Djokovic cumpre o sonho de uma vida ao conquistar em Roland-Garros o 23.º título do Grand Slam

Começou por ser um sonho, evoluiu para uma ambição e tornou-se realidade: este domingo, Novak Djokovic derrotou Casper Ruud na final de Roland-Garros e cumpriu a missão que o move ao tornar-se, pela primeira vez na carreira, no homem mais titulado da história em torneios do Grand Slam: são 23 troféus de campeão, mais um do que Rafael Nadal e mais três do que Roger Federer.

Aos 36 anos, o sérvio assinou várias páginas de história de uma só vez, todas elas com o denominador comum a assentar na vitória por 7-6(1), 6-3 e 7-5 sobre o norueguês, o campeão em título do Millennium Estoril Open que há um ano já tinha jogado a final.

Disputada à melhor de cinco sets e resolvida em três, a final deste domingo teve como acontecimento chave a resolução do primeiro parcial: Ruud assinou o primeiro break, lutou durante 83 minutos e foi quase sempre o melhor jogador, mas chegado o tie-break Djokovic repetiu o que já tinha feito nos cinco tira-teimas anteriores e, sem qualquer erro não forçado, passou para a frente do marcador.

O início do duelo esteve longe de ser o ideal para o sérvio, que esteve a perder por 1-4 e demonstrou por diversas vezes estar a sentir o peso da ocasião — sobretudo fisicamente, com o corpo a pesar-lhe mais do que o habitual e a reduzir-lhe a potência, dificuldade enfatizada pela bola com muita rotação, mas menos velocidade que Ruud tantas vezes lhe enviou de ambos os lados.

Era, no entanto, claro que o tempo jogava a favor de Djokovic. Quanto mais tempo o jogador de Belgrado resistisse, quanto mais tempo tomasse a Ruud abrir uma ferida definitiva, mais a final decorreria a seu favor e foi o próprio tempo a comprová-lo: depois de ver o primeiro set escapar-lhe num tie-break em que deixou muito a desejar, o norueguês foi incapaz de manter o nível de agressividade, deixou de ter o mesmo peso na pancada de direita e, sobretudo, a mesma solidez na esquerda e aumentou o número de erros não forçados.

A conjugação foi mortal para Ruud e abriu a porta a que Djokovic construísse, de forma relativamente tranquila, o caminho para a vitória durante os sets seguintes. Superado o duro teste que se prolongou por cerca de uma hora e meia, o número três mundial tomou controlo da final ao equiparar a qualidade de jogo à motivação. E foi sem enfrentar obstáculos no golpe de saída (o último ponto de break que enfrentou foi ao 3-4 do primeiro set) que caminhou para a história.

Aos 36 anos, uma década e meia após ter colocado pela primeira vez as mãos no troféu de campeão de um torneio do Grand Slam, Novak Djokovic fez, finalmente, o que nenhum outro homem conseguiu na história do ténis: ergueu o tão desejado 23.º título a este nível.

Para além de se ter tornado no recordista do circuito masculino, o sérvio também igualou o recorde de Serena Williams na Era Open. E ficou a apenas uma conquista do recorde absoluto de Margaret Court, a australiana que entre a Era Amadora e a Era Open venceu 24 'Majors'.

Num dia histórico, a história de Djokovic não se ficou por aqui: aos 36 anos e 20 dias, ultrapassou Rafael Nadal (36 anos e 2 dias) e tornou-se no mais velho campeão de sempre Roland-Garros, passando a ser o primeiro homem da história a vencer cada torneio do Grand Slam em pelo menos três ocasiões — Nadal 'apenas' conquistou dois títulos em Melbourne e em Londres, Federer só celebrou por uma vez em Paris.

De regresso ao topo do ranking na segunda-feira graças a esta campanha, também a esse nível continuará a fazer algo inédito: a próxima semana será a 388.ª da carreira de Novak Djokovic como número um mundial, já muito distante das 310 semanas que Federer passou no topo e com o recorde de Steffi Graf igualado e superado no reinado anterior.

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