No rescaldo de uma semana esplêndida e ainda a saborear a conquista mais proeminente da carreira, Nuno Borges (68.º) fez o balanço de uma jornada que dificilmente lhe escapará da memória. Em declarações ao Raquetc, o número um nacional confessou que a ideia de sair de Phoenix com o troféu de campeão nas mãos nunca lhe passou pelo pensamento.
Ecoando a anterior melhor campanha vivida há três semanas no México, o maiato contou que a admiração foi a mesma, ainda que desta feita o poderoso elenco ainda lhe colocasse como mais remota um cenário de glória: “Quando era cabeça de série no 125 [de Monterrey] não me imaginava a ganhar o torneio, muito menos este. Quase que tive de jogar o qualifying, entrei à última hora num quadro principal recheado de jogadores do top 100 e não eram jogadores quaisquer. Os wild cards foram inacreditavelmente bons.”
Admitiu ainda que a intenção de se unir a João Sousa na variante de pares nasceu como um plano B, na eventualidade de uma prestação menos conseguida. Mas o destino impossibilitou esse propósito e o resto foi história: “Tentei jogar pares com o João para o caso de não correr tão bem poder jogar um ou outro jogo, mas acabámos por não entrar e depois o torneio correu-me muito bem. Comecei logo com um grande jogo e mesmo antes do dia da jornada dupla não achava que poderia ganhar o torneio. Sempre que entrei em campo fui para ganhar, pensando jogo a jogo, e lá aconteceu.”
Ainda que entenda que tem potencial para melhorar o expoente dentro de court, Borges salientou que foi disposição física que fez a diferença esta semana: “Não me senti espetacularmente bem a nível tenístico, mas a nível físico senti-me muito disponível. O facto de ter jogado muitas semanas tem-me dado mais endurance e estou mais habituado ao nível. As coisas correram bem nesse aspeto, senti que recuperei muito bem e também tive o André ao meu lado que me ajudou muito a recuperar.”
“Tive mais energia na final do que o meu adversário e senti-me melhor fisicamente. Sem dúvida que esse foi o fator chave para ganhar o jogo. Mesmo na meia-final senti essa vantagem, porque [Jan Lennard] Struff começou a fazer muitos serviços retos para tentar encurtar os pontos e acho que ele não faz isso com a frequência que fez contra mim”, admitiu o jogador português de 26 anos.
A sensação de conquistar uma das provas mais prestigiadas do circuito secundário já é extraordinária, mas Borges garantiu que sair invicto de um quadro pautado por algumas das grande estrelas do circuito – Matteo Berrettini, Gael Monfils e Diego Schwartzman foram os convidados a juntar-se a outros cinco jogadores do top 50 – ainda o estimula mais. “Dá-me muita confiança jogar contra aqueles jogadores todos, o quadro estava cheio de grandes jogadores e pensar que fui eu que acabei lá no topo é uma sensação incrível.”
Com estreia já consumada no lote dos 70 melhores posicionados (subiu esta segunda-feira ao 68.º posto da hierarquia), Nuno Borges tem os horizontes ainda mais abertos. E porque o tempo de celebração é quase nulo – inicia já esta noite a campanha de estreia no qualifying do Masters 1000 de Miami frente a Steve Johnson (152.º) -, o jogador luso assegurou que vai usufruir ao máximo deste rumo ao estrelato: “Acho que me abre muitas possibilidades, permite-me participar em praticamente todos os torneios ATP, mas vou aproveitar para jogar os torneios grandes e continuar a viver estas experiências. Tem corrido muito bem e é aqui que eu quero estar, onde quero competir e tentar desfrutar ao máximo. Já tenho jogo hoje, não vou ter o tempo que gostaria para desfrutar desta vitória.”
“Já tinha dito que assinava por baixo para acabar o ano a 80.º, e agora estou ainda mais em cima. Estou mesmo muito contente e surpreendido pela positiva, é para continuar a dar o meu melhor”, concluiu o número um nacional.