Os pastéis de nata e as “memórias felizes”: Kimberly Birrell saiu de Portugal com mira para a elite e promessa de regresso

Rui Costa Freire

Chegou ao Cantanhede Ladies Open como principal favorita ao título e saiu com o objetivo do top 100 WTA e do quadro principal do Us Open ainda mais definido. Kimberly Birrell voltou a Portugal de boas memórias e foi um passo mais longe desta vez, despedindo-se com o mesmo sorriso de orelha a orelha e elevada simpatia com que ingressou, só que com a bagagem mais recheada devido ao penta de conquistas.

Vinda da fase de qualificação de Wimbledon, Kimberly Birrell optou por continuar em relva, mas no caso a sintética de Cantanhede. “Uma combinação de relva e terra batida”confortável para a tenista de 25 anos. “Adoro jogar em relva. Na Austrália jogamos muito em relva, há imensos campos e tenho boas recordações de relva sintética na minha juventude”, dizia no início da semana

Sacudindo a pressão de ser o alvo a abater, Birrell mostrou-se sempre perfeitamente consistente do próximo passo na carreira, isto depois de um início de temporada marcado pelo acesso à segunda ronda do Australian Open e por várias incursões no circuito principal, entre as quais a chegada aos quartos de final do WTA de Mérida, no México, os primeiros no nível maior.

Por isso, disputar torneios ITF não é visto como uma descida, até porque a experiência no maior patamar não é ainda de grande destaque e o “nível ITF é bastante bom”. Mas a australiana quer mais, não o esconde, mas não cria nenhuma obsessão. “O top 100 é um objetivo, mas tento apenas divertir-me. Não quero pensar muito nisso, apenas tento jogar o melhor que sei e tenho a noção que vou lá chegar. Não sei quando, se esta semana, na próxima, no final do ano…não interessa. Só quero desfrutar”.

A meta, bem como por inerência o quadro principal do Us Open, ficou mais perto depois do quinto título individual, segundo da presente temporada. Os triunfos difíceis frente a Holly HutchinsonAmelia RajeckiPetra HuleTamira Paszek (ex-top 30) e Arina Rodrionovana final colocaram Birrell, virtualmente, na posição 110 do ranking da próxima segunda-feira (que iguala a melhor cotação já atingida), sete lugares acima da chegada a Cantanhede.

Seguiu-se uma viagem para o Canadá (país do namorado e treinador Matt Fraser), logo após a coroação, para disputar um torneio de 60.000 dólares em Saskatoon – uma viagem que em termos competitivos não foi a melhor visto já ter entretanto cedido na ronda inaugural. No entanto, “a melhor coisa a fazer é começar a gíria de hard courts na América do Norte”, já com olhos no objetivo maior, uma opção difícil e que se deu em detrimento do Figueira da Foz Ladies Open, no qual foi finalista em 2022 e que diz ter adorado.

Aliás, as experiências em solo nacional têm sido memoráveis para Kimberly Birrell. Em 2022, além da final na Figueira, a australiana logrou atingir as meias-finais em Guimarães e quartos de final em Corroios, além da também presença em Montemor-O-Novo. “Gosto mesmo de jogar em Portugal. A época passada foi a minha primeira vez por cá. Passei umas cinco semanas e foram semanas decisivas para a minha carreira porque estava a regressar de lesão. Joguei com ranking protegido e foi a primeira vez que joguei assim tantos encontros seguidos depois das operações”, lembrou, aludindo às duas cirurgias ao cotovelo.

À passagem anterior, na qual galgou cerca de 100 lugares na hierarquia feminina, essencial para a meta que visa atualmente, Birrell colocou a cereja no topo do bolo com o primeiro triunfo em Portugal no passado domingo. “Estou muito feliz pela semana e por ter ganho hoje. Foi muito divertido ter permanecido em Cantanhede até ao final da semana e vou ter memórias muito felizes deste local. Adorei tudo, são todos muito simpáticos e o local é lindo, cheio de espaços verdes e comi imensos pastéis de nata. É sempre especial regressar a Portugal, em especial às cidades mais pequenas que normalmente não conheceria como turista. Espero conhecer melhor o país e regressar no futuro”

O futuro parece promissor para Kimberly Birrell. Quem sabe se não volta a cruzar caminhos com Portugal para voltar a ser feliz – em Cantanhede, a julgar pela detalhada lista de agradecimentos a todos os elementos da prova, a australiana deixou boas recordações a todos os presentes. 

Rui Costa Freire
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