Cinco encontros, cinco vitórias, o maior título da carreira e uma subida de 18 lugares no ranking até à melhor classificação de sempre: a semana em Monterrey não podia ter corrido melhor a Nuno Borges, que fez história na noite de domingo e concluiu a primeira de duas campanhas no México com razões para celebrar… mas pouquíssimo tempo para o fazer.
“Ainda estou a tentar acreditar. Estou mesmo muito contente, os números e a minha reação dizem tudo. É o maior título da minha carreira e acontece numa altura em que não estava à espera. Fui mesmo jogo a jogo e acabou por acontecer. Tive dúvidas até à final, mas acreditei sempre e agora não podia estar mais contente”, contou o maiato de 26 anos, emocionado, ao Raquetc depois de derrotar o Borna Gojo por 6-4 e 7-6(6).
Tal como nas rondas anteriores, Borges não deixou escapar qualquer set, mas este domingo precisou de agarrar-se com unhas e dentes ao duelo para impedir o adversário croata de ganhar terreno — inclusive salvou dois set points consecutivos poucos minutos antes de acabar a celebrar: “O serviço aqui conta muito porque as condições são rápidas e com a altitude [cerca de 540 metros] há pouca margem para fazer muito na resposta. Os meus últimos adversários servem muito bem, principalmente o de hoje, e já sabia que ia estar à procura daqueles dois ou três pontos decisivos. Hoje aconteceu de uma maneira estranha [Gojo cometeu uma dupla falta no segundo set point], mas não me importa (risos). Ganhei, ganhei. Arranjei maneira de solucionar e aquele final também foi fruto de eu ter estado sempre à procura, com muito esforço e muita luta.”
Como aspetos fundamentais de uma campanha irrepreensível em Monterrey, a que chegou para disputar o primeiro Challenger do ano e de onde sai com o título mais importante da carreira, o número um nacional destacou a atitude nos momentos decisivos ao longo de toda a semana: “Tomei as decisões certas, fui agressivo, decisivo e consegui executar da melhor maneira.”
O resultado foi nada mais, nada menos do que um final festivo: afinal, para além de erguer o título mais importante até à data Nuno Borges também estabeleceu o melhor ranking da carreira. De 103.º para 85.º, o jovem da Maia regressou ao top 100 e inclusive superou o melhor registo de Nuno Marques — que em 1991 foi o primeiro tenista português a chegar ao top 100 e em 1995 foi 86.º classificado mundial — para passar a ser o quinto homem português com melhor ranking de singulares.
“Sinceramente não olhei para esses números nem para essas possibilidades porque como já disse cada semana pode mudar o rumo do calendário e a carreira de um jogador, por isso mantenho sempre a mente aberta. Mas passar o ranking do Nuno Marques é também mais uma vez lembrarmo-nos do que ele fez na altura e que foi sempre uma referência para todos os portugueses que desde aí conseguiram quebrar essa barreira [top 100]. Ele foi o primeiro a desbloqueá-la e este é mais um momento de lhe agradecer a forma como elevou a bandeira de Portugal”, comentou.
E agora… fazer reset e começar de novo: porque não há tempo a perder, Nuno Borges terá menos de 48 horas para preparar a estreia em quadros principais de torneios ATP 500, que acontecerá já na terça-feira em Acapulco, também no México, contra o surpreendente qualifier norte-americano Nick Chappell (432.º).
“Vou de mente aberta. Ouvi dizer muito bem e Acapulco deve ser um sítio espetacular, por isso estou entusiasmado. Hoje [noite de domingo] vou aproveitar para descansar e amanhã [segunda-feira] vou tentar preparar da melhor maneira o encontro para estar nas melhores condições. Estou entusiasmado porque sei que é um grande torneio”, concluiu.
