Depois da “vingança”, Francisca Jorge sem medo de Mladenovic: “Sei que sou capaz”

Beatriz Ruivo/FPT

FIGUEIRA DA FOZ — A número um nacional, Francisca Jorge, somou mais um feito na ainda jovem carreira ao triunfar pela primeira vez em torneios de 100.000 dólares, a categoria mais alta das prova do ITF World Tour. O registo veio às custas da vitória sobre a velha conhecida Georgina Garcia-Perez, espanhola que a tinha derrotado num dos encontros mais importantes da carreira. O prémio vem em dose dupla, já que esta quinta-feira vai entrar em court para medir forças contra Kristina Mladenovic, francesa que possui o currículo mais recheado do Figueira da Foz Ladies Open.

Em 2020, Francisca Jorge atingiu a então final mais importante da carreira no Porto Open — superada já em 2023 no Clube Escola de Ténis de Oeiras. A grande exibição não foi suficiente para bater Georgina Garcia-Perez e as lágrimas no final foram finalmente “vingadas” quase três anos depois. “Essa derrota custou muito”, admitiu em conferência de imprensa no Tennis Club da Figueira da Foz, sem nunca abandonar o sorriso de orelha a orelha condizente com o momento especial. E não era para menos: além da vingança consumada, os 13 pontos amealhados são tantos ou mais do que o avançar para rondas finais de torneios menores.

“Sou uma jogadora superior agora e estou mais confiante”. As memórias de outubro de 2020 não a acompanharam no duelo, nem mesmo quando a vitória esclarecedora do primeiro parcial se repetiu, ou quando a adversária foi assistida várias vezes ao ombro direito e o sucesso pareceu garantido, nem mesmo quando algumas pequenas chances se foram perdendo para arrebatar um marcador ainda mais volumoso. “Não pensei muito no resultado, foi jogo a jogo. Senti um pouco [o momento] no final, o que é normal. Mas disfarcei. Fui sólida do início ao fim, comandei o ritmo e acho que fiz um encontro bastante bom”.

A chave emocional e o muito querer alteraram o desfecho desta vez e os pontos chegam como recompensa merecida. O desejo é somar mais, mas a capa de underdog nas provas maiores parece servir-lhe de feição. “A pressão está sempre do lado da adversária, gosto de acreditar nisso. Espero transpor essa liberdade mental para o court. Consigo jogar melhor ténis quando estou mais livre. Este é um bom feito e espero acumular mais pontos com a próxima ronda”.

Menos pressão para esta quinta-feira, ou não fosse Kristina Mladenovic uma ex-top 10 WTA de singulares e antiga líder do ranking de pares (seis conquistas em torneios do Grand Slam, entre outros marcos de relevo). “Continua boa jogadora e sei que vai ser duro. Mas também sei que sou capaz de a enfrentar. Estou a jogar bem e tenho armas para a fazer frente. Sei que ela teve um encontro mais duro do que o meu, pode estar mais cansada, espero que sim [risos].

“O nome dela sempre me suou bastante. Sempre fui vendo, tanto em singulares como em pares. Foi uma jogadora que esteve no topo alguns anos. O estar com ela, o conviver, mostra que não estou assim tão longe e tenho isso em conta. Tenho de acreditar que estou ao nível dela e posso passar por cima. Mas é uma jogadora a olhar”, observou.

As boas vitórias anteriores, ou prestações interessantes, frente a jogadoras de gabarito semelhante como Katie Boulter ou Marie Bouzkova são o tónico necessário para a inspiração. “Tenho de ir à procura desse nível e impor-me em campo, mostrar que estou presente e que consigo defrontar estas jogadoras”.

E deixou o aviso aguerrido para o que aí vem, mesmo em jeito de despedida no rescaldo do triunfo. “Se estiver num dia sim consigo fazê-lo [defrontar jogadoras mais cotadas], se estiver num dia não vou lutar com o que tenho e com o que não tenho”.

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