Nervos e tropeção não estragam regresso com honras reais de Rybakina a Wimbledon

Campeã de Wimbledon numa das edições mais controversas da história do torneio britânico, que em 2022 baniu os tenistas russos e bielorrussos de participarem e assim viu a ATP e a WTA decidirem-se pela ausência de pontos para os respetivos rankings, a cazaque Elena Rybakina cumpriu a tradição e abriu a ação desta terça-feira no Centre Court. O encontro teve o mesmo desfecho que os sete que disputou na relva londrina um ano antes, mas foi marcado por um nervosismo atípico e, também, pela presença real.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon

Quatro minutos após a hora prevista, Rybakina foi aplaudida por cerca de 15.000 pessoas ao regressar ao palco onde 361 dias antes escreveu a página mais dourada da carreira. Seguida por Shelby Rogers, a adversária inaugural, tinha entre os que a aplaudiam Kate Middleton, a princesa britânica e patrona de Wimbledon que naquele sábado de julho de 2022 lhe entregou o troféu de campeã. Mas também Roger Federer, o recordista de títulos masculinos no All England Club que foi aplaudido de pé no dia que assinalou a estreia na Royal Box.

Talvez por iniciar a defesa do título, talvez por ter viradas para si as atenções de personalidades tão distintas, muito provavelmente pela aglomeração de circunstâncias importantes, foi de forma muito nervosa que a russa-naturalizada-cazaque abriu a ação.

Uma dupla falta e um break no jogo inaugural deixaram a olhos vistos o nervosismo que afetava Rybakina nos primeiros instantes e foi precisa meia-hora para que a número três mundial conseguisse atirar para trás das costas as emoções.

Com um set perdido e a margem de erro significativamente reduzida, a primeira campeã em título da história sem pontos a defender virou o jogo: apanhada pelo susto de cair na eliminatória inaugural, Rybakina elevou a percentagem de primeiros serviços (de 52% no primeiro set para 74% e 78% nos seguintes) e reduziu drasticamente os erros não forçados, receita tão básica quanto eficaz para deitar por terra as aspirações da norte-americana, número 49 mundial que tão rapidamente quanto construiu a liderança viu desfazer-se a hipótese de celebrar uma das melhores vitórias da carreira.

No final, ainda com o rosto a deixar bem clara a tensão que sentiu, Rybakina não escondeu ter sentido em demasia o nervosisimo afeto à ocasião e, acima de tudo, mostrou-se aliviada por ser capaz de superar o regresso a Wimbledon.

Afinal, para além da final que há um ano ganhou em Londres também já disputou, entretanto, a do Australian Open (que perdeu para Aryna Sabalenka) e os primeiros meses desta época tornaram-na, definitivamente, numa das melhores e mais temíveis jogadoras da atualidade — estatuto que de certa forma demorou a ganhar por não ter podido adicionar ao ranking os 2.000 pontos que o título de Wimbledon tradicionalmente significa.

Com a chuva a perturbar e adiar a maioria dos encontros desta terça-feira, o mais provável é que a próxima adversária de Elena Rybakina — ou Alizé Cornet ou Nao Hibino — só seja conhecida na quarta-feira, ficando sem o habitual dia de descanso entre rondas.

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