BRAGA — As barreiras quebradas têm sido tema de conversa com Jaime Faria ao longo das várias conferências de imprensa que tem dado ao longo do ano e voltaram a sê-lo esta terça-feira. Afinal, em pleno Braga Open, o jovem lisboeta de apenas 20 anos assinou a melhor vitória da carreira para carimbar pela segunda vez em poucas semanas a passagem à segunda ronda de um torneio do ATP Challenger Tour.
“Sinto-me muito bem, foi uma grande vitória. Superei-me bastante, por isso não foi só pelo adversário, pelo seu ranking ou pela superfície. Houve momentos do encontro em que já estava um bocado em baixo, especialmente ao 1-3 do terceiro set, e consegui superar-me para pouco a pouco dar a volta, por isso esta vitória tem muito valor”, disse na conferência de imprensa que se seguiu ao triunfo por 6-1, 5-7 e 6-4 contra Timofey Skatov (123.º), o segundo cabeça de série.
“É mais uma prova de que estou a melhorar não só o meu ténis, como fisicamente. Estou mais sólido a movimentar-me no court, mas também a aguentar-me bola após bola. Ele é um jogador que obriga a mexer bastante, é muito físico e eu aguentei-me. São estes encontros que me dão muito estofo e que me fazem acreditar cada vez mais em mim”, acrescentou aquele que é, para já, o único português a inscrever o nome na segunda ronda de singulares.
Depois de um primeiro parcial a todo o gás, a reação esperada de Skatov surgiu e Faria esteve mesmo a perder por 3-1 na derradeira partida, mas nesse momento contou com o apoio de várias caras conhecidas — destaque para Rui Machado (um dos seus treinadores), João Sousa, Gastão Elias e Emanuel Couto — que o fizeram acreditar na reviravolta: “Estavam todos a apoiar-me porque sentiam que eu podia ir buscar aquilo, eu ouvi, acreditei e consegui fazer o break. Dei o meu melhor para ganhar o último jogo de serviço antes da mudança de bolas porque depois podia jogar a meu favor ao ser agressivo e fazer com que a bola picasse mais e a partir daí estive muito bem, fiquei muito orgulhoso.”
O nível que apresentou nesta primeira ronda, admitiu, surpreendeu-o, e contribuiu para “uma bagagem muito importante” que estes primeiros torneios do ATP Challenger Tour lhe têm dado.
E se não hesitou em classificar o triunfo desta terça-feira como o melhor da carreira, Faria também não teve receio em apontar a mais: “É mais uma barreira superada e estas dão muita confiança. Agora quero ganhar o encontro da segunda ronda para chegar pela primeira vez aos quartos de final de um torneio Challenger. Venha quem vier, estou pronto.”
E o próximo adversário poderá ser João Sousa (atualmente no 283.º lugar). Na estreia como tenista profissional no Clube de Ténis de Braga, onde não jogava desde os 14 anos (agora tem 34), o vimaranense começou bem, mas perdeu o ascendente e viu o encontro da primeira ronda ser interrompido quando o marcador registava 6-2 e 4-6 contra o tunisino Moez Echargui (299.º).
A conclusão ficou agendada para o início de tarde de quarta-feira e, convidado a arriscar uma antevisão, Jaime Faria desfez-se em elogios a um compatriota que conheceu na televisão, mas com quem aprofundou ligação nos últimos meses — e, sobretudo, nas últimas semanas (estiveram juntos no Challenger de Praga) — e ao qual promete cerrar os dentes: “É o melhor português de sempre e para mim seria um orgulho poder jogar contra ele num Challenger e no Court Central aqui em Braga. É tudo o que eu quero e espero que ganhe para o poder fazer. E depois claro que vou querer ganhar”.