FIGUEIRA DA FOZ — Com as bancadas cheias, o Forte de Santa Catarina como pitoresco pano de fundo e a iluminação artificial a acrescentar um certo dramatismo a uma ocasião por si só já bastante especial, Matilde Jorge assinou um triunfo com contornos épicos no court central do Tennis Club da Figueira da Foz. Não desistir era o mote da jovem portuguesa, a melhor vitória da carreira foi a recompensa.
“Não havia outro caminho senão continuar a lutar. Desistir não era opção”, sublinhou no início da conferência de imprensa.
6-2, 6-7(5) e 7-6(7) foram os parciais da vitória, 3h07 a duração e Jaqueline Adina Cristian a adversária. Primeira cabeça de série fruto do 121.º lugar do ranking, a romena está longe do 58.º posto que já ocupou, em janeiro de 2022, antes de uma lesão no joelho a afastar durante cerca de seis meses, pelo que eram muitos os sinais de alarme.
Mas Matilde Jorge manteve-se imune à montanha que tinha para escalar, mesmo quando viu escapar-lhe das mãos o triunfo que construiu ao desperdiçar quatro match points na segunda partida — e também depois, ao sofrer o primeiro break do terceiro set, onde a adversária até dispôs de um ponto de encontro num tie-break que se revelou dramático.
“Estou bastante contente com o meu nível. Fiz um bom encontro. No primeiro set entrei bastante bem e no segundo ela subiu o nível, mas mantive-me taco a taco e tive as minhas oportunidades. Não desisti e continuei à procura da vitória”, desenvolveu à medida que o sorriso lhe tomou conta do rosto.
O triunfo sobre Cristian surgiu num momento importante, apenas três semanas depois de não ter aproveitado nenhum dos cinco match points frente a Arina Rodionova em Cantanhede. Um pensamento que, ainda assim, não esteve presente durante a batalha à medida que esta se arrastava pelo lusco-fusco, ao contrário da dimensão do torneio e, por consequente, os pontos em jogo.
“É normal tudo isso passar-me pela cabeça porque sou humana. O mais importante é voltar rapidamente para o que interessa, que é o ponto a seguir”. Depois, reforçou que “já demonstrei que consigo jogar a um bom nível frente a grandes jogadoras e se acreditar em mim consigo chegar ao nível delas.”
Apesar dos sorrisos, a margem para celebrar será curta — se é que existente: Matilde Jorge terá de regressar à ação já na tarde de quinta-feira, dia que inevitavelmente será sinónimo de jornada dupla pois também terá os quartos de final de pares ao lado da irmã. A situação não a assusta, nem mesmo a pequena lesão na coxa que justificou como cansaço: “Estou preparada para outra batalha amanhã, mesmo que seja novamente de três horas.“
