FIGUEIRA DA FOZ — Yuriko Miyazaki nasceu em Tóquio, mudou-se para Londres e estudou em Oklahoma e tal como lá fora também por cá, em Portugal, já viajou muito. Presença assídua no nosso país, onde até já venceu três títulos de pares, a japonesa-naturalizada-britânica confessa-se uma apaixonada e pela Figueira da Foz em particular, sendo esse o local onde, na sexta-feira, será a adversária a separar Francisca Jorge das maiores meias-finais da carreira.
“Adoro jogar em Portugal. Já cá estive muitas vezes e na Figueira da Foz acho que é a minha terceira vez. Adoro estar aqui, tal como em todo o país. As pessoas são muito amigáveis, a comida é boa e o tempo normalmente é bom, por isso adoro regressar”, confessou como resposta à pergunta que lhe arrancou mais sorrisos.
Parca em vocabulário português (para já, apenas “obrigado”), a tenista de 27 anos foi mais longe e afirmou mesmo que “o torneio da Figueira da Foz é o meu favorito entre todos os que já joguei no país. O clube é ótimo e o hotel é incrível.”
Nem mesmo o vento típico da região a chateia e por isso estão reunidas as condições para se sentir muito bem, adoçadas pela grande reviravolta que operou esta quinta-feira ao anular um match point e vencer seis jogos consecutivos para transformar um 1-5 no último set numa vitória selada por 7-5.
A adversária era Marina Bassols Ribera, a terceira cabeça de série e “uma grande jogadora” contra a qual, admitiu, “não estava à espera de dar a volta quando já estava a perder por 5-1”.
Por isso, a britânica sentiu que ganhou “uma vida extra” e rapidamente expressou a vontade de “ir mais longe”.
Mas para o fazer terá de passar pela porta-estandarte da casa, Francisca Jorge, que está embalada.
No Tennis Club da Figueira da Foz, a melhor tenista portuguesa da atualidade começou por registar uma importante vitória sobre Georgina Garcia-Perez, contra a qual tinha uma espinha entalada, e já esta quinta-feira passou, igualmente de forma muito autoritária, por Kristina Mladenovic — a jogadora com melhor currículo entre todas as participantes do Figueira da Foz Ladies Open, afinal estamos a falar de uma ex-top 10 mundial de singulares e número um de pares.
“Ela tem jogado muio bem e hoje teve uma grande vitória contra uma excelente jogadora. Estou à espera de um duelo duro. Acabei de a defrontar em pares [a conferência de imprensa aconteceu depois de Miyazaki e a neerlandesa Isabelle Haverlag derrotarem as irmãs Jorge nos quartos de final de pares] e agora talvez saiba melhor o que esperar do serviço ela e coisas assim”, adiantou.
O passaporte de Yuriko Lily Miyazaki fazia com que houvesse muito a perguntar, mas a britânica não se revelou grande faladora e, por isso, a resposta foi curta quando chegou o momento de a questionar sobre a influência das várias culturas em que já viveu: “Sinceramente nunca pensei muito sobre isso, mas talvez retire coisas boas de cada uma. Como jogadores de ténis viajamos muito, por isso não passei propriamente muito tempo em nenhum dos países.”
Já era tarde, tinha dois encontros nas pernas e ainda havia que jantar e preparar a jornada dupla do dia seguinte, por isso a pressa compreendeu-se. Mas ainda houve tempo para lhe arrancar um mini-balanço desta época antes de a ouvir referir que o top 100 é o maior objetivo no imediato: “Para ser sincera, tem sido um ano bastante difícil. Tive alguns momentos bons, mas durante uma grande parte da temporada tive lesões e os resultados não têm sido como esperava. Mas sinto que o meu ténis tem estado bom, só não fui capaz de passar a linha nalguns dos encontros. Tenho de continuar a trabalhar e os resultados vão acabar por aparecer.”