Alcaraz ganhou mais do quádruplo do que Swiatek e não foi uma exceção

Carlos Alcaraz e Iga Swiatek defenderam os títulos no ATP 500 de Barcelona e no WTA 500 de Estugarda, mas despediram-se de Espanha e Alemanha, respetivamente, com cheques bem diferentes: o espanhol recebeu mais do quádruplo do que a polaca, algo que não acontecerá na próxima semana com os campeões de Madrid, mas que voltará a ser assunto uma quinzena depois em Roma.

Ao vencer Stefanos Tsitsipas na final da prova catalã , Alcaraz levou para casa um cheque de 434.860 euros, muito superior (em mais de quatro vezes) ao de 104.478 euros que Swiatek recebeu após superar Aryna Sabalenka para revalidar o título na localidade alemã.

Apesar de pertencerem às categorias 500 (as segundas mais importantes) dos respetivos circuitos, os torneios oferecem prize-moneys incomparáveis: o de Barcelona (2,6 milhões de euros para o quadro principal de singulares) é quatro vezes superior ao de Estugarda (678.814 euros), que até é conhecido por ser o torneio WTA mais forte do ano — contou com nove das 10 primeiras do ranking e o cut-off do quadro é consistentemente dentro do top 30.

Os circuitos são independentes e, por isso, torneios como os de Barcelona e Estugarda não têm qualquer tipo de obrigação neste sentido a não ser cumprir as exigências das respetivas associações masculina e feminina. Assim, cada um assina os contrários publicitários que lhe convém — o leque de patrocinadores da prova catalã é bem superior ao de Estugarda, onde a Porsche é a principal interessada em manter o monopólio de um torneio que patrocina dos pés à cabeça — e determina a sua lista de pagamentos.

A disparidade entre Barcelona e Estugarda não é, portanto, totalmente surpreendente — mas permite recuperar uma luta que se prolonga há mais de meio século e que em 1970 fez com que um grupo de nove mulheres, entre as quais Billie Jean King (mas também Peaches Bartkowicz, Rosie Casals, Julie Heldman, Kristy Pigeon, Nancy Richey, Valerie Ziegenfuss, Judy Tegart Dalton e Kerry Melville Reid) se manifestassem contra a desigualdade de pagamentos e oportunidades entre homens e mulheres no ténis profissional.

As Original 9 fizeram história e o movimento resultou na criação da WTA (Women’s Tennis Association) em 1973, mas o ténis ainda não é um desporto igualitário.

Os quatro torneios do Grand Slam (Australian Open, Roland-Garros, Wimbledon e US Open) e outros três torneios (Indian Wells, Miami e Madrid) já recompensam homens e mulheres com os mesmos valores, pelo que quando o Mutua Madrid Open — um ATP Masters 1000 e WTA 1000 — coroar os novos campeões dentro de uma semana e meia, a 7 de maio, os cheques visíveis nas duas cerimónias serão semelhantes.

Mas semana após semana continuam a verificar-se disparidades como a de Barcelona e Estugarda, inclusive em torneios combinados… ou até em cidades que em semanas diferentes acolhem torneios de categorias diferentes: em Doha, no Qatar, o campeão do ATP 250 anual recebeu 190.553 euros, enquanto a campeã do WTA 500 anual levou para casa 62.321 euros.

De volta à temporada de terra batida, depois de Madrid os circuitos seguirão até Roma para mais uma quinzena de ATP Masters 1000/WTA 1000 em simultâneo. Só que no Foro Itálico, à semelhança do que aconteceu em 2022, homens e mulheres estarão a lutar por prémios e até pontos diferentes: com o mesmo número de jogadores(as) e rondas, o prize-money total para o torneio masculino será de 7,70 milhões de euros, enquanto o do torneio feminino será de 3,57 milhões de euros.

As tabelas detalhadas ainda não foram divulgadas, mas os valores deverão ser idênticos àqueles que em 2022 já deram que falar:

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