Não faltou emoção ao primeiro triunfo no quadro principal de Roland-Garros para Nuno Borges (76.º classificado no ranking ATP), que precisou de sofrer e até de salvar um match point para sair por cima de um braço de ferro de cinco partidas com John Isner que só terminou no tie-break do último set: depois de 3h57, os parciais de 6-4, 5-7, 7-6 (3), 4-6 e 7-6 (9) apuraram o melhor tenista português da atualidade para a segunda ronda do quadro principal de singulares.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Roland-Garros
Um ano depois de ter caído na primeira ronda do quadro principal depois de ‘furar’ o qualifying na primeira viagem até Paris, o maiato de 26 anos deu mais um passo inédito na carreira ao superar um dos jogadores em atividade com mais vitórias num duelo frenético, mas nem sempre bem jogado e acima de tudo muito emocionante.
Com as bancadas do pequeno e pitoresco Court 13 totalmente preenchidas e em grande parte por apoiantes luso-franceses, o número um nacional resistiu. Ao primeiro serviço do norte-americano (que apontou 38 ases), a uma baixa percentagem da sua própria primeira bola (apenas 58%) e a uma reta final imprópria para cardíacos em que não lhe faltaram oportunidades para celebrar uma vitória mais folgada: Borges liderou por 4-1, serviu para o encontro a 5-4, depois de ser quebrado dispôs de três match points consecutivos (0-40) no serviço de Isner e já no tie-break (até aos 10 pontos) liderou por 5-3 e 8-4, mas deixou escapar a vantagem e viu-se confrontado com um 9-9. Entre a espada e a parede, uma dupla-falta do adversário deu-lhe a oportunidade para agarrar o que lhe tinha fugido e ao fim de 3h57 pôde finalmente deitar-se na terra batida e levar as mãos à cara.
A vitória deste domingo fez de Nuno Borges o quinto português (quarto homem) a vencer no quadro principal de singulares de Roland-Garros, um feito até aqui apenas alcançado por Nuno Marques, Rui Machado e João Sousa no torneio masculino e Michelle Larcher de Brito no feminino.
Em busca de mais um lugar na história, o maiato de 26 anos terá de aguardar pelo desfecho do duelo de segunda-feira entre Bernabé Zapata Miralles e Diego Schwartzman para conhecer o próximo adversário. Se superar esse desafio, então será ele o primeiro homem português a chegar à terceira ronda de Roland-Garros, feito que até agora só Larcher de Brito alcançou (em 2009).