Com pouco tempo para processar o que acabara de fazer ao eliminar o italiano Riccardo Bonadio (205.º) de forma contundente, o portuense de 24 anos foi, a espaços, encontrando forma de descrever o que sempre confiou conseguir fazer. “Acreditava a 100%, mas depois de ganhar realmente sabe muito melhor do que visualizar na minha cabeça antes do encontro.”

O feito foi assinado num court secundário onde nasceu um mini-ambiente de Taça Davis. “Único”, “incrível” e “de arrepiar”, mas também exigente por obrigá-lo “a fazer um trabalho mental muito grande para estar focado em cada ponto apesar de ter muita gente à minha volta a querer que eu ganhasse.”

Este foi o primeiro encontro de Francisco Rocha em quadros principais do ATP Challenger Tour, um cenário com o qual sonhara, mas que não materializara e do qual só ganhou consciência por acaso, prestes a preparar-se para um treino de adaptação com João Sousa… que em jeito de brincadeira questionou João Maio e levou o diretor do torneio a desvendar ao próprio a decisão que já tinha sido tomada.

Consciente de que “há um caminho a percorrer e não está nem tudo bem porque ganhei hoje, nem tudo mal porque perdi na semana passada”, o jovem português é, acima de tudo, um forte crente no trabalho árduo para evoluir e colmatar a ausência de grandes armas como, por exemplo, a direita do irmão mais novo, Henrique Rocha.

Irmão esse que esta tarde, passada a vibrar nas bancadas do Court 4 junto da família, lhe deu o abraço mais especial e o fez ceder às emoções no rescaldo: “Gosto de acreditar que eu o motivo e que ele me motiva a mim porque é assim que é a nossa relação. E hoje o abraço mais especial depois do jogo foi com ele. Sempre que o Henrique ganha um título vou ter com ele, abraço-o e levanto-o. E hoje ele veio ter comigo e fez exatamente a mesma coisa”, contou já a voz lhe falhava. “Significa muito para mim.”

Seguem-se 24 horas para continuar a processar o que aconteceu e mudar o chip, porque nas palavras do próprio “na quarta-feira há mais trabalho a fazer.”

Resta saber se será o francês Maxime Janvier (286.º) ou o italiano Andrea Guerrieri (625.º).

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